sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Aix

Os franceses chamam-lhe assim. So Aix. Aix-en-Provence dizem todos os estrangeiros. Se fosse possivel escolher um lugar, uma cidade, uma ideia, uma luz era aqui. Na estaçao de S. Charles, em Marselha, a esquerda, apanha-se um comboio regional, pequeno, estreito. Toda a gente folheia jornais regionais, quase ninguem toca nos jornais de Paris, e demasiado longe, o mundo e outro. A estaçao de Aix e pequena, duas linhas, para norte e Sul, e depois entra-se na luz, na claridade, em Cezanne, o mais belo pintor do tempo que ainda e o nosso. Existe um carossel onde as crianças brincam, existe algum lugar em França onde nao exista um carossel? E sabado a tarde e na Place Maribeau, o centro de Aix, so existe o silencio e as flores e a catedral e as ruelas por onde a luz nasce. So existe um pequeno rumor de um grande ecran onde se ve o jogo de raguebi, a França joga e e o desporto amado pelos franceses. Procurar a luz e procurar a essencia dos objectos, o que eles sao, a realidade. Cezanne e o pintor da luz, dos objectos que procuram uma ordem. As flores brilham, pendem das varandas e as casas projectam uma luminosidade e uma beleza que sufocam. Existe sempre referencias a Cezanne , a sua casa, as suas pinturas. A luz e o centro, e o misterio, o silencio perpetuo. Volto a Marselha no comboio e leio o jornal de Paris. Na pagina 13, ao fundo uma pequena noticia: um restaurante esta a vender pizzas com marijuana e um jornal publicou a receita o que esta a causar indignaçao na populacao local. A luz de Aix nao termina, a luz e o lugar.

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