quinta-feira, 31 de maio de 2007

Sociedade sem Bússolas (2)

Abro hoje o jornal e dou de caras com a seguinte citação, proferida pela Senhora Coordenadora do PS na Comissão de Saúde, justificando a decissão de recuar nas propostas da Lei do Tabaco: "Não vale a pena fazer uma lei que depois não vai ser cumprida."
E assim se fazem as leis - descaradamente se assume que não há convicções; descaradamente se assume que as normas sociais não emanam da procura do bem comum; descaradamente se assume uma perca de autoridade do poder legislativo.
Já há muito que sabiamos de todo este desnorte. Mas, por favor, tenham ao menos o pudor de não o assumir descaradamente!

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Sociedade sem Bússolas

Embora há muito se fale no assunto e faça parte do actual Plano Nacional de Luta (?) contra a Droga, parece que é agora que a troca de seringas nas prisões vai mesmo para a frente.
Por mim, não tenho dúvida no seguinte: esta não pode ser a forma de lidar com o problema da droga nas prisões, se se tem como primeiro olhar a Pessoa; isto é, se se acredita que existe sempre uma possibilidade de mudança e que há que trabalhar neste sentido. E o sentido não é este, que agora nos é dado.
Caracterizando exemplarmente esta política demissionista, permissiva e fatalista, transcrevo o que Fernando Madrinha escreveu há um tempo:
"A grande doutrina política dos nossos tempos consiste no seguinte: abdicar, se necessário, de princípios, de convicções e de regras tão elementares como as de respeitar e fazer perceber que há uma fronteira entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, só para evitar problemas. Quando pensamos que tomar drogas é uma decisão errada, que tem de ser combatida e não facilitada, mas nos vem dizer que, afinal, elas podem ser fumadas, snifadas ou injectadas com o apoio do Estado, é natural que sejamos tomados pela duvida e pelo cepticismo. É mesmo muito natural que um pai e uma mãe se interroguem, como Claude Imbert o fazia num dos últimos editoriais de “Le Point”: “Como ensinar os pontos cardeais numa sociedade sem bússolas?”.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Um menino

Esse menino diferente
não se sabe o porquê
foge ao controle da gente
e muito dificilmente
alguém vê o que ele vê

Corre por todo o lado
mas quase nunca obedece
vive até apelidado, de menino "estereotipado"
não fala não comunica
parece até que nem brinca
este menino diferente

Mostra-nos que nada mandamos
não o podemos controlar
faz-nos sentir tão pequenos
que cada progresso que vemos
é capaz de assustar...

Meu querido menino diferente
deixas entrar no teu mundo?
Fazer os sons que tu fazes?
Ter no teu tempo um segundo?

Porque corres sem sentido?
Porque não há explicação?
Queria eu ter lugar no teu doce coração...

Dá-me tempo meu menino
para entender o que fazes
para te amar na diferença
coisa grande de audazes!

domingo, 27 de maio de 2007

A Palavra

Evangelho segundo São João 20, 19-23

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

Da Bíblia Sagrada

sábado, 26 de maio de 2007

Nesse tempo

Foi nesse tempo.Na segunda classe,ou terça, antes ou depois. Lembro-me desse tempo, do sol, da luz, e da imagem. Era o tempo das cerejas, quando se saltava o muro depois de jantar, da lota da Nazaré, dos carapaus e das sardinhas, quando os meus tios se reuniam em casa da avó, ao domingo á noite, e a tia Aurora começava a cantar e, ás escondidas, a avó me chamava ao quarto e me dava uma moeda para "os rebuçados dos cromos" como me dizia. Lembro-me. Do carvalho, de estar lá sentado,em frente de casa, no fundo do caminho. Do meu pai ter chegado, de ficar ali sentado com o Santo Amaro. Era o presidente do clube, fazia-nos rir, adormentava-se em todo o lado, era muito gordo, e usava umas ceroulas imensas que lha caíam das calças quando dormia,mas ninguém ousava dizer-lhe. Chegou a minha mãe com uns copos pintados de azul e amarelo verticais que ainda existem, com limonada. Subimos e o meu pai ligou a televisão. Eram dois botões enormes, pretos, no canto inferior direito do ecrãn, que ninguém ousava tocar, só com autorização.O meu pai disse que agora era o hino. Fez-se silêncio e eu percebi.Lembro-me. Foi a primeira vez que soube o que era o hino.Havia a taça suspensa no ar e o meu pai disse que ele era o presidente.Era calvo e sorria muito. Não me recordo se houve golos ou quem ganhou. Mas era o começo do Verão, das férias, e do meu pai. A Taça é muito mais que um jogo.É a terra, o cheiro antigo, o sal e as noites de lua cheia. Lembro-me disso. Muitas vezes me lembro.Do começo.Nesse tempo.

P:S. - Muito dos meus companheiros do blogue amanhã vão passar um mau bocado. Coragem, é nas derrotas que o espírito se constrói...

Vinde Espírito Santo


SEQUÊNCIA DO PENTECOSTES


Vinde, ó Santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.

Descanso na luta
e paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.

Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

Para sempre

Há dias, cá por casa, festejámos o nosso matrimónio.
Que repouso quando nos é dado a conhecer a quem pertencemos e quem nos pertence,e livremente fazemos essa escolha de sermos uma só carne. Até que a morte nos separe.
E que privilégio sabermos que nesta aliança testemunhamos uma outra Aliança: “do Criador com a criatura da Misericórdia com o pecador”. Que Graça,esta comunhão ser imagem e semelhança da Comunhão Maior!
Num tempo em que o relativo e o efémero é cada vez mais absoluto, é bom ter esta certeza: o ‘sim’ que nos dissemos (e dizemos), é para sempre. Que Bem!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Quando será a nossa vez?!

Em conversa com amigos, comentávamos há dias a nossa infância. Foi "o tempo dos grandes”. Éramos os pequenos com o estatuto que isso implicava. Quantas vezes esperávamos em vão que aquele pedaço de bife ou doce chegasse “vivo” à nossa vez de nos servir. Eu sei que éramos muitos. Que aguardávamos com deferência e secreta ansiedade um pedacito do chocolate que um tio trouxera da Bélgica! O nosso lugar na hierarquia dos privilégios era claro. Os crescidos estavam deveras em primeiro em todos os protocolos. “Se bem me lembro”… na TV só havia 15 minutos de desenhos animados por dia. E vivó velho!
Hoje, cá em casa, não é nada assim com os nossos principezinhos. Com a minha maturidade chegou o "tempo dos pequenos"… que são muito exigentes, diga-se. Têm sempre lugar de honra na sala e no carro até se sentam em tronos! Que nunca lhes falte o melhor pedaço! Ou o iogurte, que vamos comprar à última da hora ao fim da tarde depois de um dia de trabalho. E a última banana do cesto da fruta não será para mim de certeza - nem que seja pelo exemplo que tenho a dar…
Foi então que nos pusemos a pensar: quando será o nosso tempo... de gozar a nossa vez?!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Amizade


Que difícil é vencermos o egoismo de querer fazer tudo aquilo que nos apetece, de querer "tempo só para mim".

Que difícil é vencer a tentação de só nos darmos bem com as pessoas que têm os mesmos gostos que nós!

Cuidar da Amizade exige espirito de sacrificio, exige tempo, exige dedicação, exige que nos lembremos da pessoa como única... é tão importante estarmos atentos às outras pessoas! É tão gratificante estar "dedicado" a ser amigo!

Na sociedade que hoje nos rodeia, com os telemóveis, a internet, os comandos, as consolas e afins... há que ter muito bom senso. Não podemos acreditar que consolidamos amizades de forma virtual ou a trocar muitas "sms". É preciso haver confiança para crescer na amizade! E para haver confiança é preciso haver verdadeiro conhecimento do outro, saber falar e saber ouvir, saber estar, saber "só ficar" junto ao outro e aprender a amá-lo nas suas limitações e nas suas qualidades.

É preciso investir na amizade, é urgente cultivar a amizade! É preciso estar, é necessário conversar, olhar, olhos nos olhos.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Causas Possíveis

Porque hoje é o seu dia, não resisti a trazer a público esta “amizade” muito especial que tenho com Santa Rita (de Cássia).
Os santos são esta realidade inegável de que é possivel cumprir o apelo que a nossa Fé nos faz. São uma ajuda preciosa no trilhar deste nosso caminho, tão cheio de ziguezagues. E são a prova de que a Alegria é sempre o motor e a meta desta missão.
Esta santa, conhecida como Padroeira das Causas Impossíveis, teve no seu tempo uma espectacular "normalidade" de vida quotidiana, primeiro e antes de tudo como esposa e mãe, depois como viúva e por último como freira. O seu tempo poderia ser o de hoje. Os desafios que enfrentou não devem ser muito diferentes dos desafios das mães e mulheres de hoje.
Talvez por isso esteja tão insistentemente presente no meu caminho… ajudando a tansformar os impossíveis em possíveis.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

História de algibeira (6)


Na madrugada de 4 de Outubro a revolução republicana sofria diversos contratempos, o estado-maior do PRP dava o golpe por falhado e discutia-se a rendição. Cândido dos Reis, o empenhado comandante-chefe da revolução - o almirante que dá o nome à conhecida avenida lisboeta - suicidava-se em desespero de causa. Pelas 6 horas da manhã era encontrado morto algures em Arroios.

Um sonho azul e branco

Hoje de manhã acordei com o despertador berrando que o país despertara azul e branco depois de uma longa noite de festa. Assim de repente era uma utopia minha que se cumpria, pensei eu. Veleidade que um esfregar de olhos para a crua realidade imediatamente desfez.
Parabéns aos tripeiros, honra seja feita aos vencedores. Fiquem lá então com o campeonato, que aqui a leonina juventude, prá semana vai ao Jamor arrecadar "o caneco", carago!

Azia

Era hoje que eu precisava dos alkaseltzers, era hoje que eles deviam existir na mercearia mais próxima, mas não existem, esta azia vai ter que passar com o tempo, a frio, quem sabe escrevendo umas linhas a dizer mal de qualquer coisa! Uma especialidade da casa, segundo consta.
O que há-de ser?!
Sócrates não adianta, já tentei, não passa. O Costa não me alivia, antes pelo contrário. Lagartos e leões, nem pensar…fico pior. Sempre posso dizer mal de mim! Boa ideia. E de imediato surge a pergunta fatal: - Mas por que carga de água é que eu havia de ser do Belenenses?! É certo que nasci na Junqueira, ao pé das Salésias, mas já podia ter esquecido esse facto. O meu pai era do Belenenses, mas ele próprio dizia, que se tivesse que escolher outra vez, seria do …Real Madrid! Eu devia ter equacionado essa hipótese, poupando-me a muitos Domingos de desgosto. O melhor será repartir responsabilidades com os antepassados: de onde virá esta tendência para o erro?!
Amanhã, mais sereno, já recomposto, talvez comece a sonhar com uma vitória no Jamor!
Saudações azuis.

domingo, 20 de maio de 2007

A Palavra

Evangelho segundo São Lucas 24, 46-53

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.

Da Bíblia sagrada

UMA OUTRA ÓPTICA CIVILIZACIONAL (2)

Segundo dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a propósito do Dia Internacional da Família e que hoje são notícia de 1ª página no “Público”, os portugueses, além de terem cada vez menos filhos, entre a maioria daqueles que os têm, não faz parte das suas prioridades poder ter mais tempo para lhes dedicar.
É o próprio artigo que o refere – “…os portugueses estão mais individualistas, mais autocentrados e esta é uma tendência que já não é nova, mas que se tem vindo a consolidar…”
Continua aquele jornal “Surpreendentes, contudo, são estas percentagens extraídas do Inquérito ao Emprego de 2005, agora divulgadas: 83,7 por cento da população empregada, com pelo menos um filho ou dependente a quem prestem cuidados, diz que não deseja alterar a sua vida profissional para poder dedicar mais tempo a cuidar deles”.
Nós cá por casa somos quatro - os pais são ambos empregados e as crianças são pequenas – e não imagino como seria a nossa vida e das nossas crianças se não fossemos imensamente privilegiados com grandes ajudas de avós e de amigos, face ao pouquíssimo tempo que dispomos, às muitas horas que estamos fora de casa e a tudo o que temos para fazer.
Mas uma coisa é certa – Não fazemos parte desta grande maioria que não deseja poder dispor de mais tempo para dedicar e dar aos outros, achando muitíssimo estranho, face ao que vamos vendo por onde andamos, que pessoas empregadas e com outros de quem cuidar possam dizer que não desejavam poder dedicar mais tempo a esta tarefa.
Os pais não terem tempo poder-se-á dizer que não espanta, mas agora que não queiram ter mais tempo … é de todo incompreensível.
Que mundo é este ? Que sociedade é esta que estamos a construir ? Qual a ordem das nossas prioridades ?
Face à grande confusão, só nos resta “permanecer na cidade até que sejamos revestidos com a força do alto” – Evangelho de S. Lucas neste Domingo da Ascensão.

sábado, 19 de maio de 2007

Maria não vás com as outras! (2)

O Marquês de Pombal, desde os tempos mais idos, tem-nos habituado a desconcertantes surpresas, e continua a insistir.
A de hoje vem de duas Marias, que na curva da rotunda, se beijam e nos dizem “somos iguais a ti”.
Desculpem… são iguais a quem? Deve haver aqui algum mal entendido... mas iguais a mim NÃO SÃO de certeza!
Que as Marias vão com as outras, é uma pena, mas sempre aconteceu. Agora, tentarem convencer-nos que é normal, que é tudo igual, tenham lá calminha.
Mas o descaramento é tal, que um dirigente de uma dessas associações de Marias afirma convictamente que “é preciso perder a vergonha”! Eu diria exactamente o contrário…
E ao líder da JS, que pôs lá as Marias e acha que "não é compreensível que os casais do mesmo sexo que já cumprem os deveres exigidos aos casais de sexo diferente não possam usufruir dos direitos correspondentes", é preciso explicar-lhe que não senhor, que os meninos e as meninas não vêm de França trazidos por cegonhas.

Maria não vás com as outras!

Luís Represas afirma na revista do semanário O Sol, de dia 12 deste mês, que o filme“Música no Coração” lhe causou um profundo trauma. Diz ainda que o trauma não é só seu, mas de “ uma geração inteira de mancebos, garbosos rapazes de lusa estirpe…” . Por último, explica, que deve o atraso da sua iniciação sexual, ao efeito desviante que este filme teve nas nossas ‘Marias’. E nisto se resume o trauma.

Ora, como somos da mesma geração, e não nos incluímos nos despojos do desastre que narra, vamos tentar ver se conseguimos percebê-lo melhor. E por uma questão de clareza, contrapomos às ‘Marias’ de que fala, os ‘Maneis’, dos quais passará a fazer parte o nosso cantor, juntamente com todos os que com ele padecem do mesmo mal
(sempre é mais simpático que mancebos ou garbosos, que nos lembra gulosos, ou até mesmo lusa estirpe, que associamos à bela raça do cavalo lusitano).

Estes Maneis e estas Marias, se bem conseguimos entender, ao desejarem-se não querem o outro, mas procuram-se a si próprios, numa perseguição que os leva de Maria em Maria, e de Manel em Manel, quais narcisos, buscando perdidamente e não profundamente no outro, esse obscuro objecto do seu desejo ( como diria Buñuel ) que,como não acolhe nem é acolhido, esvazia e não completa.

Ora, às nossas Marias, queremos dizer que não vão com as outras. Às Marias que educamos fazemos eco das palavras do Papa BentoXVI , proferidas na sua recente viagem ao Brasil:
« O Mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências
Simples, que rejeitem ser consideradas criaturas objectos de prazer. É preciso dizer não à comunicação social que ridiculariza a santidade do matrimónio e a virgindade antes do casamento
».

sexta-feira, 18 de maio de 2007

UMA OUTRA ÓPTICA CIVILIZACIONAL

«A teoria da evolução das espécies, selecção por adaptação, revela, na sua contrapartida, um enunciado radical. Se cada espécie se adapta às circunstâncias do meio, cada espécie representa uma leitura das virtualidades desse meio. Cada espécie é uma leitura. A viabilidade de cada espécie é sobrevivência específica porque representa, de facto, uma descrição específica do real. Tantas quantas as espécies. Cada uma delas é, se bem entendo, uma história consistente do meio terrestre. Há, desta Terra, infinitas descrições possíveis... desde que escritas. Mais, dentro de cada espécie, há várias leituras. Tantas quantos os desvios evolutivos.», Maria Gabriela Llansol, Parasceve, Relógio d’Água, 2001, p 37.

Nem a propósito – hoje mesmo, no dia em que a escritora deste texto venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2006, pela obra "Amigo e Amiga”, ouvi uma notícia na TSF que revela que quase 60% dos casais portugueses não tem filhos actualmente e 24% apenas conta com uma criança, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais há 25 anos que as gerações não se substituem em Portugal.
Segundo os dados do INE, enquanto em 1960 havia 2,5 milhões de crianças, em 2005 existia apenas 1,2 milhão.
Maria José Carrilho, especialista do INE em demografia, referia que desde o início dos anos 80 que a substituição de gerações é inferior a 2,1 crianças por mulher e que Portugal tem um índice de fecundidade 1,4 crianças por mulher e está abaixo do nível da União Europeia.
Se o tema aqui apresentado é um problema, então deve existir uma solução: Importa remontar, por isso, às causas explicativas a montante e encontrar adiante as soluções.
As mais reconhecidas formas de entropia da questão sabemo-las: crescente individualismo – observável na aposta na carreira, no sucesso e no êxito; consumismo – que se traduz na procura de elevados padrões em termos de qualidade de vida; preservação de uma imagem estética corporal incompatível com a “deformação” provocada pela gravidez (não são assim tão escassas as ocorrências); obliteração da generosidade da doação na abertura à vida a troco de uma ideal obtenção das condições necessárias à recepção de uma nova existência humana.
O fenómeno em causa não é somente local. Aflige a generalidade dos países desenvolvidos.
A solução do problema não é de difícil escrutínio.
Aqueles que desejamos imitar em modernidade já reconheceram o equívoco dessa mesma modernidade e apressam-se agora a regressar a políticas clássicas próximas dos “conservadores e retrógrados” (lembro aqui o caso germânico do apoio monetário à natalidade).
Por cá, ao contrário, apostam-se em orientações político-ideológicas libertárias da “servil” condição da mulher, na esteira da melhor tradição moderna e liberal.
É notável o recuo da nossa taxa de natalidade. Mas isso percebe-se.
As causas deste problema, são, por seu lado, efeitos de uma causa maior – a indiferença, senão mesmo a recusa de Deus. Não se duvide. Sempre que o homem “mata” Deus e o exclui do seu viver, sem que o perceba, aniquila-se, deixa de confiar.
Este movimento é incompatível com a Vida.
A cultura moderna contemporânea, esta civilização do bem estar é ilusória. É obtida à custa do esgotamento dos recursos naturais e da correlativa hipoteca das condições de vida das gerações futuras, associada à recusa da “intromissão” de novos seres, sempre imensamente inconvenientes e retardadores da prossecução dos mais estimáveis objectivos tão laboriosamente arquitectados.
O drama desta cultura é que encontrou um falso instrumento auxiliar de uma correcta “descrição específica do real”. Aprendeu a “ler” o mundo com ópticas de escala próximas de geografias restritas e totalmente quantificáveis. Urge mudar de instrumentação!

Uma grande alegria

As coisas mesmo importantes não se adiam por muito tempo. Nem as tomamos como facultativas. Cumprem-se primeiro, questionam-se depois. Não perguntei a nenhuma das nossas crianças se queriam ou não ser portugueses. E se queriam ou não o nosso amor de pais. Ou que língua queriam falar. Por amor tomámos isso tudo antecipadamente por acertado.
Por hora lá em casa, vivemos em grande expectativa, a azafama é grande com os últimos preparativos e detalhes a cuidar. As roupas estão engomadas, os livrinhos já estão impressos, já chegaram as flores e até o coro está ensaiado - a primalhada vai dar conta do recado. Os miúdos mais velhos são os padrinhos e estão devidamente industriados. É que amanhã o nosso miúdo pequeno vai a baptizar na Capela de S. Marcos. Para ser mais um dos “de Cristo”. Para ser um dos nossos e aprender a esperança.
O tempo é já de festa. Graças a Deus.

Lisboa numa manhã de Maio

Hoje pela manhã, com a família, descemos em passeio a pé a Avenida da Liberdade rumo à Igreja de S. Domingos. Um privilégio de quem trabalha nestas paragens, que considero das mais bonitas de Lisboa. Os meus avós moraram aqui, quase em frente, no 232, no prédio onde mais tarde se instalaram o “Se7e”, o “O Jornal”, e de onde hoje espreitam as memórias mais felizes da minha infância.
A manhã estava radiante e, passeio a baixo, os verdejantes plátanos - que este ano andam histéricos - choviam desesperados os seu pólenes ao vento. Guiado pela paisagem, aproveitando a “galeria” de estátuas, edifícios e monumentos que percorremos, tento explicar aos miúdos a corrente de História e de vidas ancestrais que vêm dar a nós. Que somos parte dum todo.Entramos pela Rua de Sta. Marta, com as suas modestas casas e mansardas de “gelosias” corridas. Com os seus “lugares”, mercearias e preguiçosos sapateiros; talhos e tabernas, rua que dava vida e serventia aos opulentos prédios da rasgada Avenida liberal e burguesa.
No Largo da Anunciada, ao lado da Igreja de S. José, um prédio finalmente recuperado sempre vai dar em mais um hotel… bom para a concorrência?! Pelo menos está restaurado ao fim de vários anos de intermináveis obras. Continuamos a descer e, recuando na História, chegamos aos Restauradores. Ironia dos tempos, a rapaziada entusiasma-se com a “parada” das vacas coloridas que, espampanantes, atraem as objectivas das câmaras dos turistas felizes. Estes, em conjunto com os africanos e demais imigrantes, são nos dias que passam os "indígenas" destas paragens... Que ambiente! E que bonita cidade afinal partilhamos.
Do Rossio explico aos miúdos algumas épocas que vislumbramos. O D. Maria do Garrett, o altivo Convento do Carmo… e não podemos ir mais longe, que se faz tarde para o nosso objectivo primeiro!
Chegados à Igreja de S. Domingos, o órgão toca música barroca. Esta Igreja, com origem num mosteiro dominicano fundado no reinado de D. Sancho II, impressiona-me pela sua carga histórica. Percorremos o corredor central e… percorremos centenas de anos de História, de celebrações, tragédias e contradições. Dos homens. Da nossa Igreja e da nossa cidade. De um povo caminhante, quantas vezes errante.
Parece-me que todos captamos a mensagem que aquelas paredes de pedra queimada nos contam.
Do meu lugar, cá em baixo, "lembrei-O" da minha família e amigos. Sem esquecer o meu País. Que sempre haja caminho… E que a História nunca acabe, afinal.

Publicado há um ano atrás no Corta-fitas

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Ascensão

‘Para onde Eu vou, não podem vocês seguir-me”
E o coração do homem, ficou só, estruturalmente só.
Esperem por mim, não Me esqueçam.
Mas as luzes da cidade são tão brilhantes, e anestesiam a dor, fica dormente a solidão.
Diz-me onde apascentas os Teus rebanhos, para que não me perca, para que não Te perca!
Esperem-Me, lá onde estão, esperem-Me lá onde têm de ir, esperem-Me com os que têm, e com os que nunca chegaram.
Esperem-Me com os que não gostam, e com os que vos foram tirados.
Homem: não és transparente, nem monumental, nem simples, antes indigente. É assim que te quero: sossegado e tranquilo. Mas assutas-te pequeno homem por te veres assim, pequeno filho.
Tiveste medo. Embarcaste numa história que tinha por nome a mentira. Foste traído, e traíste. Magoaste, magoaste-te. Vendeste-te por tão pouco. Deste-te por nada.
Sempre o medo! E em cada gesto torto, e sebento: a súplica. Ontológica, a mesma que estava no início: Onde estás? Vem depressa!
Eu disse que estarei sempre!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Maio, mês de Maria parte 2


Esta imagem, vale mais que 1000 palavras... não vos parece?

Lisboa já está a arder

Oh Costa, vai lá dar uma mãozinha. Não posso, eu comprometi-me com os incêndios. Por isso mesmo, por isso mesmo…
Neste país de Costas, cada português é um bombeiro e Costa é o bombeiro que o país precisa. Na peugada de outros bombeiros que sacrificaram tudo para apagar fogos por essa Europa fora, por esse mundo além, Costa sacrifica-se e sacrifica o Governo para se lançar sobre as chamas alterosas que ameaçam devorar Lisboa!
É bonito!
Grande inimigo dos incêndios, grande esperança da floresta mártir, vê-se forçado a esquecer promessas eleitorais, mas está na hora de centralizar o combate aos incêndios e nada melhor do que ligar mangueiras e agulhetas à capital!
A cidade há-de resistir.

terça-feira, 15 de maio de 2007

NO LAGO NIASSA

A Elisabeth e o Ricardo foram os primeiros casal de leigos da Consolata a trabalhar em Moçambique. Casaram em Setembro de 2000 e em Dezembro partiram para o norte, no Niassa, na fronteira com o Malawi, terra pobre, abandonada pelo poder central. Ali, estiveram seis anos e nasceram três crianças. Trabalharam numa escola secundária,inseriram-se na missão, na pastoral com os missionários, no orfanato para crianças abandonadas, no lar para os meninos que vinham de muito longe e não tinham onde dormir. Não estiveram sentados numa secretária de Maputo "a pensar" no futuro do país como fazem muitas ONG´S. Construiram a sua vida com os outros, no meio deles, no miolo da miséria. Há dois meses tornaram ao país "dos supermercados e dos centros comerciais" e vão começar a vida de novo.Nos primeiros seis meses vivem com um salário mínimo pago pelos Leigos e por cada filho recebem meio salário. Durante o tempo da missão os leigos descontaram para a segurança social o seguro social voluntário equivalente a 16 por cento do salário mínimo.Agora deu-se conta que não têm direito a nada apenas asseguraram tempo de descontos para a reforma. Do abono de família recebem 31 euros por cada filho. O Ricardo não tem direito ao subsídio de desemprego porque foi ele quem se despediu.Que políticas efectivas para o apoio ao Voluntariado? Hoje o coração ao desenvolvimento, aos mais pobres, passa por pequenos projectos e por testemunhos vivos. Como criar condições afirmativas que respondam a isso? Quem olha para o voluntariado como uma actividade menor, de gente idealista e pouco profissional não entende nada do que está contido no acto de Servir.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Este Fim de Semana

Fátima
Lá estive no dia 12, participando nas tradicionais celebrações. Um Santuário transbordante de gente e de fé, uma multidão que comunga do mesmo desejo de oração durante aquelas horas da noite. Sem pompas nem gritarias, marca pela serenidade dos que ali estão e pela e profundidade da sua oração. É bom estar ali como parte dum povo, peregrino da estrada ou da vida, numa simples resposta ao chamamento de Nossa Senhora para que nos encontremos com Deus.

Brazil
Últimos dias da visita apostólica de Bento XVI, calorosamente recebido por todos aqueles que se sabem filhos da Igreja. "Recorre hoje o nonagésimo aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Com o seu veemente apelo à conversão e à penitência é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. Vamos pedir à Mãe da Igreja, Ela que conhece os sofrimentos e as esperanças da humanidade, que proteja os nossos lares e as nossas comunidades. Saúdo especialmente as mães que hoje comemoram o seu Dia. Deus as abençoe com os seus queridos". (Oração do Regina Cæli. Santuário de Aparecida, 13 de Maio).

Polónia
Relizou-se o IV Congresso das Famílias em Varsóvia, Polónia. Este país tem estado sub o fogo cerrado dos sexocratas europeus, que o acusam de homofobia por ter proibido a propaganda homossexual nas escolas e por contrariar as políticas para a família que a UE nos impõe. Peçamos a Deus que ilumine e dê força a este povo de eternos resistentes.


Aproveito ainda para recomendar a leitura do artigo de opinião de J. César das Neves, Acima de Tudo Não Estragar, do Diário de Notícias de hoje, 2ª feira.

domingo, 13 de maio de 2007

13 de Maio

Beatos Francisco e Jacinta Marto a quem Nossa Senhora apareceu em Fátima há 90 anos atrás. Com eles estava também a sua prima Lúcia, que também com eles já está no Céu certamente!
Obrigada Senhora mais brilhante que o Sol por teres escolhido este lugar pequenino, esta gente simples, boa, que é para nós exemplo de Santidade "aqui tão perto".

A Palavra

Evangelho segundo São João - 14, 23-29

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».

Da Bíblia sagrada

sexta-feira, 11 de maio de 2007

pappatacci

Em Rossini tudo é imponente. A música é a matéria, expressão irrepetível.Veja-se o final do primeiro acto da "L´italiana in algeri". Mustafá, o muçulmano, rapta uma rapariga italiana, Isabel, quer casar com ela, mas junto com Taddeo que passa por seu tio, ela consegue sair desta embrulhada. O que Isabel canta é o jogo que faz com Mustafá, os alibis que cria , a maneira como o engana a partir de um conjunto de pressupostos culturais. Mustafá é o rei, o poderoso, mas Isabel coroa-o como "pappatacci"( come e cala-te).É Isabel quem controla a situação, Mustafá equivocou-se, a relação é uma sucessão de desencontros.Rossini surge no momento em que a ópera "bufa" (cómica) domina o panorama operático. Este dá-lhe dignidade, confere-lhe respeito, valor artístico.Na sua aparente frivolidade, no divertimento inocúo surge o drama, a dor.Por detrás do riso e da superficialidade esconde-se a solidão,o limite, a procura. Em Rossini o canto é a matéria da alma.
Não duvidem, a ópera é a mais bela das artes de palco.

P.S. - Não vi ninguém de direita tomar posição sobre o abandono de Pinamonti do teatro S.Carlos. Para além das efabulações dos bloquistas e dos habituais frustrados intelectuais do PS mais ninguém toma posição? Estas coisas não interessam para a direita? Garanto-vos que eles vão á ópera...
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"L´italiana in algeri" - Ópera de Rossini, Teatro S.Carlos

Fotografias



Porque me comovi com as fotografias da Exposição Mater 2007, realizada pela Associação Ajuda de Mãe para divulgar o seu trabalho e "enaltecer a coragem que muitas mulheres demonstram ao escolher se Mães, ultrapassando dificuldades várias", aqui fica esta amostra (Palmira Afonso, 19 anos, com o seu bébé Luena de 3 meses).
Obrigado e parabéns a todas as Ajudas de Mãe, Palmiras e Luenas pelo seu testemunho.

Incentivos à natalidade

A nossa filha Maria estava "prevista" para dia 20 de dezembro, data em que completava as 40 semanas de gestação. Acontece que a Maria, vá-se lá saber porquê, decidiu vir ao mundo mais cedo, dia 29 de Novembro, data em que completava 37 semanas.
Quando me dirigi à segurança social para receber a baixa fui informada que assim sendo, não teria direito a nada, porque a bebé nasceu antes do tempo, logo eu em Novembro não teria o tempo de descontos necessário para usufruir do subsidio de maternidade... Portanto, se a Maria do Carmo tivesse nascido dia 1 de Dezembro por exemplo ou depois disso receberiamos a baixa na sua totalidade, como foi dia 29 não tivemos direito a nada.
Até aqui tudo bem, tudo bem quer dizer, tudo mal, mas adiante, tudo bem porque o tempo vai passando e nós vamos esquecendo estes "contratempos" do nosso portugal...
Esta semana fomos forçados a recordar estas coisas... é que descobrimos que não só não tive direito a receber subsidio de maternidade, como ainda tenho que pagar esses 4 meses em que estive em casa sem trabalhar (e portanto sem receber NADA) à segurança social.
Depois de várias cartas e mais cartas agora vou escrever mais uma, desta vez a pedir o "favor" de não me cobrarem o tempo que estive em casa com a minha filha, sem receber baixa nem ordenado... Vamos lá ver se me perdoam esta minha dívida ao estado!
É o país que temos, o estado subsidia abortos sem requisitos, sem ser necessário descontar 6 meses para a segurança social:) Quanto aos bebés que nascem e são o futuro do nosso Portugal, o estado só os ajuda se os seus pais fizerem bem as contas, se planearem bem as datas, e se os bebés não lhes pregarem a partida de nascer umas semanas antes do previsto...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Um golpe para o centenário

As instruções são claras: - O centenário tem que ser devidamente celebrado. A varanda sublime deve ser ocupada por um dos irmãos legítimos, imbuído das características essenciais: em primeiro lugar deve ser laico, em segundo lugar republicano e em terceiro lugar socialista.
O actual edil pode não corresponder inteiramente aos três graus enunciados, deve por isso ser substituído. O pretexto não interessa, desde que seja eficaz.
Vale a pena recordar que o partido republicano fez da Câmara de Lisboa a sua escada de serviço para chegar ao poder, portanto, esse lugar é nosso e de vital importância para as nossas aspirações. Não podemos correr o risco de ensombrar as comemorações com a presença de estranhos na varanda municipal.
Como sabem, e já foi noticiado, queremos abrilhantar o próximo centenário com a legalização de algumas realidades sociais incontornáveis, fruto dos valores que semeámos naquele longínquo cinco de Outubro, como por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, equiparando a família homossexual às restantes famílias portuguesas. Também não está posta de parte, depois do êxito da liberalização do aborto, uma nova liberalização, desta vez para permitir o consumo de drogas consideradas inofensivas e que já fazem parte do quotidiano dos nossos jovens.
Num primeiro balanço, o preço do centenário é tremendo, em apenas um século reduzimos a escombros oito séculos de história edificados sob o signo pernicioso e arcaico do trono e do altar. Esta conquista só foi possível mantendo a Igreja Católica num guetto e mantendo a questão do regime aprisionada na Constituição… mais avançada da Europa. Não vamos agora desistir ou deitar tudo a perder. É hora de cerrar fileiras sabendo de antemão que nunca seremos devidamente compreendidos pelas camadas mais retrógradas da população.
Por tudo isto, é fundamental que o Governo e a Câmara estejam em absoluta sintonia.
A bem da república, cumpra-se como nele se contém.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

TEXTO DO DIA




“Magnificat anima mea Dominum!”



Como seria o olhar alegre de Jesus! O mesmo que brilharia nos olhos de sua Mãe, que não pôde conter a alegria: – "Magnificat anima mea Dominum!", a sua alma glorifica o Senhor, desde que O traz dentro de si e a seu lado. Ó Mãe!: que a nossa alegria seja como a tua – a de estar com Ele e de O possuir!(Sulco, 95)


A nossa fé não é uma carga, nem uma limitação. Que pobre ideia da verdade cristã manifestaria quem assim pensasse! Ao decidirmo-nos por Deus não perdemos nada; ganhamos tudo. Quem, à custa da sua alma, conserva a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de Mim, voltará a achá-la .


Tirámos a carta que ganha, conseguimos o primeiro prémio. Quando alguma coisa nos impedir de ver isto com clareza, examinemos o interior da nossa alma. Talvez haja pouca fé, pouca intimidade pessoal com Deus, pouca vida de oração. Temos de pedir a Nosso Senhor – através de sua Mãe e nossa Mãe – que aumente em nós o seu amor, que nos conceda saborear a doçura da sua presença; porque só quando se ama se chega à mais plena liberdade: a de jamais querer abandonar, por toda a eternidade, o objecto dos nossos amores. (Amigos de Deus, 38)


(Textos de S. Josemaria)

História de algibeira (5)

No dia de Natal de 1903 Raul Brandão publica no jornal “O Dia” uma comovedora reportagem sobre uma visita da Rainha D. Amélia às pobres crianças tuberculosas internadas no Dispensário de Alcântara. O evento terá marcado por certo a miudagem delirante. A ceia compôs-se de “Canja, Peru corado, fruta e bolos”. Raul Brandão, às tantas descreve o diálogo entre a Rainha e um residente de 5 anos durante a distribuição dos presentes:
“- Que queres tu? – pergunta Sua Majestade”
“- Um cavalo – replica imediatamente o bambino indócil”
“- Isso é difícil, mas vamos lá procurá-lo”
Lá se descobre um "por entre um turbilhão de mil fantasias de folha colorida”. Por fim Sua Majestade entrega-o ao “pequenote. E ele vai, sobraçando o brinde, rindo, numa correria de gamo perseguido”.

Fonte e citações: Raul Brandão – Paisagens com Figuras. Inéditos 1887-1930
Organização Vasco Rosa - Âmbar 2006

Bem, bom, bens

O Bem Comum é muitas vezes invocado, pelos nossos governantes e legisladores, para justificar e fundamentar leis e institucionalizar comportamentos.
Mas será esta, na verdade e em verdade, a sua primeira e principal preocupação? Será mesmo o Bem Comum que procuram, ou os bens de alguns? Será o Bem ou o Bom? É que o Bem nem sempre é bom, e o bom nem sempre Bem.

Mas atenção que estas perguntas, também se podem, e devem pôr, a cada um de nós!
Que procuramos? Para nós e para os outros? O bem bom, ou o bom Bem?

Maio, mês de Maria

No ginásio onde vamos, (a S Ideias e eu) está um placard com a informação mensal "importante" para TODAS (sim, o nosso ginásio é só para senhoras!). Este mês pode ler-se :
- "Maio, mês do coração, saiba que não praticar exercício físico equivale a fumar um maço de cigarros por dia... (etc)"
Maio, mês do coração? Sempre ouvi dizer que Maio era o mês de Maria, e de repente aquela afirmação fez-me uma confusão mental tal, que percebi que não consigo conceber a expressão Maio, mês de ... (qualquer coisa que não MARIA), não consigo, pronto, sou uma limitada!
Não que me esteja nas tintas para o coração, vejamos, até reconheço que é um orgão importante, mas Maio é e sempre será o mês de Maria, o mês de Nossa Senhora, o mês da Imaculada, o mês da Cheia de Graça, o mês da Mãe por excelência, o mês de Maria!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Bem me parecia que a culpa é toda deles…!

Passo a citar o que li há dias numa daquelas revistas cheias de coisas cientificamente esclarecedoras:
“Os filhos podem ser um verdadeiro perigo para a saúde.
É o que demonstra um estudo feito por investigadores das Universidades de Iowa e Michigan que sustenta que os adultos que vivem com crianças consomem mais gorduras saturadas que aqueles que não têm filhos. A falta de tempo pode influênciar a adopção de tais hábitos alimentares, a somar à ideia de que as crianças só gostam de alimentos pouco saudáveis.”
Pobres Pais! À conta dos tiranos dos filhos são obrigados a comer pizzas, pipocas, gelados e também, como é óbvio, ovos com bacon, linguiça assada, morcela, coratos, queijo da serra, a boa da feijoada e da dobrada – tudo aquilo que as crianças mais adoram.
Pobres Pais! Fica agora claro porque andam cansados, doentes, sem tempo sequer para descascar uma maçã, lavar uma alface ou beber um copo de leite!
Pobres Pais! Para salvaguardar os seus direitos, proponho que os resultados deste estudo sejam obrigatoriamente apresentados em todas as 1ªs consultas da gravidez.
Para que ninguém vá ao engano matar-se à conta destes “verdadeiros perigos para a saúde”.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Só ficar

Hoje gostava de ficar
Só ficar junto a Ti, ficar só por ficar e as pedras do chão contar...

Não pensar em mais nada, nem me invadir de preocupações
afinal que são essas questões, ao pé de Ti, nada são...

O tempo, eterno inimigo, não permite a calma desejada
e eu fico assim prostrada, ao fim de um dia cansado, cansada de tudo e do nada.

Silêncio, quero silêncio, quantas pedras estão no chão?

Silêncio, quero silêncio, para sentir a Tua mão.

Marcha de Lisboa

Este ano as Marchas vieram mais cedo. Desta vez, porém, a musica foi outra. Ouviu-se Bob Marley, Peter Tosh & comp. Mas não só em Lisboa. Também no Porto, e em mais 200 cidades por esse mundo fora, se marchou, este sábado, 5 de Maio, a favor da legalização do cannabis.
Seguem-se 5 sugestões ao socrático governo da república, sempre na linha da frente do progresso e das causas fracturantes:
1º Porque não distribuir gratuitamente haxe aos desempregados e demais infelizes? É que a malta que fuma chamon mantêm-se sempre a rir!
2º Porque não investir em plantações de cânhamo, no interior do país desertificado . É o que se faz em Marrocos, aqui tão perto. Assim os que não se podem rir face ao futuro manteriam a boa disposição face à ‘reinação’;
3º Proibir, quem quer que seja, de aventar a hipótese de o psicopata de VirginiaTech ter-se passado fumando marijuana;
4º Esconder que os miúdos da Casa Pia iam para as suas transes debaixo do efeito de cola e/ou charros;
5º Passar por alto sobre a associação indesmentível entre a violência das claques juvenis do futebol e os charros;

Mas para além destas sugestões uma ultima pergunta: e os neonazis, podem ou não marchar a favor da liberalização do cannabis? Parece que eles preferem o álcool ao chamon. Em todo o caso nunca se sabe, e sobretudo nada se proíba (excepto a existência desse grupo de delinquentes de periferia que põe mais em causa o equilíbrio das novas gerações do que o chamon legalizado…).
Note-se, ainda assim, que a marcha que percorreu Lisboa teve a lealdade de não passar pela ‘av. da Liberdade’. É que, se assim fosse, estaríamos face a um espéctaculo de rara hipocrisia: ver os ‘agarrados’ na avenida que celebra o que eles não são- pessoas livres! Com efeito, não esquecer que liberdade é mais do que poder escolher andar/marchar com uma ‘g’da moca’….
Perdoe-se-me uma última sugestão: que tal metê-los todos nos Restauradores, que é onde começa (ou recomeça, consoante a perspectiva!) a av. da Liberdade e mandá-los fazer um percurso terapêutico-educativo?

Viva a roleta-russa!!!

(A propósito da Marcha em favor da Legalização da Cannabis- Lisboa, 5 de Maio 2007)

“Um estudo divulgado esta semana no Instituto de Psiquiatria do King’s Colegge de Londres estabelece uma conexão com estados paranóicos ao constatar que a THC reduz a actividade na parte do cérebro responsável pelos comportamentos apropriados. Aquela substância fora já apontada como um elemento precipitador de esquizofrenia”. Todavia, a Universidade de Colónia publicou um estudo de sinal inverso: “há outra substância na cannabis (CBD) que ajuda a travar sintomas psicóticos. (…) Há quem já tenha comparado o consumo de cannabis a uma ‘roleta-russa’. Há quem saia ileso, quem alivie o sofrimento e a dor e outros para quem é ‘um desastre total”! (Cf o Público de 6-5-07)

Pe Pedro

Democracias...

A avaliar pelas tristes reacções aos dois resultados eleitorais de ontem, Portugal e França, parece que ainda não é desta que a esquerda percebeu que "o povo é quem mais ordena"...

domingo, 6 de maio de 2007

A Palavra

Evangelho segundo S. João 13,31-33.34-35.

Quando Judas saiu do cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homeme Deus glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

Da Bíblia Sagrada

sábado, 5 de maio de 2007

Não te esqueças da tua história!

«…os sistemas comunistas naufragaram, antes de mais, pelo seu dogmatismo económico. Mas menospreza-se com demasiada boa vontade o facto de eles terem naufragado, mais profundamente, por causa do seu desprezo pelos direitos humanos,
pela submissão da moral às exigências do sistema e às suas promessas de futuro.A verdadeira e autêntica catástrofe que eles deixaram atrás de si não é de natureza económica; consiste no esgotamento das almas, na destruição da consciência moral(…)
O marxismo introduziu uma ruptura radical: o mundo actual é um produto da evolução
sem qualquer racionalidade; o homem só deve fazer emergir o mundo racional do material bruto irracional da realidade (…) A racionalidade está na linha da funcionalidade, da eficácia e do aumento da qualidade de vida (…) nesta lógica, o ser
humano já não deve ser gerado irracionalmente, mas produzido racionalmente. O homem dispõe do homem como produto, os exemplares imperfeitos devem ser eliminados, para se tender para o homem perfeito, na via da planificação e da produção. O sofrimento deve desaparecer e só existir a vida agradável (…) afirma-se cada vez mais o princípio de comportamento, segundo o qual é lícito ao homem fazer tudo o que é de capaz fazer. A possibilidade como tal torna-se um critério de per si suficiente (…) Só agiremos de modo verdadeiramente ético e não por calculismo,
se virmos no homem um absoluto, que está acima de todos os bens (…) O ser humano não pode tornar-se um produto. Não pode ser produzido, só pode ser gerado. »

do livro “Europa os seus fundamentos hoje e amanhã “ do Cardeal Joseph Ratzinger (editora Paulus).

O repouso e o trabalho

Para expressar o seu descontentamento com a actual lei, que obriga ao encerramento das grandes superfícies nas tardes de domingos e feriados, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) lançou ontem – três dias depois da comemoração do Dia do Trabalhador - uma campanha de sensibilização pública subordinada ao mote “Exija a liberalização das compras aos Domingos e feriados. Liberte- -se”.
Invoca a APED doze argumentos em defesa da abertura do comércio ao Domingo, entre eles, que tal abertura constitui uma imposição do ritmo de vida nas mais diversas aglomerações urbanas e que o número de mulheres que trabalha fora de casa requer a referida abertura.
Ainda que outros argumentos mais fortes não existissem, estes dois seriam já bastantes para justificar não a abertura pretendida, mas precisamente o seu contrário – o encerramento das grandes superfícies aos Domingos.
Face ao ritmo de vida das sociedades modernas e sendo as mulheres e mães de família cada vez mais obrigadas a responder a toda uma série de solicitações, nomeadamente em termos profissionais, urge como nunca que seja reconhecido pela sociedade civil que o Dia do Senhor possa ser também para todos o dia de repouso do trabalho, o dia que permite a compreensão do sentido da existência humana (e também do trabalho).
Se perdermos este sentido, de que nos valerá trabalhar? O trabalho tornar-se-á escravidão, idolatria, o principal sentido da vida e aí para que servirá?
Com a tão pretendida abertura, a era do vazio de Lipovetsky ameaça instalar-se e parece obter o acordo plácido da maioria - segundo um outro argumento da APED, de acordo com um recente estudo da Universidade Católica, mais de 66% dos inquiridos manifestou-se favorável à abertura das lojas ao Domingo à tarde e recusou qualquer impedimento à abertura do comércio nesse dia.
Os portugueses aparecem agora como adoradores de um novo bezerro dourado – sete dias de consumo ininterrupto.
Temos, pois, mais uma intenção pela qual pedir a Nossa Senhora no 13 de Maio próximo – Domingo – que o Dia do Senhor não se perca na cultura portuguesa.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Antes de Ponta Delgada

No fim do Verão a bala engoliu o pensamento. Foi em setembro e nas ilhas o mar engole o eco.O homem, de um dos mais belos livros de filosofia do sec.XIX (a), barba amarelo torrado, renunciou, fundiu o espírito no metal da pistola. O espírito indomável, ferido, leão pungente,barreira absoluta, contraditória, não suportou a matéria, a testa.De todos, no seu tempo, só Camilo o pode chamar por irmão. A vida, elemento sonoro, atravessou-se.Para Antero a vida é uma réstea, a fúria do espírito não cabe nela. A bala espera-o.Columbano, dois anos antes, adivinhou-o. A testa é o erro, vertigem de cor. Todo o drama do sec.XIX português está ali. Na testa, razão à espera de justificação.

(a) " Se pois só a perfeita virtude, a renúncia a todo o egoísmo, define completamente a liberdade, e se a liberdade é a aspiração secreta das coisas, e o fim último do universo, concluamos que a santidade é o termo de toda a evolução e que o universo não se move senão para chegar a este supremo resultado. O drama do ser termina na liberdade final pelo bem." (Tendências gerais da filosofia..)
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Retrato de Antero de Quental - Exposição de Columbano Bordalo Pinheiro, Museu de Arte Contemporânea.

Televisão, inimiga do diálogo

Era uma vez uma família feliz, quando chegavam a casa os filhos brincavam nas suas consolas "PSP" modernas, viam filmes "DVD" na televisão do seu quarto, comportando-se lindamente sem chatearem os seus progenitores até à hora do jantar.
A mãe, chegando a casa cansada, fazia o jantar deitando o olho naquele concurso "O preço certo em euros", soltando uma ou outra gargalhada ao ver aquele senhor "forte" falar nos benefícios da clínica de emagrecimento do dr x.
O pai, que chegava já em cima da hora de jantar, queixava-se do trânsito na 2ª circular e sentava-se na mesa já posta chamando os filhos para virem comer.
Todos sentados à mesa, televisão ligada, pode-se jantar em paz e sossego enquanto se assiste às notícias do mundo e se concentram todas as atenções no pequeno "grande" ecrã. Eis a família feliz.
E esta, hem?

Portas

O que há nele direito que lhe permita representar a direita?
Ei-lo irmão daquele irmão pouco recomendável. Irmão antagónico ou simétrico?
Quem é que reside nele?
O jovem turco que fez da promiscuidade das noticias o conteúdo principal do seu jornalismo?
O mentor do Monteiro que pelas costas lhe mentia?
O pinoca que sai à rua com o fato a condizer com a camisa, a camisa com a gravata, a gravata com o lenço, o lenço com as meias, sem esquecer os botões de punho acertados com a cor do relógio, e todos os dias em tons diferentes?
O professor da Moderna metido numa aliança confusa com poderes escroques?
O deputado que durante dois anos, no parlamento, se remeteu a um silêncio integral para enervar, envenenar, o líder que lhe sucedera no partido?
O actor despudorado que, no final do debate televisivo com o mesmo líder, se intrometeu por entre as câmaras para ir saudar fraternalmente, como Caim, aquele que ele ferira de morte com os seus ardis?
Mas nenhuma destas habilidades o credita como homem direito, antes mesmo de ser homem de direita.
Não que lhe sejam negados os talentos pretorianos. Todavia, a sucessão de gente que pelo caminho repete o refrão ‘Também tu, Paulus?’ torna o seu percurso, no mínimo, sinuoso.
Porque não basta ser tribuno eloquente, invocar referências conservadoras e dar, de quando em vez, uma estocada na esquerda histérica, como, por exemplo, a propósito do ‘submarino’ do aborto (quando se fala em aborto está-se sempre a baixo do nível do mar…), para recolher a adesão dos que não são da esquerda.
A demagogia repugnará sempre aquela direita que tem a nobreza da atitude como um ponto de honra. E que olha para as vitórias e os triunfos conseguidos a golpes de deslealdade como coisas bastardas.
O excesso de imagem construída corrói a veracidade da mesma.
A referência católica não poderá ser táctica ou, tão pouco, estratégica. É vital, incontornável, óbvia. Muito pior do que ser insultado como beato é ser-se tido por alguém com os valores cristãos (expressão à qual se acolhe a massa dos desvitalizados da fé: dos cristãos viúvos de paixão pela glória de Cristo na história!).
Um cristão na política é, antes de mais, um cristão! Fiel nos sacramentos, servidor do próximo –mas não servo de interesses-, ousado no discurso, escrutinador agudo do estado da nação, mas divertido no savoir faire face à menoridade mental da opinião pública!
Não suspeitamos da contagem que lhe atribuiu 75% dos votos na recente vitória. Esmagadora! Todavia, a pergunta mantêm-se: à custa de que comercio conseguiu fazer-se rodear de tal camaradagem unânime?
Pelo que me diz respeito, Portas por Portas, vedeta por vedeta, continuo a preferir Jim Morisson: nele o tom não era declamado. E a sua autenticidade humana permanece dasafiante…

A alegria de viver!

"Os filhos, que são o futuro, são vistos como uma ameaça ao presente; e pensa-se que eles nos roubam algo da nossa vida. Não são sentidos como esperança, mas sim como limitação ao presente". J. Ratzinger

Está por aí uma espanhola - uma tal Yolanda - para ajudar as mulheres (e os homens) de Portugal a desfazerem-se dos filhos. Os portugueses deixam e muitos concordam: são tantos os curriculos dos que querem colaborar na matança - vulgo, "melhorar a qualidade de vida das pessoas" - que a d. Yolanda nem tem tempo de os ler a todos.

Está tudo pronto, segundo a revista do JN, para começar hoje, dia 4 de Maio. Quando aparecer a Inpecção de Saúde vai encontrar 1000m2 onde é seguida a norma europeia e estão cumpridos todos os requisitos; as mulheres aflitas e com a segurança garantida, esperarão no máximo três horas até lhes ser proporcionada a "intervenção cirurgica".

É tudo tão limpo e organizado e tão, mas tão, generoso que até poderíamos não perguntar de onde vem o sorriso mais ou menos forçado da d. Yolanda ao posar para a revista do JN...

D. Yolanda,

Diz que sempre foi comunista, muito implicada nas questões sociais, e que é uma pena agora só termos o sistema capitalista; que um aborto custa entre 375 e 475 euros; diz que não acredita em Deus - no ser humano é que sim; que teve a sua filha e decidiu que não queria mais filhos; diz que se apaixonou por Portugal e que é uma mulher com muita alegria de viver e que não sabe se existe alguém que possa dizer que é feliz; diz que nunca fez um aborto e, numa palavra, define-se como RESPONSAVEL...

Diga lá a verdade, d. Yolanda... dorme bem quando se lembra dos abortos que ajudou a fazer nas "clínicas" de que é RESPONSÁVEL...?

Espero que não saiba o que faz...

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Estranha coincidência

Quando os meus adversários começam a aproximar-se de mim, e quando eu começo a concordar com eles…é porque ‘algo está podre no reino da Dinamarca’!
“ …logo após Abril, os números do aviltamento sobressaltaram os espíritos mais cândidos: quatro milhões de portugueses com ficha na PIDE, e cerca de quatro mil informadores. Agora, na Socratalândia, propõe-se a setecentas mil pessoas que delatem, sugerindo-lhes que praticam uma acção moralizante quando se trata de procedimento desonroso. Este Governo incapaz de cortar cerce a raiz da corrupção, avilta-nos a todos ao acirrar a denúncia. E ao incorrer no crime de corrupção moral, coloca-se na zona da delinquência que propugna punir…a democracia deve suscitar inquietações éticas nos cidadãos, nunca inspirá-los para cometimentos repugnantes…”!
Nunca esperei concordar com Baptista-Bastos …em nada! Estranha coincidência…

Paciência

Essa virtude tão bonita,
que cala aquele que a sente
que o faz sentir mais gente
que a gente a quem a aplica...
Esse nobre pensamento,
de sentir-se tão bem por dentro
que não se explode por fora
quem dera a mim e agora
diria mesmo a toda a hora
gozar de ser paciente!
Porque tanto ela me falta?
Porque foge ela de mim?
Bendita e Santa paciência,
provavelmente és mais ciência
que a dita por todos assim.
Não perco a imensa esperança
de um dia ver de bonança
o meu coração zangado
ficar mais apacientado
e assim desta forma sorrir.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Assim se vai na desportiva rebentando com tudo...

A Srª D. Rita Ferro escreveu, e publicou, um livro. Até aqui, tudo (aparentemente) normal, até porque não se trata sequer da sua primeira obra, e, nos dias que correm, anormal mesmo, é não ter escrito e publicado um livro.
Não conheço a obra a que me refiro, mas não resisto a citar a forma como foi apresentada no jornal onde li esta notícia: “A ultima coisa que fez (Rita Ferro) tem o sugestivo título de ‘Sexo na Desportiva’.” Não é na ‘coisa’ que me quero deter, pois como já disse (é com alívio), que não lhe conheço o conteúdo. Mas, preocupa-me que esta senhora venha ‘confessar’ publicamente, a (des)propósito das suas transgressões amorosas, o ressentimento que guarda da educação que recebeu. Melhor será dizer: que não recebeu! Saiba-se portanto, que o ‘podre’ que a atormenta, é o facto de ter casado virgem com o seu primeiro marido. Segundo a própria, tamanho absurdo foi fruto da dita, educação ultraconservadora.
Espantada, consultei o dicionário, e foi com alívio, que em frente da palavra ‘conservar’ li: manter; guardar bem; não perder! Conservadora, é aquela que conserva. E é disso minha senhora que se trata! De fazer por guardar (no) bem os que nos são confiados, para que não aconteça que, (ultra)experimentando aqui e ali, cheguem ao momento do ‘sim’, sem se conseguirem ultrapassar a si próprios, ficando escravos do consolo instintivo, e daquilo que parece ser o motor da cultura actual: o baixo ventre!!
Por favor, parem para usar a inteligência com a liberdade que conserva, porque na desportiva, vão rebentando com tudo!

terça-feira, 1 de maio de 2007

O Circo

«Código Civil revisto para legalizar casamentos gay.
O Código Civil deverá ser revisto até 2010 “ em matéria de relações familiares, tendo em conta as novas realidades sociais”… A revisão do Código Civil é uma das propostas da Comissão de Projectos para as comemorações do Centenário da República.»
In Correio da Manhã no 1º de Maio

Este é o critério do legislador da nossa república: as novas realidades sociais. Julgava eu, ingenuamente, que era a lei que devia determinar as realidades sociais! Sendo assim para que serve o legislador? Nomeiem observadores, como no futebol, para estarem atentos aos novos usos e costumes, e darem-lhes notas: casamentos gay- 17 pontos; eutanásia 18 pontos; liberalização do aborto até às 20 semanas-19 pontos; pedofilia-11 pontos; fuga aos impostos- depende; consumo de drogas – 15 pontos; fingir que-se-tem-um-curso-para-subir-na-vida 20 pontos; etc, etc, etc.…. Depois só seriam legalizados aqueles que tivessem nota superior a 12 pontos!...

Eis a república no seu melhor: sem princípios, sem valores, sem ética, sobretudo sem virtudes! Emendo, há um princípio que norteia estes (re) publicanos: a cruzada persecutória contra a Igreja Católica, tendo à cabeça O Grande Doutor da Lei, que dá pelo nome de Vital Moreira.

E já agora, ainda no âmbito das Comemorações, poderiam substituir aquela figura feminina que representa a república, por uma outra andrógina ou, porque não, por um travesti (por exemplo por uma figura da pintora Paula Rego)?! Estaria, certamente, mais em consonância com as’ novas realidades sociais’ da república e dos seus governantes!..

Como é Possível?

Em casa somos 7, todos muito barulhentos: a mãe (eu) está sempre a refilar, a dar ordens, a fazer exigências, ou simplesmente a pôr as coisas em ordem; o pai é muito mais calmo e paciente, sempre com coisas pertinentes para dizer, para ensinar, e sempre pronto para conversar; os filhos, na maioria rapazes, que são três, fazem voar constantemente a bola apesar da total proibição da mesma, e quando a bola está parada voam as brigas e as discussões; as meninas, que são só duas e aparentemente mais sossegadas, têm sempre opinião sobre tudo e acabam também metidas na confusão das bolas, das brigas e das discussões. Tudo isto com o pano de fundo de um piano, de uma viola ou de um CD a tocar.

No trabalho, somos a Comunidade Terapêutica para Toxicodependentes do Vale de Acór, com muita gente a trabalhar, muito mais gente para quem há que trabalhar, muitos projectos a desenvolver, desafios constantes a aparecer e problemas sucessivos para resolver. E muito gosto em fazer tudo isto.

Entre o trabalho e a casa é um contínuo desfiar de correrias, no trânsito da cidade, entre a escola e a ginástica de um filho, entre a outra escola e a música do outro filho, entre mais uma escola e mais uma actividade de um outro filho, entre o supermercado e a casa daquele amigo, entre sempre mais alguma coisa que aparece e uma outra que desaparece.

Caos? Às vezes. Confusão? Sem dúvida, embora uns dias menos que outros.

E como é possível aguentar isto, dia após dia, e contente(s)? - também uns dias menos que outros, é verdade…

Só é possível porque há um espaço.

Um espaço que abre a porta da minha vida interior onde me é dado poder ver mais longe que o meu olhar,
poder entender o que a minha inteligência não alcança,
poder escutar para além do que oiço.
E assim aceitar com serenidade o que pode não ser sereno.

Um espaço onde descubro o que está mais além de mim mesma,
o caminho para o outro, para a vida interior do outro.

E é aqui que se aprofunda o amor.
É aqui que cresce o encontro, a relação, a comunhão.
É aqui que o Bem e o Belo são reflectidos com uma luminosidade mais pura.
É aqui que posso dar tempo à escuta da Palavra que não é dita, mas que está lá.
É aqui que posso dar lugar ao Mistério, que não entendo mas que acolho.
É aqui que se torna possível, numa crescente confiança, o abandono e a entrega.

É aqui, no Silêncio.

E só porque há Silêncio é possível não me perder no ruído.
Só porque há silêncio é possível não estar só, não conhecer a solidão e o vazio.
Só porque há Silêncio é possível viver na confusão.

Aqui, imersa no barulho, mas conhecendo o Silêncio.


Nota: Este texto foi escrito como resposta ao desafio lançado pela autora do livro "Um Minuto de Silêncio", após uma troca de comentários neste blogue.

A grande irmã vigia-nos

Com toda a certeza aqui a inquisidora-mor do regime, a D. Câncio não se refere a ninguém desta desprezível casa, definitivamente fora de estrutura, mas que esta frase (...) e também acredito que a maioria dos que falam e escrevem não saibam que não sabem do que falam e creiam estar, como sempre, do lado do bem e da liberdade e etc. (...) é de uma arrogância nacional socialista, lá isso é.

História de algibeira (4)

Ao passar em Alcântara, o Palácio das Necessidades pareceu-me hoje particularmente atraente, talvez devido à transparente e radiosa manhã que se fazia sentir em Lisboa. Gosto daquela casa, onde trabalhei durante um período particularmente feliz da minha vida.O convento foi mandado construir no séc. XVIII por D. João V no local onde existia uma ermida em honra de Nossa Senhora das Necessidades. Tornou-se residência da dinastia Bragança a partir de D. Maria II, ou seja, foi a residência oficial do chefe de estado até 1910.Tendo o Rei D. Carlos desenvolvido uma intensa actividade diplomática, procederam-se no seu tempo a obras de beneficiação tendo em conta os jantares e recepções de Estado. Bombardeado no dia 4 de Outubro de 1910 a partir do rio pelos rebeldes republicanos a bordo do Adamastor, o Palácio das Necessidades foi desde então adoptado para albergar o ministério dos Negócios Estrangeiros, mantendo-se assim ainda hoje a sua vocação para as relações internacionais do estado português.