domingo, 12 de agosto de 2007

A Torga

(No dia em que se festejam os 100 anos do seu nascimento)

I

Nervos tensos em direcção à liberdade
sem jamais te ajoelhares livre,
até de ti mesmo.

Revolta de adolescente perpetuada
na saturação da Casa,
sempre a dizer não.

Sempre a solitária coragem,
gémea do medo
ao sabor da comunhão no Sangue.

Teu o desejo de aventura,
margeando o Caminho,
sem te abeirares da sua graça.

Cantos à justiça que mutuamente nos devemos
alevantados numa memória ferida por todas as fomes,
mas que recusou o Pão.

Que pena tua pena
de poeta,
sim,
mas de poeta santo
não.

II

Sabe, porém,
que nunca te esqueci
Sou o teu irmão Abel.
embora nos dias das tuas palavras amargas
me julgues mais parecido com o ressentido Caim.

E venho hoje agradecer-te
o quanto vindimaste para mim,
ó homem duro do douro tão amado:
Vertigens, paisagens perigosas que transportamos em nós.
Brusquidões, vulcões por dentro e por fora.
Descrição, navegação certeira no oceano da vida.
Nobreza, grandeza no espanto face à terra.
Intuição, fruição do que desponta de único nas gentes.
Alento, rebentar a querer dizer.
Mirad’oiros, versos nascidos nas fragas,
lá onde a beleza te inflamava.

3 comentários:

Anónimo disse...

Somos-Lhe Gratos! Também por esta Alma de poeta cristão que Deus lhe deu.
CatFons

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Caro autores, venham ler, se quiserem, lá no www.ailhadosamores.wordpress.com o poema de A.Nobre a Nossa Senhora, e ouvir a Jessie Norman e a Sumi Jo... Vão gostar, sobretudo do poema, se por acaso não conhecem! Acho eu pelo menos... Nem que Nobre ´´só'' tivesse escrito aquilo!...

Cumprimentos

Anónimo disse...

Pena, pena.
Sim, não.
Santo Santo,
É o Senhor
DEUS do Universo... ... ...