sábado, 28 de junho de 2008

Parabéns Sofia!

A Sofia é diferente
A Sofia não corre nem salta
fica sossegada, às vezes chora

Sorri muitas vezes mas não sabemos se nos conhece
Gosto de pegar nela mas nem sempre ela gosta que lhe pegue...

A Sofia hoje faz 2 anos, 2 anos de luta pela vida, 2 anos uma luta que quase todos nós, por muitos anos que façamos provavelmente nunca saberemos como é lutar assim.

A Sofia apanhou uma meningite aos 6 meses e desde aí mudou a vida de todos nós, melhorou a vida de todos nós e ensina-nos tanto! E... tem "só" 2 anos!!!

Hoje portanto é dia de festa! Já estamos de saida para a casa dos amigos papás da Sofia. Parabéns!!!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Para descontrair...


A doença encarnada

“Primeiro estranha-se, depois entranha-se…” passe a ilustre publicidade a uma cerveja qualquer, a verdade é que sucede comigo esta coisa estranha: uma palavra, uma frase, uma imagem… e lembro-me logo do Benfica! Por exemplo, fala-se em Vale e Azevedo, esse estranho réu, acossado pela justiça depois de deixar a presidência do Benfica… e lembro-me naturalmente do Benfica!
Fala-se em árbitros e ‘apitos’ e eu imagino a inocência do Benfica! Fala-se em certidões e certificados, vejo o congresso do PSD, oiço a Manuela Ferreira Leite, que é do Sporting, e lembro-me outra vez do Benfica! Mas há palavras e associações menos óbvias que imediatamente me fazem lembrar o Benfica: semi-reboques, o pó dos pneus, lavandaria Alcides, rolhas Madaíl, até o Platini e a sua juventude, me fizeram por estes dias pensar no Benfica! Enfim, um horror.
Esta doença, incurável em Portugal, só me dá descanso quando entram em acção os outros doentes encarnados, sábia e profusamente distribuídos pela nossa comunicação social. Seja pela maior gravidade da doença, seja o meu egoísmo entranhado, parece que as maleitas dos outros acabam por aliviar as minhas penas!
Saudações azuis.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O mundo, o gasóleo e os miudos


Dizia Carl Rogers que "Aos mais novos devem ensinar-se as verdades mais antigas" e dizia Chesterton que "os adultos realizados de hoje fazem aquilo que querem pois quando eram crianças não foram livres de fazer o que lhes apetecia".
Ora aqui está pano para mangas de pensamento (será que isto se diz?) então mas e a tecnologia? O aumento do gasóleo e todas as suas consequências? Os computadores? As "Psp", os mp3 e...?
Estamos nos tempos modernos, porém, talvez todos os tempos se tenham denominado modernos na altura que eram tempo...
E se não era o ruca era a barbie, se não era o action man era o tom sawyer (sim, nós gostávamos, mas vamos analisar: o melhor amigo dele vivia numa árvore, era um sem-abrigo, estavam sempre a faltar à escola... será que "antigamente" é que os desenhos animados eram educativos?).
Muitas coisas mudam, quase tudo, e na educação dos miudos os estímulos estão em constante mutação. Surgem coisas novas todos os dias, tintas para o banho, computadores falantes, livros mirabolantes...
Mas por muito que aumente o gasóleo há valores que vieram para ficar. Valores que sempre foram importantes na educação do ser humano e que continuarão o seu trabalho se nós pais formos capazes de os passar para que os nossos filhos sejam verdadeiros homens e mulheres, realizados e que "fazem aquilo que querem" na idade adulta.
Se uma criança mente e se a mentira não é corrigida como devemos nós esperar que em adolescente não nos dê a volta? Se com 1 ano não é incentivada a arrumar o quarto, como poderemos imaginar que vá ser uma pessoa ordenada? Se faz o que quer, como vai adquirir a virtude da obediência???

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O brilho da política

“Falhei, falhámos… há-que dizê-lo” e estas palavras ecoaram na sala de congressos com a grandeza das coisas simples! Angelo Correia ressuscitava a política e eu que olhava distraídamente para o televisor fixei-me no discurso de despedida do velho tribuno social democrata: “Saio de palco… mas não saio da política… continuo no PSD… ‘não viro casacas’… e se nos próximos combates precisarem de mim… chamem-me que eu vou… é disso que eu gosto”!
O congresso emocionado, eu também… a política sem emoção não é política.

Manias

Ter a mania que se manda e comanda é, arrisco-me a dizer quase inato no ser humano, e inevitavelmente "sai furado" muitas vezes...
Pensamos que vai ser ASSIM e depois não é nada ASSIM como pensámos, é aliás tudo ao contrário.
Depois vem a flexibilidade, a capacidade e adaptação ou não à situação, que normalmente nos obriga e bem, a sairmos da nossa comodidade, do nosso cantinho, do nosso aconchego e perceber que o mundo não gira de facto à nossa volta.
Com os filhos isto é notório, arrisco-me novamente (e já me estou a arriscar muito num texto só...) a dizer que é notório desde o primeiro momento, desde aqueles momentos em que pensamos que são totalmente dependentes de nós e que nós é que mandamos de facto neles.
E atenção, porque de facto parece-me que quem deve de facto mandar são os pais!
Mas... e quando não podemos mandar nada???

sábado, 21 de junho de 2008

Capacidade de brincar

Brincar é bom, e seria melhor ainda se soubessemos de facto "brincar" mais com a vida.
A Maria anda com a mania de se esconder, esconde-se por trás da nossa cama, mas não se esconde verdadeiramente... uma vez que se baixa, mas deixa a cabeça de fora para ver que a procuramos:) Pergunta o papá, (vendo-a perfeitamente!) "Onde está a maria? Não a vejo..." Ela risse, ri a bom rir e depois aparece, como se estivesse de facto desaparecida. A mãe entra no jogo, faz a mesma jiga joga e ela ri satisfeita. O mano ri-se também, mas olha para nós como se fossemos tontos... Deve pensar "mas eles não a estão a ver??? que pais taralhocos..."
Brincamos ao esconde esconde com os filhos, mas temos pouca capacidade de procurar quem está à vista de facto, pelo facto de ser adulto. Que mania que com os adultos não se brinca, quem disse?
Brincar é bom brincar:) É tão bom brincar!!!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

"Por um dia fui irlandês!"

”A Europa do pensamento único não se pode queixar. Tem o que merece. A Irlanda-modelo, sempre referenciada como uma via de desenvolvimento a imitar, virou Irlanda-pesadelo. Neste referendo, os irlandeses disseram "não" à batota. Sim, porque é de sofisticada batota que se trata, depois de tantos e variados expedientes ao longo dos tempos. Aquando do "não" dinamarquês a Maastricht e do "não" da Irlanda a Nice, foi institucionalizada a prática do referendo pós-referendo, de maneira a dar uma nova e generosa oportunidade ao povo de se penitenciar perante o directório europeu. Tudo isto porque os eleitores do "não" (ao contrário dos do "sim"...) nunca estão suficientemente esclarecidos e por isso é necessário "educá-los" com mais referendos. Com a Constituição Europeia chumbada na Holanda e em França, a táctica mudou. Já não eram a pequena Dinamarca ou a Irlanda a bater o pé, mas a grande e soberba França. Por isso, em vez de um novo e punitivo referendo de resultado imprevisível, a solução foi um "novo" tratado, com a garantia de não se voltar a cometer a imprudência de dar voz aos eleitores. Por azar esqueceram-se não dos gauleses, mas dos irlandeses que, coitados, teriam que votar por obrigação constitucional. De início, a "Europa Única" estava descansada perante tão confortável margem das sondagens. Até se dizia, tranquilamente, que não havia plano B para um improvável "não" (em bom rigor, um plano C, pois que o B já se havia esgotado na esperteza de um tratado travestido). Finalmente, os irlandeses, que nunca foram militantemente eurocépticos como os ingleses e já haviam votado seis vezes antes sobre a Europa (cinco vezes "sim" e uma vez "não") tiveram a ousadia de rejeitar o tratado, numa consulta popular que ultrapassou em afluência todos os anteriores actos (cerca de 53%). Não deixa de ser espantosa a reacção dos grandes países e da Comissão. Dizer-se que o tratado não está moribundo é, em primeiro lugar, desrespeitá-lo, pois o que lá está escrito é que ou é assinado por todos ou não avança. Dizer-se que menos de dois milhões de eleitores não podem condicionar a vontade dos europeus é uma falácia, pois os outros povos não foram ouvidos e seria até provável que em alguns países se viesse a chumbar o tratado. Sentenciar-se que nestas consultas se vota mais a pensar na política nacional que na Europa é o argumento habitual para interpretar um "não", que todavia jamais vi referido para interpretar um "sim". Aliás, neste caso irlandês a quase totalidade das forças políticas no governo ou oposição estavam do lado do "sim" e nem se pode falar de um voto de protesto quanto à política interna. Inqualificável foi também a reacção de alguns líderes europeus (a começar pelo hegemónico eixo franco-alemão) ao repreender a Irlanda (recordam-se de algum puxão de orelhas aos franceses por ocasião do seu "não"?). A verdade é esta: o Tratado de Lisboa não exprime, ética e politicamente, um contrato envolvente, transparente e responsabilizador com os cidadãos. O tratado é uma charada quase indecifrável de remissões, excepções, alterações e repristinações que lhe retira um carácter desejavelmente comum e amigável. É um rendilhado técnico que introduziu 356 emendas aos 413 artigos do Tratado da UE e do Tratado sobre o funcionamento da UE, contém 13 Protocolos anexos com valor idêntico ao próprio tratado, mais 65 Declarações de Estados-membros relativas às disposições dos tratados! Uhf! Gostava de saber quantos deputados em Portugal terão lido tão vasta documentação aquando da ratificação parlamentar... Por tudo isto, a Europa do pensamento único não se pode queixar. Tem o que merece. Um voto "sim" numa consulta desta natureza implica uma explicação cristalina, transparente, acessível do que vai mudar. Na ausência de tudo isto, o "não" aparece como legítimo e natural. Com a agravante, na Irlanda, de ser perceptível que o Tratado de Lisboa favorece os Estados mais populosos e retira influência aos países mais pequenos. Um pouco de sensatez e humildade ficaria agora bem à ortodoxia europeia, de maneira a enxergar que afinal o problema europeu não é irlandês. É europeu! E, ironia das ironias, a Irlanda porta-estandarte do projecto de progresso, paz e democracia na Europa é agora quase convidada a uma separação. Tudo por causa do... povo se pronunciar livremente sobre um projecto de tratado que, no preâmbulo, refere a necessidade de "uma União cada vez mais estreita com os povos da Europa em que as decisões sejam tomadas ao nível mais próximo possível dos cidadãos" e no seu artigo nono que "a cidadania da União acresce à cidadania nacional, não a substituindo". Por medo, cobardia, apoplexia tecnocrática, diletantismo ou atestado de inferioridade conferido aos povos, o "gravy train" europeu não gosta definitivamente de dar voz aos cidadãos! Em Portugal, o Governo também mandou às malvas a sua promessa de "referendo popular, amplamente informado e participado"... Por tudo isto, e independentemente da minha posição de princípio pró-europeia, por um dia fui irlandês!”

António Bagão Félix
(Ex-ministro das Finanças)

Fonte: Jornal ‘Público’ em 19/06/08

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Irlanda não é porreira!

Tudo leva a crer que o ´não’ vença hoje na Irlanda deixando os tratantes de Lisboa à beira de um ataque de nervos.
Mal vista pelos ‘porreiros/pá’ nesta sua insistência (e obrigação constitucional) em referendar o Tratado, a Irlanda não quer ser empestada pelos abortos, eutanásias e casamentos homossexuais, o que para os burocratas de Bruxelas, para esquerda unida e afins, é considerado um pecado mortal. E já vão avisando que o processo de ratificação ‘para lamentar’ irá prosseguir normalmente nos restantes estados da união, porque para os ‘porreiros’ a democracia tem que ser bem utilizada, ou seja, o povo só deve votar se ganharmos alguma coisa com isso.
Nesta base, a Irlanda está orgulhosamente só!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mourinho

A Mourinho falta-lhe tudo: a grandeza, a força de espírito, o cheiro das maçãs depois da chuva. Mourinho não quis responder em Português: a língua da terra escura, do fel e da azia. Negou tudo: os socalcos, as caravelas e o livro do homem cego que escreveu a epopeia. Quando se está fora e se negam as raízes, o vento desfere golpes mortais. Mourinho não tem génio. No desporto as vitórias não equivalem a linhas de poemas depois do sol cair. Ganhar é tudo mas a luta dos homens é mais bela. Aqui não existem histórias de provocação, de tácticas, de empresas de imagem , de marketing. Mourinho tem tudo isso, o resto e a inteligência. Ganhar pode ser a mais bela forma de demência. Mourinho na conferência de imprensa falou em italiano, em inglês, e quando um jornalista lhe faz a pergunta em português, escondeu os dedos e escondeu-os em tubos de mercúrio. A língua constrói a pessoa, é o segredo, a dádiva. Quando se diz o nome, nomeá-lo, - a água, a folha, o lírio - é dizer o que sei de mim na relação com as coisas. Negá-lo é um roubo, um abjecto. Um tempo que ama este homem é um tempo oco, à deriva, sem fundo.