UMA OUTRA ÓPTICA CIVILIZACIONAL
«A teoria da evolução das espécies, selecção por adaptação, revela, na sua contrapartida, um enunciado radical. Se cada espécie se adapta às circunstâncias do meio, cada espécie representa uma leitura das virtualidades desse meio. Cada espécie é uma leitura. A viabilidade de cada espécie é sobrevivência específica porque representa, de facto, uma descrição específica do real. Tantas quantas as espécies. Cada uma delas é, se bem entendo, uma história consistente do meio terrestre. Há, desta Terra, infinitas descrições possíveis... desde que escritas. Mais, dentro de cada espécie, há várias leituras. Tantas quantos os desvios evolutivos.», Maria Gabriela Llansol, Parasceve, Relógio d’Água, 2001, p 37.
Nem a propósito – hoje mesmo, no dia em que a escritora deste texto venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2006, pela obra "Amigo e Amiga”, ouvi uma notícia na TSF que revela que quase 60% dos casais portugueses não tem filhos actualmente e 24% apenas conta com uma criança, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais há 25 anos que as gerações não se substituem em Portugal.
Segundo os dados do INE, enquanto em 1960 havia 2,5 milhões de crianças, em 2005 existia apenas 1,2 milhão.
Maria José Carrilho, especialista do INE em demografia, referia que desde o início dos anos 80 que a substituição de gerações é inferior a 2,1 crianças por mulher e que Portugal tem um índice de fecundidade 1,4 crianças por mulher e está abaixo do nível da União Europeia.
Se o tema aqui apresentado é um problema, então deve existir uma solução: Importa remontar, por isso, às causas explicativas a montante e encontrar adiante as soluções.
As mais reconhecidas formas de entropia da questão sabemo-las: crescente individualismo – observável na aposta na carreira, no sucesso e no êxito; consumismo – que se traduz na procura de elevados padrões em termos de qualidade de vida; preservação de uma imagem estética corporal incompatível com a “deformação” provocada pela gravidez (não são assim tão escassas as ocorrências); obliteração da generosidade da doação na abertura à vida a troco de uma ideal obtenção das condições necessárias à recepção de uma nova existência humana.
O fenómeno em causa não é somente local. Aflige a generalidade dos países desenvolvidos.
A solução do problema não é de difícil escrutínio.
Aqueles que desejamos imitar em modernidade já reconheceram o equívoco dessa mesma modernidade e apressam-se agora a regressar a políticas clássicas próximas dos “conservadores e retrógrados” (lembro aqui o caso germânico do apoio monetário à natalidade).
Por cá, ao contrário, apostam-se em orientações político-ideológicas libertárias da “servil” condição da mulher, na esteira da melhor tradição moderna e liberal.
É notável o recuo da nossa taxa de natalidade. Mas isso percebe-se.
As causas deste problema, são, por seu lado, efeitos de uma causa maior – a indiferença, senão mesmo a recusa de Deus. Não se duvide. Sempre que o homem “mata” Deus e o exclui do seu viver, sem que o perceba, aniquila-se, deixa de confiar.
Este movimento é incompatível com a Vida.
A cultura moderna contemporânea, esta civilização do bem estar é ilusória. É obtida à custa do esgotamento dos recursos naturais e da correlativa hipoteca das condições de vida das gerações futuras, associada à recusa da “intromissão” de novos seres, sempre imensamente inconvenientes e retardadores da prossecução dos mais estimáveis objectivos tão laboriosamente arquitectados.
O drama desta cultura é que encontrou um falso instrumento auxiliar de uma correcta “descrição específica do real”. Aprendeu a “ler” o mundo com ópticas de escala próximas de geografias restritas e totalmente quantificáveis. Urge mudar de instrumentação!
Nem a propósito – hoje mesmo, no dia em que a escritora deste texto venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2006, pela obra "Amigo e Amiga”, ouvi uma notícia na TSF que revela que quase 60% dos casais portugueses não tem filhos actualmente e 24% apenas conta com uma criança, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais há 25 anos que as gerações não se substituem em Portugal.
Segundo os dados do INE, enquanto em 1960 havia 2,5 milhões de crianças, em 2005 existia apenas 1,2 milhão.
Maria José Carrilho, especialista do INE em demografia, referia que desde o início dos anos 80 que a substituição de gerações é inferior a 2,1 crianças por mulher e que Portugal tem um índice de fecundidade 1,4 crianças por mulher e está abaixo do nível da União Europeia.
Se o tema aqui apresentado é um problema, então deve existir uma solução: Importa remontar, por isso, às causas explicativas a montante e encontrar adiante as soluções.
As mais reconhecidas formas de entropia da questão sabemo-las: crescente individualismo – observável na aposta na carreira, no sucesso e no êxito; consumismo – que se traduz na procura de elevados padrões em termos de qualidade de vida; preservação de uma imagem estética corporal incompatível com a “deformação” provocada pela gravidez (não são assim tão escassas as ocorrências); obliteração da generosidade da doação na abertura à vida a troco de uma ideal obtenção das condições necessárias à recepção de uma nova existência humana.
O fenómeno em causa não é somente local. Aflige a generalidade dos países desenvolvidos.
A solução do problema não é de difícil escrutínio.
Aqueles que desejamos imitar em modernidade já reconheceram o equívoco dessa mesma modernidade e apressam-se agora a regressar a políticas clássicas próximas dos “conservadores e retrógrados” (lembro aqui o caso germânico do apoio monetário à natalidade).
Por cá, ao contrário, apostam-se em orientações político-ideológicas libertárias da “servil” condição da mulher, na esteira da melhor tradição moderna e liberal.
É notável o recuo da nossa taxa de natalidade. Mas isso percebe-se.
As causas deste problema, são, por seu lado, efeitos de uma causa maior – a indiferença, senão mesmo a recusa de Deus. Não se duvide. Sempre que o homem “mata” Deus e o exclui do seu viver, sem que o perceba, aniquila-se, deixa de confiar.
Este movimento é incompatível com a Vida.
A cultura moderna contemporânea, esta civilização do bem estar é ilusória. É obtida à custa do esgotamento dos recursos naturais e da correlativa hipoteca das condições de vida das gerações futuras, associada à recusa da “intromissão” de novos seres, sempre imensamente inconvenientes e retardadores da prossecução dos mais estimáveis objectivos tão laboriosamente arquitectados.
O drama desta cultura é que encontrou um falso instrumento auxiliar de uma correcta “descrição específica do real”. Aprendeu a “ler” o mundo com ópticas de escala próximas de geografias restritas e totalmente quantificáveis. Urge mudar de instrumentação!
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