sábado, 30 de junho de 2007

Gestores de bancada

É um facto relativamente recente e vem na sequência da revolução operada na gestão financeira dos clubes de futebol: hoje em dia, no café ou na rua, o povo comenta animadamente as notícias das contas dos seus clubes do coração. Numa qualquer tasca do Bairro Alto ou café em Amarante, além da jornada desportiva são esgrimidos argumentos como a cotação das SADs, aumentos de capital, activos, passivos, custos com pessoal, produtividade, etc. etc.
Agora resta-nos aguardar com esperança que estes entusiasmados adeptos e conscientes gestores, apliquem nas suas vidas e profissões os princípios que anseiam ver cumpridos nos seus clubes de futebol. Anuncia-se assim um novo realismo nas negociações com o patronato, o fim das greves irresponsáveis, um reforço das noções de produtividade e uma consciente e positiva adesão aos objectivos da empresa. Que bom, prenuncia-se para breve um país de sucesso!

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Bons pais 2:)

Definitivamente "bons" pais precisam-se, para que as crianças sejam adultos cheios de virtudes, felizes, capazes de tornar o mundo cada vez melhor! O mais importante de tudo? Esta psicóloga diz que é o exemplo:) O exemplo que os pais dão a seus filhos é fundamental na educação do carácter. Acreditemos que, mesmo as coisas que nos parecem que os filhos nunca farão, mesmo aquelas que lhes dizemos que estão erradas, se as praticamos é meio caminho andado para que os nossos filhos nos imitem.
Temos apenas uma oportunidade para educar bem os nossos filhos, que vamos fazer dela?

Joe

Joe é um self-made-men, quer dizer, homem-construido-pelo-eu, na sua língua de origem.
Joe é isso mesmo: eu Joe, imagem e semelhança do Joe. Joe é um deus! Joe é um filantropo - "O que fiz por Portugal nunca foi para ganhar dinheiro" in Tabu de 23 junho - que vende "coltura" por 300 milhões de euros, que financia aeroportos, compra diamantes, futebolistas, acções, vinho, constroi "jardins orientais". Joe não bate bem da cuca e é disléxico ( na mesma entrevista de 23 de Junho )

É o Joe contemporâneo, podre de rico, a quem o poder político se vende e se submete.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

"What attributes do you wish were seen more commonly among children?"

"Good parents!" (Bill Watterson)


História de Algibeira (7)

Entre Outubro e Dezembro de 1910, Afonso Costa, ministro da Justiça e dos Cultos do Governo Provisório, aboliu os feriados católicos excepto o Natal, que passou a chamar-se Dia da Família. Enquanto se substituía afanosamente a ancestral toponímia das cidades com a nova nomenclatura República Cândido dos Reis, Elias Garcia e demais revolucionários, estalou uma polémica com o inconcebível bolo-rei, que passou a chamar-se "democraticamente" bolo-nacional.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

A placa giratória

Era um sonho, foi um sonho concretizado na expansão marítima, foi o preço da independência, um plano estratégicamente definido, aceite por todos, garantido e comandado pela Instituição Real.
É hoje uma caricatura, o pesadelo de uma fuga apressada, o troco da servidão, sem plano, sem bússola, ante a resignação geral, sem responsabilidades nem garantias.
A placa giratória gira agora ao contrário, é um contra-senso: importa mão-de-obra barata e exporta mão-de-obra barata, só que esta última somos nós, obrigados a procurar na Europa (!) e nas economias mais desenvolvidas o pão e a oportunidade que a mãe pátria não dá.
Os que chegam, substituem-nos, porque os parcos euros que lhes pagam não chegam aos portugueses para sustentar a família, cá dentro, enquanto os imigrantes, fugidos da fome e da miséria que esta ordem mundial gerou, e o egoísmo acentuou, ainda conseguem poupar dinheiro para o enviar para as suas famílias, lá fora!
Que estranha forma de vida!
Que fado mais triste!

terça-feira, 26 de junho de 2007

26 de Junho

Hoje é o “Dia Internacional Contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas”. Assim o decretou a ONU. Em Lisboa, no passado domingo, um passeio de bicicleta na ponte Vasco da Gama assinalou oficialmente a efeméride.
No que se refere à percepção das pessoas acerca do fenómeno da toxicodependência vivemos dias tranquilos, neste 26 de Junho de 2007. Numa listagem recente, publicada na imprensa, dos temas que mais afectam os portugueses a questão da toxicodependência baixou, numa década, do 1º lugar para 12º lugar… Reina a ideia que as práticas chamadas humanistas (da política de redução de danos às salas de chuto) trarão consigo a inclusão dos toxicodependentes na rede de saúde pública, sendo possível controlar-lhes aí os seus comportamentos infecciosos.
O humanismo promovido pelo Poder, nas suas leis e convenções imperantes, veio a manifestar-se um disponibílissimo aliado do cinismo.
A ponte que o Gama ousou lançar para Oriente trazia consigo o desafio, o risco e a nobreza da tenacidade, face ao sempre difícil encontro com o outro.
O passeio do IDT acabou com cada um a regressar a sua casa, com um bicicleta de presente…

E Nós?

Cá por estas bandas, as tristes e histéricas figuras do costume ainda se regozijam com a nossa jovem moderna e mui europeia lei do aborto, preparando-se agora para iniciar guerra feroz aos médicos objectores de consciência.

Entretanto, começam a aparecer por essa Europa fora francos sinais de arrependimento.

Desta vez, a antiga ministra francesa da saúde Simone Veil, que a seu tempo teve o infeliz gesto de legalizar o aborto em França, parece mostrar agora grandes dúvidas quanto a essa prática. Acaba inclusivamente por denunciar a autêntica chacina que acontece diariamente em Espanha, como infelizmente já todos bem sabemos.

Reconhecendo hoje que o feto é um ser humano vivo desde a concepção - tal como refere em entrevista recente - já na altura da liberalização (estamos a falar de mais de 30 anos) fez por assegurar que os objectores de consciência não fossem hostilizados. Que diferença em relação ao que por cá se passa!...

Simone Veil teve a capacidade de perceber o seu erro e a coragem de o denunciar. E nós?...

Nós somos os eternos atrazados, já se sabe, e ainda estamos na fase de achar que ser civilizado e moderno é poder abortar à tripa forra.

Será que um dia chegaremos a presenciar em Portugal o mesmo arrependimento?

99 Balloons

É de facto lindissimo este video, não podia deixar de partilhar convosco!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A Sério?

O Presidente do IDT dá hoje uma entrevista ao jornal Destak. Não sei se é por o jornal ser de “borla”, mas as respostas pareceram-me uma “burla”. Eu, que até tenho bastante admiração pelo Dr. João Goulão fiquei desanimada. Vejamos:
Começa por ressaltar a estabilização do consumo, ou mesmo o seu retrocesso em meio escolar, justificando que os “adolescentes têm hoje uma maior capacidade de fazerem escolhas individuais que são a prova da sua consciencialização para o problema”, mas logo a seguir diz que “a maioria dos jovens entendem o haxixe como uma substância inócua e inofensiva”. Então, em que é que ficamos? Estabilizamos e regredimos no consumo do quê? Onde está a maior consciência? Que capacidades têm agora os nossos jovens?
E continua: “O haxixe está presente em Portugal há mais de 30 anos e está a começar a ser tão admitido como é o álcool”. A sério? Quem diria que isso ia acontecer… e grande surpresa para quem o despenalizou!
Mas há mais: “Os padrões mudaram. A utilização de droga começa a ter um tipo de característica mais utilitária (e antes, era o quê?), com um objectivo mais imediato (a moca antes só devia ser esperada para o fim-de-semana a seguir), como é o caso do consumo de drogas apenas em festas, sem ser uma dependência”. Se fosse mãezinha de um adolescente que começa a fumar charros a dizer isto, ainda achava aceitável…
E por aí em diante. Face ao desânimo, só me resta convencer-me que o tipo de jornalismo em causa não terá ajudado à profundidade que a matéria tratada merece. E esperar que amanhã - Dia da Luta Contra a Droga - o discurso melhore. A sério.

Recebe as flores…

Ângela, receba as flores que eu lhe dou…sinal de rendição aos atributos e virtudes de tão proeminente figura! Homenagem coroada com um beijo, no mínimo caloroso. Foi assim, ao ritmo de um tango discutível que o nosso José Manuel entrou indiscutivelmente para história de mais um congresso europeu, que se não é um concurso de dança, está cheio de bailarinos!
Não me perguntem por ninharias, não me questionem sobre passes, voltas e outras acrobacias, porque isso faz parte do espectáculo, todos sabemos que o concurso foi um êxito, o par polaco, desta vez constituído por irmãos gémeos, esteve quase a ganhar, mas a tradição ainda é o que era, e por isso, o par franco–alemão vai levando a àgua ao seu moinho. Os ingleses ganham sempre!
Quanto aos portugueses já se sabe que a vida deles é isto, querem é concursos de dança, porque se eles acabam ficam desempregados. Nem sabem o que hão-de fazer!
Para ser mais concreto em relação ao que de facto se passou posso adiantar que o bouquet tinha rosas, jarros vermelhos, hortenses roxas, e gipsofila branca para enfeitar.

domingo, 24 de junho de 2007

(CDS) PP No Seu Melhor

O Paulinho Portas voltou triunfante, e triunfante avança com os seus meninos para este primeiro combate pela Câmara Municipal de Lisboa. É pena é que não dê a cara quando se trata de defender convicções profundas...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

" O ZÉ FAZ FALTA "

Rafael Bordalo Pinheiro

A imaturidade da materialidade


O título quase parece uma tese de mestrado em teologia, mas a ideia é muito simples. Para fazer render o peixe, só o digo no fim. Trabalho numa empresa dedicada à comunicação e marketing, profissão muito na moda nos dias de hoje, cujo principal fito é transformar produtos em marcas e marcas em culturas. Isto para valorizar os mesmos e criar uma apetência extraordinária do materialismo. E, ao que tudo indica é um sucesso. Plagiando Eco, o segredo é que não existe segredo e este sucesso deve-se à racionalidade instalada e a ausência de ideais. Ter é ser e parecer ainda é melhor porque não se tem o trabalho de ser. De facto, a ausência de esforço parece ser uma mais valia dos tempos de hoje. A simplicidade e o prazer são os motores de busca do indivíduo que almejam querer. E querer quer dizer objectos mas também o cúmulo do materialismo - o espiritual: sentimentos, ideias e pessoas. Querer, obviamente, para ser. Portanto, esta sociedade que procura a saciedade acaba por cair no auto-fágico.

Não vejo coisa pior do que reinventar o passado com a promessa do futuro. Por isso escuda-se a espiritualidade com a racionalidade, o comportamente com caprichos e os ideais com ideias. Mas o que isto tudo faz lembrar-me dos meus filhos e o meu papel de os fazer crescer para além do querer, do poder e do ter. Mas também tenho noção da minha materialidade. Mas lá diz o ditado que de crianças todos nós temos um pouco. E um pouco não é muito. É suficiente.

Se eu fosse lisboeta…

Nasci na Junqueira, na freguesia de Alcântara, na mesma casa onde nasceu o meu pai, mas não me sinto lisboeta com a mesma vaidade de muitos milhares de portugueses que se afirmam como tal. Eu compreendo, Lisboa representa a compensação por tudo o que ficou para trás, a aldeia que os pais ou avós tiveram que abandonar procurando na capital um melhor sustento. Além do mais a cidade é do Império e de quem a ocupa quando ela se esvazia aos fins-de-semana, como é patente no Rossio ou na Avenida.
Vivo hoje na margem sul, defronte de Lisboa e por essa razão não estou inscrito nos seus cadernos eleitorais, mas não deixei de me preocupar com o seu futuro, e é por isso que não compreendo como é que alguém que se intitula candidato à Câmara de Lisboa possa propor o desmantelamento e a destruição do aeroporto… de Lisboa!!! Para aí construir prédios ou seja o que for, enquanto vai dizendo que o aeroporto de Lisboa fica… na Ota! A sessenta quilómetros de Lisboa.
Que um governante venha dizer que Portugal precisa de construir um grande aeroporto, dentro de uma perspectiva estratégica de desenvolvimento e concorrência peninsular, isso eu compreendo e haveria que estudar e decidir a melhor localização para o efeito, mas nunca à custa do aeroporto da Portela, aeroporto que a cidade possui á semelhança das suas congéneres europeias.
É por isso que eu não entendo quem são os ditos lisboetas, que de acordo com as sondagens, se preparam para votar em António Costa, que não é mais que um candidato do governo… à Câmara de Lisboa!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

O homem que se droga

Caminhas ao longo da estrada, cansado e alheio a tudo, como se procurasses o lugar onde teu pai e tua mãe se encontraram. Tens a barba por fazer, de muitos dias, nem tu sabes o tempo que não te olhas ao espelho.Tens pressa, porque tens medo de ti e não queres que os outros te digam que não vales nada. As coisas da tua vida são uma conquista e o que sabes é que não podes parar. Queres chegar a tudo, mas há muito tempo que perdeste o ponto de partida.O egoísmo, a ganância, e a afronta tomaram conta do teu coração e tu dizes que és um homem. Tornaste-te mentiroso, os teus sentimentos voaram para longe e as tuas veias ficaram secas. Já não és carne e o teu espírito alimenta-se das sombras. Só guardas rancor dentro de ti, esqueceste teu pai e já não sabes o nome dos teus filhos. A única vitória que tens é os outros terem pena de ti. Mas como estás tão fraco, também isso se tornou um engano.Tudo se transformou para ti numa ausência, os barcos no cais e os figos que comias, as mãos de tua mãe que te acariciavam antes de dormir. Tu já não és nada, o que te fica é a música da discoteca do sábado à noite que é o teu único desperdício de suor. Não conheces a forma da luz das manhãs sobre as rochas, nem o restoar das aves que se desperdiçam no azul. Não tens mulher, nem casa e abandonaste a memória. És feliz quando dormes nas folhas de cartão e ficas a balançar contra o muro velho. Tens orgulho nos teus pés inchados, nos hematomas sucessivos, e nos dentes da tua boca que te caem um a um. És generoso quando vais comprar e te sacrificas a procurar as veias do outro. Já não tens raiva, não és capaz de gritar, e estás contente por nada mais te interessar. Mudas de passeio para não te encontrares com os teus filhos porque eles não valem nada. Não tens medo e tornaste-te um monstro. Não sabes o teu nome, as tuas raízes desprenderam-se da terra, não tens pai e mãe.

Casamentos de conveniência

Essa coisa dos homossexuais como persistentes vitimas, já foi chão que deu uvas. Antes parecem-me em boa forma, e "recomendam-se" todos os dias. Aliás, na maior parte das vezes, as pessoas são é perseguidas por si próprias, pelos seus medos e fantasmas. A maior parte das vezes, são os olhos de cada um que exorbitam o preconceito alheio, parece-me. E isso, não se resolve com casamentos. A palavra “casamento” que eu saiba refere-se a “casal”. Casal, pela etimologia da palavra significa a união de um homem e uma mulher, mesmo sem um "rancho filhos" - coisa de pretos e católicos.
De resto, a promoção destas confusões e demais relativismos levam-nos aonde? É este afinal o novo rumo do Socialismo? São estas as novas causas, com a eutanásia e o aborto livre? Eu por mim, sei muito bem o que é uma família. E é muito mais do que um par de enamorados.
Mas que venham então os inevitáveis cerimoniais de união entre homossexuais, consumados no Salão Nobre da câmara, ou num cartório mais próximo, com o Dr. Costa e a Dra. Brito como padrinhos. É o preço de 4% do eleitorado na vertigem da corrida ao município. Para mim dou isso de barato, desde que a canalha jamais entre em minha casa a pôr e a dispor. Falo dos novos jacobinos obviamente, não dos homossexuais que esses não têm culpa nenhuma de tanta hipocrisia.

Salas de chuto polémicas

As salas de chuto prometem separar as águas nas eleições para a Câmara de Lisboa. Manuel Pinto Coelho explica porque abandona o PSD.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Contra a Idolatria

Sede bendito, Deus meu, que me libertaste dos Ídolos
E que fizeste que eu não adorasse senão a Vós somente
e não Isis e Osiris
Ou a Justiça, ou o Progresso, ou a Verdade, ou a Divindade, ou a Humanidade, ou as Leis da Natureza, ou a Arte, ou a Beleza,
E que não permitistes a existência de todas essas coisas que não têm realidade, ou o vazio deixado pela vossa ausência.
Como o selvagem que constrói para si uma piroga e que dessa tábua fabrica ainda Apolo.
E assim todos os palradores de palavras do súperfluo dos seus adjectivos fizeram monstros sem substância.
Mais vãos do que Moloch, mastigador de crianças, mais cruéis e mais ignóbeis do que Moloch.
Eles têm um som mas nenhuma voz, um nome mas nenhuma pessoa.
E o espírito imundo anda por lá, ele que preenche os lugares desertos e todas as coisas vazias.
Senhor, Vós me livrastes dos Livros e das Ideias, dos Ídolos e dos seus sacerdotes,
E Vós não permitistes que Israel servisse sob o jugo dos Efeminados.
Eu sei que Vós não sois um Deus dos mortos, mas dos vivos.
Eu não honrarei os fantasmas e as bonecas, nem Diana, nem o Dever, nem a Liberdade, nem o boi Apís.
E os vossos ‘génios’ e os vossos ‘heróis’, os vossos grandes homens e os vossos super homens, tenho-lhes o mesmo horror que a todos esses desfigurados.
Porque eu não sou alguém livre entre mortos,
Eu existo por entre as coisas reais e obrigo-as a terem-me por indispensável!”

Paul Claudel
Cinco Grandes Odes

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Afinal...

... Mário Lino tinha alguma razão.
Andaram para aí a dizer mal dele, quando afinal, ele estava era muito bem informado...

SEPARAR O LIXO…

Separar o lixo doméstico e substituir em casa as lâmpadas incandescentes por lâmpadas de halogéneo são hoje obrigações cívicas dos cidadãos responsáveis.

Talvez não estejamos a dar a estas coisas a importância que efectivamente têm. Oiço muitos amigos meus ficarem admirados por em nossa casa fazermos isto; outros contam logo histórias que ilustram a “certeza” de que nós separamos o lixo, mas os serviços de recolha misturam depois tudo outra vez, por falta de logística e tecnologia para fazer diferente. Só os que viveram nos países do Norte da Europa é que ficam admirados quando alguém lhes diz que não separa o lixo; lá apanha multa.

É o mesmo com a substituição das lâmpadas incandescentes; mesmo que o seu consumo energético esteja dentro das nossas possibilidades de pagar, é irracional não o reduzir quando está ao nosso alcance fazê-lo. Até em Cuba (na República, não no Concelho) as lâmpadas incandescentes já foram banidas…

Mas, há sobretudo uma dimensão de solidariedade e de adesão a bons princípios que a adopção destas duas medidas representa. Pertencemos a uma grande comunidade, com a qual partilhamos os recursos da Terra; cada um de nós é insubstituível na responsabilidade de gerir bem esses recursos na sua escala pessoal. Não esperemos (nem desejemos) que o Estado nos imponha regras de gestão nessa micro-escala; antecipemo-nos e, por uma vez, esvaziemos o seu protagonismo.

No que respeita ao consumo energético há uma razão adicional. A forte procura de petróleo, que se traduz em preços altos da matéria-prima, deixa a nadar em dinheiro Estados com Governos que em nada contribuem para o bem-estar mundial, quer por estarem próximos de organizações terroristas, quer por pretenderem criar blocos regionais “revolucionários” (i.e., com economias estatizadas e com sociedades controladas a partir de cima). Todas as vezes que somos ineficientes no consumo energético damos-lhes (por inadvertência, preguiça ou maus hábitos) a nossa ajudazinha.

Separar o lixo e substituir as lâmpadas fazem, por ora, parte de um conjunto de acções “fora de estrutura” em que cada pessoa, sem ser obrigada, sem precisar e sem ganhar directamente nada com isso, assume as suas responsabilidades de membro de uma comunidade de pessoas que maioritariamente não conhece, mas com as quais está solidária.

domingo, 17 de junho de 2007

Uma questão de Tags

Tenho dois amorosos adolescentes em casa. Com eles (e mais através do conhecimento do "mundo" deles), apercebo-me das aspirações e realidade da geração jovem que agora desponta, nos alvores do século XXI. Constato todos os dias que eles (saudavelmente) desconstroem e desconfiam da herança que lhes queremos deixar. Aliás os miúdos acreditam firme e insolentemente que o mundo começou ontem, ao som do hip hop.Quando eu tinha a idade deles, acreditava ter nascido no auge da história, e viver na curva vertiginosa da definitiva viragem do homem para a clarividência. Toda a iconografia juvenil, a expressão plástica, política e tecnológica nos anos 70 me pareceia apontar nesse sentido. Na tecnologia, pontificava a recente ida à Lua, a alta-fidelidade e o nuclear. O reacender do surrealismo na literatura, os Sex Pistols ou a Patty Smith, a música minimal de Jorge de Lima Barreto a pintura de António Palolo, tudo parecia ser possível, a regra e os limites estavam erradicados. Na moda, nas roupas, em tudo parecia-me impossível mais criatividade. A liberdade era um privilégio dos mais afoitos. Olhando para o hippie de tamancas, roupa "selvagem" e cabelo hirsuto, para as justíssimas calças do punk de cabelo pintado e camisolão até aos joelhos, duvidei que a originalidade e a contestação chegassem algum dia mais longe. O mundo tinha mudado para sempre e eu apanhara o comboio.
Mas olho para os jovens de hoje e espanto-me como a sua imaginação e irreverência se mantêm sem limites. De fato de banho a cair pelas pernas com boxers por baixo, t shirts por cima de camisolas, skate debaixo do braço e fones nas orelhas, aderem a distintas e diversas "correntes" estilizadas, os góticos, dreads, os (ainda) punks, os rastas etc. etc. trocam na Internet ficheiros de temas hip hop construídos pelos próprios, simples protestos ou declarações de amor. E assim, assustados e inseguros, eles afirmam-se donos incontestáveis da verdade e do seu tempo. Outra vez...
Mas parece-me quase sempre que o que lhes falta são "ideais". Quanto a mim, falta-lhes "colar" uma "ideologia", um "projecto" ou uma "utopia", à sua infindável energia contestatária. Falta-lhes colar um significado ao seu Tag. Aliás, o desprezo - quase sempre inconsciente - pela participação na res publica é por demais evidente na rapaziada. E é isso que me deixa mais apreensivo.Eu, quando era um rapaz novo, julgava-me parte de um processo irreversível de construção de um mundo mais humanizado e justo. E, para dizer a verdade, ainda me penso assim.

(1) Tag: Graffiti “assinatura”. Exemplo na ilustração.

sábado, 16 de junho de 2007

O reconhecimento


Conforme notícia do jornal Público de hoje, “a comissão que regulamentou a lei do aborto decidiu que não será mostrada a ecografia do embrião à mulher quer vai abortar, contrariamente às recomendações do Presidente da República…”.
Segundo aquele jornal, Maria José Alves, obstreta membro da comissão, sustenta que seria “abusivo” mostrar a ecografia, devendo esta ficar na posse do médico e no processo clínico da mulher e indo servir apenas para questões médicas – para datar a gravidez, para concluir que tipo de aborto é o mais adequado (como se algum tipo o pudesse ser) ou para saber se a gravidez se está a desenvolver sem problema. Caso se constate que a gravidez não seria viável, o facto será dito à mulher por ser “importante em termos psicológicos”.
Já ninguém tem dúvidas: subtrai-se parte da informação que podia influenciar a decisão da mulher e considera-se que a mesma é a responsável pelo seu acto, reconhecendo-se que a sua decisão não poderá deixar de lhe causar problemas psicológicos.
Não se espera coerência, pelo menos, dos que governam o país, nesta, como noutras matérias. O pragmatismo com que se decide acerca da vida das pessoas, nos métodos, em nada se diferencia das ideologias mais anacrónicas. Mas estas, ainda assim, justificavam a acção em função de princípios – discutíveis, concerteza, mas princípios.
A invenção da arma de fogo trouxe consigo a oportunidade de aniquilar o “oponente” sem deixar na alma a marca do remorso, fruto da assombrosa visão provocada pelo testemunho do sopro pneumonológico que abandona o corpo lentamente e transforma a expressão de um rosto em agonia em absoluta inexpressão.
Esta experiência última constituía o embaraço decisivo que haveria de tornar o acto de violentar o outro desprezível.
O outro, a visão do outro, do seu rosto, é fonte de inestimável arcaboiço de aprendizagem de humanidade. Especialmente aprendizagem de misericórdia: “Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse…” – Mc, 10, 21.
O temor do legislador é que, por via do fitar do olhar, se revele a afeição, o amor profundo e se dê início a uma cumplicidade entre dois seres indeclinavelmente unidos.
O que se teme é que se passe da afeição provocada pelo olhar à fase da tomada de consciência de um outro, um outro eu. Essa é a fase da linguagem: “…e disse…”.
Teme-se, inexplicavelmente, que a mãe veja, se apaixone pelo seu filho e diga: - Meu filho.
Teme-se que a mulher se descubra mãe no reconhecimento da sua humanidade, na vocação da sua maternidade.
Como se pelo facto da mulher não o ver, o seu filho deixasse de existir.
A cultura de morte que esta lei institucionaliza resulta de uma obliteração tirânica de oportunidade do reconhecimento: o reconhecimento de uma vocação.

Os Tiranos

O Diário de Notícias de 6ª feira passada (15/06/2007) é muito esclarecedor. Ele é o professor suspenso por largar uma piada sobre o "senhor todo poderoso cujo nome é inefável"; ele é o sacerdote autarca que é mandado para a sacristia; é a discriminação por objecção de consciência; são as leis feitas nas costas dos responsáveis universitários... Se mais pesquisássemos mais encontrariamos.

Não é nada que não soubéssemos já: a tirania da esquerda torna-se cada vez mais palpável. As bem conhecidas "amplas liberdades democráticas" que o Sr. Álvaro Cunhal tanto apregoava estão a mostrar o que valem.

Por coincidência ou não, na mesma edição deste jornal, vem o PCP queixar-se do "significativo avanço do anticomunismo primário". Jerónimo de Sousa está muito preocupado porque países da ex-cortina de ferro querem criminalizar o comunismo... Mas esquece-se de nos relatar o terror que por lá se instalou quando o jugo comunista se abateu por essas bandas. Terá sido de tal forma 'agradável' que, por alturas do início da 2ª Guerra, chegou a passar pela cabeça dos locais a esperança de serem libertados pelos... socialistas de Hitler, imagine-se...

Em 1942, depois do exército alemão ter substituido na região báltica os exércitos soviéticos, o Arcebispo de Lviv, Andreas Szeptyckyj, que já tinha anteriormente classificado os comunistas de diabólicos inimigos da humanidade, escreve a Pio XII que a libertação do jugo soviético pelos Nazis trouxe à região um certo alívio, embora temporário. E acrescenta: "Hoje, todo o país está de acordo em que o regime alemão é, talvez (sublinhado meu) a um nível mais elevado do que o bolchevista, mau, quase diabólico". (*)

Compreender os males que a esquerda, o laicismo e o republicanismo trouxeram a este mundo, será sem dúvida o grande desafio deste século. O século que acabou de passar foi palco das mais ferozes tiranias que, a bem da humanidade, conseguiram espalhar os seus horrores pelo mundo. Esperemos que tenha sido o bater no fundo e que esta política desgraçada que nos é imposta de há 200 anos para cá, entre rapidamente em franca decadência.

(*) Cf. PIERRE BLET S.J., Pio XII e a Segunda Guerra Mundial - Que Dizem os Arquivos do Vaticano.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

As perguntas dos ricos

Há perguntas que são um buraco na existência. A rapariga vestida de verde fala da sua vida na Holanda, de assinar um contrato sem conhecer a língua. A entrevistadora de pé diante da rapariga sentada, pergunta: "Como é que arranjou um trabalho sem conhecer as coisas como eram?" Resposta: "...sabe...estou desempregada há muito tempo quando me apareceu o anúncio no jornal..." "Não foi demasiado imprudente?" pergunta. Com a melhor das intenções os ricos esfolam os pobres. A pergunta é o único tijolo que a sustenta. Ela fala da dor, os gestos de humilhação sobram-lhe. Não ter nada no nosso tempo é o desemprego. A fome é não ter trabalho. Não ter valor, não potenciar nenhum acto de estima pelas coisas, pelo mundo. Fugiu para a Holanda porque dentro dela já não existia. Só lhe resta a TV, a raiva e a dignidade. Existem perguntas que nunca se fazem. Estão coladas na pele, no dorso de dentro, nos fios cortados do choro. Há perguntas que não têm cicatrizes. Os ricos, a televisão, os profissionais das perguntas, não podem viver inchados de intenções. Diante dos pobres a intenção mata. Os "prós e contras" desta semana foram salvos pelo António Esteves Martins. Se não fosse ele, a bomba teria estourado. Os pobres seriam farrapos, escória, vazos de lixo. A parte de dentro de um homem, o que está lá no fundo, é inantigível. É o lugar de mistério, de tensão.

As palavras e A Palavra!!

Há Palavras que ecoam aos nossos ouvidos e nos remetem para cânticos que nos são dados cantar juntos!

Hoje na liturgia, O Senhor, através de Paulo, lembra-nos que:
Nós não nos pregamos a nós, mas ao Senhor!

Segue-se que não resisto a publicar, neste dia, a restante letra de um cântico nosso (de todos os cristãos cuja alma não resista a cantá-lo!):

«E apenas o fazemos por Seu amor.
Das trevas resplandeça Luz - disse Deus,
e foi Ele quem brilhou no coração dos Seus.

Trazemos porém, este tesouro
em vasos de barro,
para que se possa ver
vir de Deus esse poder.


Em tudo somos atribulados e perseguidos
mas não desamparados
e nunca vencidos!
no nosso corpo levamos
sem cessar
a morte de Jesus,
para a Sua vida manifestar!

Trazemos porém, este tesouro
em vasos de barro,
para que se possa ver
vir de Deus esse poder...»

Faço votos de que Deus sempre nos faça transparecer a Sua presença!
Abraços a todos, no Senhor!

A Abelha e a Barata

O que distingue a Abelha da Barata?

A Barata diante de um campo de flores e um montinho de lixo, escolhe o montinho de lixo.

A Abelha diante de um montão lixo e uma flor, escolhe a flor.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Camões por nós

Vi jeitos do homem ser saneado nos dias tumultuosos de Abril, associaram-no ao Estado Novo, às longas celebrações do dez de Junho, à guerra colonial, por tudo isso, Camões estava no banco dos réus!
Mas a memória é curta, porque por outras provações já tinha passado o poeta enquanto morto!
Pode dizer-se que tudo começou em 1880, numa iniciativa para celebrar o terceiro centenário da sua morte, data entretanto adquirida através de um documento perdido na Torre do Tombo. As comemorações foram um êxito o que aguçou o apetite do emergente partido republicano que não mais descansou enquanto não se apropriou de Luís Vaz. Apropriou-se primeiro da Câmara de Lisboa e de imediato decretou o dia dez de Junho como feriado municipal. A estratégia era clara, tratava-se de assegurar uma solenidade laica e republicana que fizesse o contraponto com a festa religiosa e popular do Santo António. Aproveitava ainda o clima de arraial e confusão para realizar as suas manifestações contra a monarquia.
Camões estava de novo em maus lençóis, tornara-se republicano e ateu! E carbonário!
A partir daqui, a vida do poeta transformou-se num verdadeiro inferno:
O Camões republicano é sucessivamente confrontado com o verso e o reverso da mesma medalha, exibe pedigree e é molestado por isso, vai defender as colónias e é criticado por isso, sem saber mais o que fazer, disfarça-se com múltiplos apelidos, e nos dias que correm, no seu dia, faz tournées para animar os emigrantes.
Se fosse vivo, se soubesse da independência a perder-se, exclamaria como da outra vez – “Antes a morte que tal sorte”!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A Herança

«O testamento, que indica ao herdeiro aquilo que legitimamente lhe pertence, transmite ao futuro os bens do passado. Sem testamento ou, para aclarar a metáfora, sem a tradição – que escolhe e nomeia, que transmite e preserva, que indica onde se encontram os tesouros e qual o seu valor – é como se não existisse continuidade no tempo e como se, por conseguinte, não houvesse nem passado nem futuro, em termos humanos, mas apenas a perpétua mudança do mundo e o ciclo biológico dos seres vivos.»

Uma excelente explicação do que é a tradição, feita por Hannah Arendt no seu livro
“Entre o Passado e o Futuro” e que recomendo vivamente. Uma imagem tão certeira do pensamento dominante actual do ocidente, que de tantas e variadas formas tem insistido em renegar os 'bens do passado' . Arendt, no mesmo livro, faz uma citação de Tocqueville, como que enunciando a condição deste homem que renega a tradição: « Desde que o passado deixou de projectar a sua luz sobre o futuro, a mente humana vagueia nas trevas ». Na ‘mouche’.

História de algibeira (7)


Virgílio Machado (1859-1927) foi médico do Hospital Real de S. José e desde cedo envolveu-se nas pesquisas sobre a electricidade médica com o casal Curie. A este ilustre médico se deve a introdução dos raios X em Portugal. Virgílio Machado (o primeiro de 21 irmãos da família Machado, todos com nomes de personagens clássicos, entre os quais se destacou também o pedagogo Achiles Machado) viveu e morreu no prédio nº 232 da Avenida da Liberdade, devido às “queimaduras” originadas na manipulação dos aparelhos de raio X.

domingo, 10 de junho de 2007

O Brilho das Imagens


Hoje, em dia de Portugal, de Camões, das Comunidades Portuguesas e ainda do Anjo de Portugal, fomos - pais e filhos - ao Museu Nacional de Arte Antiga ver a exposição de Pintura e Escultura Medieval do Museu Nacional de Varsóvia (Séculos XII-XVI) que ali está patente só até ao próximo dia 17.
Pela primeira vez na história do Museu de Varsóvia um conjunto tão vasto de obras de arte medieval pode ser visto fora das salas do mesmo e como vale a pena a visita.
As obras expostas enquadram-se no "gótico pleno e no tardo-gótico" e são na sua maioria anónimas, o que é comum para o período em causa.
A passagem da exposição por Lisboa conferiu-lhe também um título próprio, indo a exposição buscar o seu nome ao brilho do ouro, utilizado em abundância nos fundos das pinturas.
Tratam-se de “peças que brilham" em todos os sentidos e para nós brilharam de forma especial duas obras em madeira policromada de uma beleza e riqueza de expressão que nos deixam em silêncio. São elas o “Repouso de Cristo” e o “Crucifixus Dolorosus (chamada Cruz dos Místicos).
Não deixem de ir por lá enquanto é tempo.

A Palavra

Evangelho segundo São Lucas 7, 11-1

Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.

Da Bíblia Sagrada

sábado, 9 de junho de 2007

Quo Vadis Europa?

O Instituto de Política Familiar (IPF), sediado em Madrid, acabou de emitir o relatório "Report on the Evolution of the Family in Europe 2007", sobre a situação da população europeia.

Este documento, apresentado ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia - entre outras entidades, incluindo a comunicação social - chama a atenção sobre "a deterioração do panorama familiar" europeu, e apela à promoção da família tradicional como instituição, ao reconhecimento do direito fundamental dos pais à educação dos seus filhos, e à adopção de políticas que suportem o desenvolvimento e o bem-estar da família.

De acordo com o relatório:
  • Todos os 25 segundos é abortada uma criança (uma taxa que excede de longe qualquer outra causa externa de morte na Europa, incluindo os acidentes de trânsito, a SIDA e o suicídio).
  • O número de casamentos baixou 22,3% desde 1980.
  • A cada 30 segundos consuma-se um divórcio.
  • Um em cada três bebés Europeus nasce fora do casamento.
  • O modesto crescimento da população é atribuível quase exclusivamente à imigração.
  • Por cada 13 euros que a Europa canaliza para despesas sociais, apenas 1 é atribuído à família.
O IPF insiste com o Parlamento Europeu para que se adoptem "critérios genuinamente orientados à família" e propõe um conjunto de medidas sociais, económicas e culturais para a sua promoção como principal pilar da sociedade.

[Baseado no artigo European Parliament Urged to Support the Traditional Family, publicado pelo Catholic Family and Human Rights Institute].

Este relatório é deveras preocupante mas os detentores do poder andam a brincar e só estão preocupados em legislar o divórcio, o casamento gay e o aborto a pedido...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Porque há sempre o invisível...

Quero aterrar!! Aonde?

Vamos falar claro :o mais difícil é sempre aterrar.Se é verdade, e entre os técnicos isso é consensual, que a Ota é uma zona húmida e que apenas 1% do território tem estas características , não se percebe porque não se pousa. Se isto é claro e evidente onde está o problema? Portugal, hoje, em termos agrícolas é o que é e vamos ocupar umas poças de água para fazer o aeroporto?? Olhem a França, perdeu os anéis, a língua,o estruturalismo, mas salvou as couves e as cenouras. Perguntem aos italianos e aos alemães que eles sabem! Então o problema é outro. A história da Ota de onde vêm? Quando começou? Quem tomou as decisões? De quem são os terrenos da Ota? Que especulações financeiras têm sido feitas desde que se soube que os aviões iam mergulhar nas águas?O que sabemos deste jogo subterrâneo? Duas coisas sabemos muito básicas e sábias.O governo vai aterrar e os terrenos estão encharcados de rãs.E o povo do outro lado, as margens estão sempre no deserto, diverte-se a buzinar.Este é um momento único de cidadania, de afirmação. O aeroporto na Ota é um erro.Ponto final.O autismo é um delírio, uma vingança sem rosto.Lembrem-se da morte de Júlio César, o romano, o imperador.Sòcrates está ali.Da janela do avião vai-se vingar.Tirou-nos as couves mas deu-nos onde aterrar. Mas onde?

P.S. 1 - Até hoje nenhum jornal fez uma investigação a sério sobre os terrenos da Ota.Certo, essa brincadeira da licenciatura serve para morder os calcanhares...onde está a verdadeira força e independência do jornalismo português?
P.S.2 - No "Pós e Contras" viveu-se mais um momento de terror quando se juntam os autarcas portugueses...a maneira como falam da sua terra, a ganância, o oportunismo, a vaidade.Sem grandeza na alma, sem poesia.Que gente é esta que fala sem pensar?

Descubra as diferenças

Os nossos vizinhos também fizeram o mesmo concurso que nós, também escolheram pelo telefone “Os grandes espanhóis”, e fizeram-no sem dramas, sem complexos, em clima de entretenimento, foi momento de cultura e de festa comum! O tema serviu para unir os espanhóis e para levantar bem alto o nome da Espanha.
Isto é o que qualquer observador conclui quando olha para os nomes que ocupam os dez primeiros lugares: o Rei Juan Carlos ganhou naturalmente, ele é o indiscutível representante de todos os espanhóis, e da sua história, é a imagem da grande potência que é hoje a Espanha. Ladeiam-no no pódium, Miguel Cervantes, imortal criador de Dom Quixote de La Mancha, e o navegador ‘português’ Cristóvão Colombo! Mas também a Rainha Sofia e o Príncipe Filipe estão entre os primeiros. Sem surpresa, a alma espanhola não se esqueceu de Santa Tereza de Ávila! Completam o quadro dos mais votados, o grande cientista Ramon e Cajal, o pintor Pablo Picasso, assim como Francisco Suarez e Filipe Gonzalez, primeiros-ministros que ajudaram a Espanha a fazer a transição do franquismo para a monarquia plena!
Que diferença para o que aconteceu entre nós!
Ressabiados, usámos o concurso como arma de arremesso, uns contra os outros, resvalámos como sempre para o jogo infantil dos bons e dos maus, e não conseguimos fazer justiça a ninguém.
Eu sei que era só um concurso…mas que diferença!

Livro do Papa


"Jesus de Nazaré”: 1,5 milhões de exemplares
O livro de Bento XVI sobre Jesus ultrapassa um milhão e meio de exemplares vendidos. Até agora foi publicado em Itália, na Alemanha, Eslovénia, Grécia, Polónia, Estados Unidos, França e Reino Unido.2007/06/02
42 editores de todo o mundo fizeram acordos para a publicação desta obra. O livro está a ser traduzido em 30 idiomas.
Esta análise histórica e teológica da figura de Jesus fundamenta-se num rigoroso trabalho científico, desenvolvido por Joseph Ratzinger durante mais de 50 anos. Ao longo da sua vida, o actual Pontífice publicou mais de 600 artigos e 100 livros.Em “Jesus de Nazaré” o autor convida o leitor a aproximar-se de Jesus como a Cristo Salvador e a percorrer, como os discípulos, um tramo da vida pública do Nazareno, desde o baptismo no rio Jordão até à chegada ao monte da Transfiguração.Na Transfiguração anuncia-se já o tema que constituirá o centro da segunda parte do livro. Aí, o Mestre permite aos seus discípulos, Pedro, João e Tiago, que comecem a intuir algo mais acerca do mistério da sua Pessoa.Recentemente, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone, disse que o Papa "já começou a trabalhar na segunda parte. Há pontos sobre os quais aprofunda, medita e também reza: é um ritual que ele realiza desde que foi docente universitário", afirmou.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Post Scriptum

Apercebi-me de algumas amargas reacções a esta minha crónica. Naturalmente as generalizações são perigosas, e por isso peço desculpa por alguma inevitável injustiça revelada – deixei-me embalar pelas palavras. Concordo que há muitos e bem intencionados profissionais da saúde mental e sexual a trabalhar empenhada e generosamente pela recuperação e bem-estar dos mais variados e desesperados casos humanos. Nessa crónica, além de querer afirmar a minha falta de crença nestas novíssimas ciências, tinha a intenção de embirrar com os "psico gurus" oficiais do regime, tipo Vaz, Sampaios, Dias, Sás e demais narcisos bem-pensantes que inadvertidamente nos arriscamos a aturar regularmente nos media.

terça-feira, 5 de junho de 2007

O pensamento e a vida

Por um mero acaso, num monte de jornais perdidos, encontrei uma entrevista com Eduardo Lourenço.É na Pública de 13 de Maio. É uma conversa fabulosa, enorme.Aqui lemos os actos escamados pelo tempo, o pensamento torcido com a vida, a dor da memória. Deixo apenas alguns exemplos. A infância - "Uma imagem que me marcou muito, de um certo terror, foi uma imagem de vermelho- penso que seria um camião que distribuia carnes." Maio de 68- "A cultura de referência marxista era hegemónica nas universidades francesas.Isso terminou em Maio de 68 que, na aparência, foi contra o gaullismo,mas, na verdade, era um outro marxismo, uma outra esquerda,que vinha combater o PCF." Alargamento da União- " Discute-se se a Turquia deve entrar na nossa União e ignora-se a Rússia, que faz parte da Europa desde que nasceu ou desde que se converteu à fé ortodoxa.É espantoso haver esta cegueira."A televisão - " Estamos todos na mesma casa de banho.Continuamos numa ilha, agora com vistas para o mundo inteiro, mas que são só vistas." Fernando Pessoa -" Servi-me do Fernando Pessoa para ir para um outro sítio, onde não possa ser localizado." Estado Novo - "Não me valham contar histórias. Em 45 uma parte do povo português, se não tinha pelo regime um entusiasmo delirante,aceitava-o.Só uma minoria contestava-o." O cristianismo - "... considero que os valores do cristianismo não desapareceram, se é que alguma vez entraram como deviam.Penso que esses valores são ainda o futuro do passado, e não a sua morte." Portugal - " Os portugueses foram para todo o lado, mas nunca saíram, levaram a casinha com eles." Esta entrevista é um rasgo de luz.É sobre nós, a nossa vida.

Negrão pouco claro

Telmo Correia, candidato pelo CDS à Câmara de Lisboa, questionou Fernando Negrão sobre a coerência lembrando que o actual cabeça de lista do PSD era contra as salas de chuto, mas tem na sua lista o mesmo vereador que as promoveu! Com efeito, foi Sérgio Lipari, então vereador de Carmona Rodrigues, o grande entusiasta das chamadas salas de injecção assistida. Recorde-se entretanto que estes equipamentos foram aprovados em reunião de câmara de 30 de Novembro de 2006, com os votos favoráveis do PSD, PS e Bloco de Esquerda, a abstenção do PCP, e os votos contra do CDS-PP.
Fernando Negrão defende-se dizendo que as salas se destinam a prestar assistência aos toxicodependentes e que a ‘injecção assistida’ seria um último recurso!
Ora bem, todos se recordam do triste ‘prós e contras’ em que este tema foi debatido na RTP. Todos se lembram do escasso tempo de antena concedido a quem não era favorável a estas salas! A benefício dos respectivos propositores, onde não passou despercebido este Lipari, de quem Carmona se queixou, acusando-o de sonegar informações e de estar na Câmara para servir o partido!
Por isso Fernando Negrão, que já foi presidente do IDT (Instituto da Droga e Toxicodependência) tem que ser mais claro, não pode refugiar-se em sofismas quando existem questões de princípio envolvidas. Nesta área o utilitarismo não pode prevalecer sobre a dignidade humana – as salas de chuto, por mais voltas que queiramos dar, correspondem sempre a uma desistência. Não estamos a ajudar ninguém.

Sou um rato

Um rato e um elefante passeavam no deserto, quando subitamente o rato olha para trás, exclama para o elefante:
- Já viste a poeira que estamos a levantar?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Eurotalk

Sou um pouco suspeito mas aqui está um importante novo blog (http://eurotalkiac.blogspot.com) que espero venha a ser rapidamente um sério marco na discussão sobre esta Europa que andamos a tentar construir.

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Crónica mal comportada

À conta da latente ou declarada depressão de um exército de inadaptados e excluídos sociais patrocinados pelo inefável regime do sucesso, das aparências e do consumo, vive uma incomensurável trupe de intrépidos profissionais da psiquiatria e psicologia clínica. No topo da pirâmide social, nesta nova classe de obscuros feiticeiros tribais, há-os para todos os gostos e maleitas da telha, da pila e da falta dela. Com a árdua tarefa de justificar o inexplicável, normalizar a excepção, especializados num menu variado de complexos, encontram um manancial inquantificável de freguesia, vítimas do sistema predatorial e materialista do socialismo neo-liberal contemporâneo. Um regime promotor do mais forte, do mais hábil, do chico mais esperto, da degradação da estrutura familiar e da legalíssima ausência de valores. Todos bons rapazes desde que bons contribuintes.
Com mais ou menos resultados, com mais ou menos psicanálise, com mais ou menos químicos e drogas legais, com mais ou menos internamentos, suicídios e demais efeitos adversos, esta nova fidalguia do regime pulula nos mais inúteis institutos e organismos estatais. São os novos inquisidores da nação, moralistas e carniceiros das almas, caridosos oráculos pós-modernos, que se dedicam esmeradamente a debitar as regras da nova moralidade nos órgãos oficiais de comunicação. Encontramo-los a verberar vulgaridades e redundantes lugares comuns sempre politicamente correctos na mais selecta revista feminina ou encarte de entretenimento dominical, ao lado da rubrica de astrologia, num qualquer jornal, rádio ou televisão. Sempre em benemérita promoção das mais radicais e estimáveis minorias. Estes novos e populares cientistas da existência, emitem despudoradamente um discurso sempre redundante e vazio, que não é mais do que a imperativa fórmula de segurar as suas mais suculentas franjas do mercado. Afinal somos todos “porreiros” desde que paguemos a conta da consulta, seja privada ou através da previdência social. Jamais mordas a mão que te dá de comer...
Tragicamente vi passar pelas mãos destes “feiticeiros da psique”, gente boa que nunca mais foi gente, gradualmente enterrada em químicos e relativismos alienantes, psicoterapias e demais placebos. Ironicamente tive a sorte de constatar o seu sucesso na intervenção terapêutica em gente que sempre me parecera saudável. E como tal resistiram úteis cidadãos. Apesar de tudo.

Esta minha crónica foi inspirada por este benevolente texto do João Gonçalves sobre os Sampaios da nossa vida.

domingo, 3 de junho de 2007

Adeus Aeroporto

Na minha mais tenra infância o aeroporto de Lisboa era para mim uma referência importante!... Morava no Areeiro e, volta não volta levavam-nos, a mim e aos meus irmãos, a "ver os aviões". Era uma aventura! A maior parte das vezes, ficávamo-nos pela sebe de onde podiamos observar de longe o movimento dos aviões.

Nuns raros dias especiais era uma festa: íamos até lá dentro! Não havia qualquer controlo. Era só entrar (terrorismo? O que era isso?)... A porta rotativa à entrada era a delícia da pequenada. Lá em cima, na esplanada, parecia-nos quase conseguir tocar nos aviões! Lembro-me de ali ter estado algumas vezes com o meu avô, concentrando todas as atenções naquelas máquinas espantosas, naquele mundo de magia...

Hoje, o aeroporto continua o mesmo embora já não se lhe reconheça nada do original. É um local desagradável como a maioria dos seus congéneres, está atravancado, funciona mal e não tenho dúvida que já não serve como deveria servir. Não me parece além disso, que valha a pena arriscamo-nos a ter de acordar um dia com uma qualquer aeronave escaqueirada no meio da Av. da República. A questão está agora portanto em decidir-se duma vez por todas onde será construído o novo aeroporto.

As razões a favor da Ota, invocadas pela esquerda, são grotescas e insultuosas. Se tivessem transmitido as suas verdadeiras razões, teriam possivelmente escandalizado menos a população. Um governo mais à direita teria sido pura e simplesmente trucidado mas, decididamente, a comunicação social está contigo, Sócrates amigo. Portanto, por falta de qualquer argumentação válida, já se percebeu que Ota não é opção séria!

Formulo entretanto uma pergunta. Existem três bases aéreas militares à roda de Lisboa (Montijo, Alverca e Sintra)! Tendo em atenção a impressionante dimensão da nossa gloriosa força aérea, a pergunta é: Para quê?!...

Considerando que Alverca e Sintra não seriam elegíveis por razões de dimensão e/ou localização, a escolha torna-se óbvia! Até está decidida a construção duma nova ponte para lá, o que não só resolve futuros problemas de acessibilidade, como dificultaria um pouco mais a vida aos terroristas. Além disso, sendo a zona rodeada de água por um dos lados e de deserto pelo outro, a possibilidade de danos colaterais em caso de acidente, seriam praticamente nulas...

O erro

Mendes, esta semana, cometeu um erro que lhe pode custar o futuro: na lista de Negrão para a Câmara estão dois vereadores que transitam do tempo de Carmona.Ora, isto em termos políticos é um suicídio e esvazia por completo todo um ideário. Mendes num certo sentido foi coerente. Não apoiou Isaltino, Valentim, e perante o estado em que estava a Câmara era difícil coser as pontas.Mas, assim, perde a legitimidade. Quem vai levar o onús da campanha é Negrão. O que está mal é da sua responsabilidade porque é o PSD que o apoia como apoiou Carmona. Ele é o continuador de Carmona e quem vai receber as críticas da campanha será ele. Mendes ilibou Carmona, liberta-o, e esfrangalhou a direita política. Mendes é um político hábil, inteligente, com muitos anos de tarimba, é um estratego por natureza, ás vezes brilhante, mas esta história da Câmara vai matá-lo.Para que serve votar Negrão? É possível mudar alguma coisa quando os veradores são os mesmos?

A Palavra


Evangelho segundo São João 16, 12-15


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».

Da Bíblia Sagrada

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Isto (não) é assim!

A rtp2 decidiu incluir na sua programação de hoje,um filme de animação sobre educação sexual,destinado às crianças dos 7 aos 11 anos. Numa experiência que dizem ser inovadora, passaram ontem o mesmo filme – supostamente para ajudar os pais a decidirem livremente (?) se o filme seria apropriado para ser visto pelos filhos – seguido de um debate, onde, vejam lá, entre quatro convidados, três eram fervorosos defensores do filme. Que neutralidade!
O exterior revela o interior, a forma desmascara a verdadeira intenção. E aliás, o título do filme traduz bem essa intenção prepotente. “Isto é assim”, se intitula, ou seja: esta é a única verdade, e é assim que todos têm de pensar e educar os seus filhos, ponto final! Mais, “essas famílias que pensam que não é assim, revelam insegurança e precisam de ajuda”, segundo as palavras desse ‘sábio preceptor, rico orientador da mocidade’ que dá pelo nome de Daniel Sampaio (alguém tem que ensinar a este senhor as regras elementares da boa educação).
Digno de um regime com a tendência, cada vez maior, para dominar e controlar as consciências. E a isto chama-se totalitarismo, para não dizer outro nome mais feio!

Quanto ao filme e ao seu conteúdo, muita coisa haveria a dizer, no entanto retenho uma:
A mensagem passada (vem de passa!) que o bem e o mal são realidades subjectivas. A certa altura pergunta uma das crianças: «Mas como sabemos se é bem ou mal?» Resposta: «Depende daquilo que sentes!».
Isto sim, cria insegurança! Fecha as pessoas aos outros. Gera solidão. E por isso os consultórios cada vez mais cheios, apesar de tanta informação e de tanta aparente liberdade!

De uma mentalidade burguesa do “penso logo existo”, passou-se para o extremo oposto do “sinto logo é verdade”, mentalidade do “peace and love e outras substâncias”.Esta é a mentalidade dominante, a que está hoje no poder. Esperemos que não dure muito.

Eu gosto de Música no Coração, da Mary Poppins e de Julie Andrews

E então? É isso que eu sinto e não tenho vergonha: Julie Andrews foi a musa da minha infância. Aliás, várias vezes “relatei” à minha filha de seis anos, o filme Música no Coração (Robert Wise – 1965) e recentemente até fomos todos ao teatro assistir à excelente adaptação do musical por La Féria. O filme marcou a minha infância e considero, para o género e à época, uma excepcional realização do cinema.
Compreendo que para as luminárias reinantes, herdeiras do jacobinismo “bem pensante”, o filme seja considerado mau e até algo perverso. O optimismo e a harmonia são duas perspectivas mal consideradas na dialéctica da luta de classes em curso.
Neste filme “conto de fadas” a Igreja Católica tem um papel digno, as freiras, para escândalo da nossa culta “polícia de costumes”, por uma vez saem das anedotas. Pior: uma família austríaca, burguesa e “fascizante” possui princípios e valores, enfrentando com coragem a encarnação do mal que no Ocidente é o nazismo. Finalmente inaceitável para a estética marxista, temos uma esplêndida banda sonora melodicamente vigorosa.
A minha filha Carolina (de forma diferente) encanta-se como eu me encantei. É seduzida com a figura maternal de “Maria” Julie Andrews, adora os vestidos das miúdas e as suas saias que fazem roda bem aberta. Trauteia canções de fácil memorização e, parece-me, acredita que o mal pode ser vencido e que o mundo é um sítio onde sempre poderá ser feliz.
De resto, quanto à urgência do erotismo nos heróis e mitos contemporâneos, parece-me que muita gente tem ainda de acordar estremunhada para uma dura realidade: a vida das pessoas comuns, se bem que regida pela sua sexualidade, nunca será euforicamente plena de sexo e embriagante romance. Essa é uma redenção que a sociedade de consumo nos quer vender há 40 anos. E essa será a grande depressão da modernidade.