sábado, 31 de março de 2007

Lamentação

Porque o grão feiticeiro ministro preparava ritos ferozes,
Porque vozes altissonantes eram vedetas da injustiça,
Porque dos seus tronos os parlamentares farsavam a democracia,
Porque quatro grandes búzios ecoavam mentiras,
Porque mulheres esqueciam ser mães,
Porque mães desfaziam-se dos filhos,
Porque o nome mãe poderia agora querer dizer perigo,
Porque tantas mães eram as primeiras a mentir,
Porque as próprias mães faziam pacto de agressão com os violadores,
Porque filhos eram atacados no ninho/mãe,
Porque se legalizava a caça nos ninhos,
Porque nas casas vidros-virtudes quebradas diziam desconforto,
Porque as casas eram agora lugares onde viviam mentiras maioritárias,
Porque nas casas mais conforto trouxera mais decadência,
Porque o que fora um povo pobre de marinheiros
era agora um estado de pobres funcionários estéreis,
Porque as causas eram orquestradas por funcionários chefes,
Porque a verdade traficava-se pela visibilidade,
Porque a verdade era abortada para se poder abortar,
Porque a verdade era a única que não tinha direito a ter corpo,
Porque clérigos da ordem de Judas diziam solidárias mentiras,
Porque os do sangue de Judas agora eram príncipes nos jornais,
Porque apareceram muitos à direita a idolatrar soluções eficazes,
Porque na esquerda juravam solidariedade apenas com quem chorasse ao microfone,
Porque embora certos íamos ameaçadamente sozinhos,
chorámos lágrimas de honra:
pelos que nunca experimentariam a segurança de dizer ‘mãe’,
sem abrigo num seio corredor da morte;
pelos grandes que tinham mil razões justas para silenciar os pequeninos;
por um povo que sonhava futuro estar bem, sem abraçar a defesa de seus filhos;
nós, que sob os rios de Babilónia
dissemos a nossa lamentação,
súplica prenhe
de esperança:
Maranathá- Vem Senhor Jesus,
Oh! Vem depressa!

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