quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A história absolver-me-á

Fidel de Castro. Estudante nos bons colégios da oligarquia de Havana. Formado em direito, advogado determinado dos opositores ao regime do corrupto Fulgêncio Baptista, rapidamente tornado o porta-bandeira da pretendida revolução, fica senhor de Cuba em 1959.

Era um chefe. Quase 5 décadas completas de império, na ilha, dispensam qualquer necessidade de argumentar em favor da sua autoridade.
Desafiou, humilhou, resistiu, aos EUA. Mérito seu, certo. Mas, sandice também do país que se lhe opunha, sempre mais hábil nas coisas da tecnologia e logística do que nas subtilezas do jogo diplomático, na inteligência das relações e na criação de cenários favoráveis ás suas pretensões.
Recebeu incondicional apoio da URSS. Pudera! Ter um aliado ás portas da Florida não era coisa de somenos.

Mas Fidel foi grande sobretudo, na afirmação de uma nova mitologia. Todas as palavras sagradas da revolução (a começar por esta mesma) tinham um valor absoluto, quando propagandeadas nos paises dos outros: progresso, cultura, saúde, e principalmente liberdade...
Pai da revolução adoptou o feroz Che como filho da mesma. Quando as relações azedaram exportou-o. E todo o franchising fotográfico e ornamental anexo.

Mas é sobretudo na literatura, na literatura de suporte, que está o coração do milagre. Gerações de cubanos perseguidos por delitos de opinião. Prisões sumárias, condenações à morte, proibição de liberdade de religiosa, obstinação na ideologia deixando o seu povo à fome, traficando dólares, nesta fase final do regime, no turismo de prostituição. E tolerância máxima para Fidel na comunicação social.

Sim: A comunicação social é o segredo. Obstinada, corajosa, criativa, solidária, quando se trata de travar e expulsar um qualquer general que veio da direita. Compreensiva, boemiamente celebrativa, radicalmente anti-americana, passiva quando chega a hora de enfrentar Fidel.

Daí não podermos deixar de dizer ‘o rei vai nu’. Estranho que ainda ninguém se tenha lembrado de acenar para o que parece ser óbvio: Fidel já morreu. E para fazer a transição sem sobressaltos internacionais a coisa foi escondida. A prova do argumento? Não tardará 3 meses até assistirmos ao seu enterro de estado.
‘A história absolver-me-á’ escreveu um dia Fidel.
Duvido.

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