"Uma imagem de Portugal"
Porque tal como o Pe Tolentino Mendonça, também cá em casa quando vimos a fotografia no Público de Sexta-Feira passada ficámos com a respiração suspensa e com a cabeça e o coração em turbilhão. Porque quer a fotografia, quer o texto dizem muito acerca da Vida e do que se vive em Portugal e também porque, através de um dos técnicos do INEM a quem foi dado ajudar a este nascimento, conheci esta realidade logo no dia em que o bebé viu a luz deste mundo, não resisto a deixar aqui este GRANDE TEXTO a propósito do 8º prémio fotojornalismo Visão/BES com que hoje me cruzei no site da Ecclesia:
«Uma imagem de Portugal
Que Augusto Brázio é um fotógrafo fabuloso já o sabíamos. Diante da difícil prova que é fotografar um rosto ele sai quase sempre vencedor. E eu diria que é porque não o quer capturar. Mesmo próximos, os rostos mostrados por Brázio, mantêm a sua distância e reserva. Olham para nós, mas a partir do que lhes é próprio. Por isso, nunca são planos, nem banais. Porém, mesmo sabendo isso, a fotografia com que ele acaba de ganhar o prémio fotojornalismo de 2008, tirou-me, por momentos, a respiração. Sem perceber como, os olhos já estavam embaciados, e o tempo corria sem que eu tivesse coragem de passar à notícia seguinte.
«Uma imagem de Portugal
Que Augusto Brázio é um fotógrafo fabuloso já o sabíamos. Diante da difícil prova que é fotografar um rosto ele sai quase sempre vencedor. E eu diria que é porque não o quer capturar. Mesmo próximos, os rostos mostrados por Brázio, mantêm a sua distância e reserva. Olham para nós, mas a partir do que lhes é próprio. Por isso, nunca são planos, nem banais. Porém, mesmo sabendo isso, a fotografia com que ele acaba de ganhar o prémio fotojornalismo de 2008, tirou-me, por momentos, a respiração. Sem perceber como, os olhos já estavam embaciados, e o tempo corria sem que eu tivesse coragem de passar à notícia seguinte.
A legenda da imagem diz: “O INEM presta assistência a uma mulher de 19 anos cujo terceiro filho acaba de nascer em casa. Lisboa, Fevereiro de 2007”. “A mulher de 19 anos” é uma rapariga de um dos bairros pobres da capital, estendida numa maca de ambulância, a cabeça reclinada ao lado direito, presa a uma máscara de oxigénio, enquanto abraça com delicada firmeza o seu recém-nascido. Ela tem uma camisola ou um roupão rosa e o filho está (como o Outro Filho, de que reza a história) “envolto em panos”, de cor azul.
Quem já contemplou uma “Madona con il Bambino”, de Rafael, Boticelli ou de qualquer um dos grandes mestres já viu tudo o que aqui tem diante dos olhos. O mesmo grito impávido, um inenarrável desamparo, o mesmo abraço fragilíssimo e poderoso àquele que gerou. E a certeza de que nenhuma história é mais humana e mais sagrada do que esta. Mas, nem por isso, perante esta fotografia nos deixa de sobrevir uma vontade de chorar.
Portugal é um país estranho. As estatísticas dizem que o número de pobres não deixa de crescer, e o desnível económico entre os grupos sociais é um dos mais altos entre os países da Comunidade. As notícias sobre compensações e reformas milionárias chocam-nos cada vez mais remotamente. A euforia de um liberalismo arcaico, travestido de modernidade, aparece como receituário. E a inconsciência social ganha espaço como se fosse uma fatalidade. A imagem de Augusto Brázio vale por milhares de palavras.
José Tolentino Mendonça»
10 comentários:
PL,
Não confunda "liberalismo arcaico" com liberalismo.
Essa imagem é possível, até mais, é instanciada em todas as sociedades do Mundo, agora e sempre.
Acontece com todas as mães (aparte certas patologias da psique - também muito estudadas).
Confundir alhos com bugalhos, a partir desse nobre sentimento retratado, e que extravaza mãe e filho para nos iluminar a todos, ficaria mal em quem preza o pensamento filosófico nos seus posts.
Compreendo o apelo poético. Mas de facto não há aqui qualquer implicação necessária com ideias tais como liberalismo/conservadorismo ou sacralidade/areligiosidade.
E é muito feio utilizar estas coisas para justificar as loucuras do vosso blogue.
De qualquer maneira, Tolentino de Mendonça é sempre bem vindo. Parabéns por isso.
Cumprimentos,
João Resendes
As �nicas loucuras deste blog s�o os visitantes que nada compreendem e atiram granadas por tudo e por nada!
Fa�a umas f�rias Jo�o Resendes
Concordo, João Resendes. Esta gente do Vale de Acór deve andar toda a fumar erva!
Primo de Rivera
Quem é que vocês julgam que intimidam, jsm/zala/az/catfon? (Foram os últimos a postar no computador das fontes maradas).
Pobres anónimos do costume, bem me tenho preocupado com a sua saúde psíquica, mas parece que não há mesmo nada a fazer.Enfim, vá lá que a Deus nada é impossível, mas tal como nós eles são livres e portanto podem continuar a negá-Lo.
Enfim, coitadinhos, tenhomesmo pena deles.
Vera
O que tem Deus a ver com as ideias veiculadas neste blog, Vera?
Você é tão parvinha...
Primo de Rivera
óh "falange" então não sabe que Deus tem a ver com tudo... até consigo.
"la passionaria"
Viva!, "passionaria", como está? Tem passado bem?
Isto está só, mas mesmo só, um bocadinho surrealista!...
Salvador Dalí
Excelente post e excelente foto !
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