Semana Santa
Em direcção ao escritório, no meio do transito implacável, oiço as notícias do mundo em ebulição. A chuva bate forte sob as nuvens pesadas e tristes. A guerra, a governança, a bola, a economia, reverberam nos altifalantes do rádio enquanto o país que se prepara para alvorar pró Algarve, pró Brasil ou simplesmente prá “terra” nestas mini-férias de Páscoa. A minha terra é Lisboa e eu ficarei por cá.
Então vem-me à memória um tempo em que, na família e no bairro, vivia-se uma Páscoa cristã. Pondo-me a pensar melhor, se calhar isso era apenas uma ilusão minha, provocada pelo o ambiente familiar que reflectia uma certa sobriedade própria da Semana Santa. Em minha casa ou nos meus avós, os rituais preparatórios da grande celebração cristã marcavam aqueles dias, e o melhor que podia acontecer naquele tristonho início de férias, era uma futebolada com os colegas da catequese no adro da igreja, entre uma manhã de Retiro espiritual e a Celebração Penitencial. A televisão e a rádio também espelhavam aquele tempo de recolhimento, com muita música clássica, longas metragens bíblicas ou alguma série histórica. À Sexta-feira nem publicidade passava.
Com isto não quero dizer que nutra particular saudade por essa época, ou que tais modos políticos fossem especialmente virtuosos, antes pelo contrário. Reconheçamos que também não serviu para nada o facto de então todo o país ver teatro à segunda, cinema à quarta ou Nemésio ao Domingo. A incivilidade e o atraso cultural permanece aquilo que todos sabemos.
O que é facto é que hoje sinto falta de parar um pouco, de um pouco de silêncio... Que parasse por uns dias toda esta atordoante alienação sonora e visual em que sobrevivemos. Parece-me que há barulho a mais, propaganda a mais, correria a mais, um ambiente que condena os mais incautos à mais básica exterioridade. Nada predispõe ninguém a uma pacifica oração, meditação ou escuta interior. E é pelo coração que ouvimos, entendemos ou descobrimos o que demais importante a vida tem para nos revelar.
Para os cristãos é então tempo de parar, pois é para o coração que Jesus nos fala e assim nos redime. É pela nossa felicidade que um silêncio interior se torna urgente.
Então vem-me à memória um tempo em que, na família e no bairro, vivia-se uma Páscoa cristã. Pondo-me a pensar melhor, se calhar isso era apenas uma ilusão minha, provocada pelo o ambiente familiar que reflectia uma certa sobriedade própria da Semana Santa. Em minha casa ou nos meus avós, os rituais preparatórios da grande celebração cristã marcavam aqueles dias, e o melhor que podia acontecer naquele tristonho início de férias, era uma futebolada com os colegas da catequese no adro da igreja, entre uma manhã de Retiro espiritual e a Celebração Penitencial. A televisão e a rádio também espelhavam aquele tempo de recolhimento, com muita música clássica, longas metragens bíblicas ou alguma série histórica. À Sexta-feira nem publicidade passava.
Com isto não quero dizer que nutra particular saudade por essa época, ou que tais modos políticos fossem especialmente virtuosos, antes pelo contrário. Reconheçamos que também não serviu para nada o facto de então todo o país ver teatro à segunda, cinema à quarta ou Nemésio ao Domingo. A incivilidade e o atraso cultural permanece aquilo que todos sabemos.
O que é facto é que hoje sinto falta de parar um pouco, de um pouco de silêncio... Que parasse por uns dias toda esta atordoante alienação sonora e visual em que sobrevivemos. Parece-me que há barulho a mais, propaganda a mais, correria a mais, um ambiente que condena os mais incautos à mais básica exterioridade. Nada predispõe ninguém a uma pacifica oração, meditação ou escuta interior. E é pelo coração que ouvimos, entendemos ou descobrimos o que demais importante a vida tem para nos revelar.
Para os cristãos é então tempo de parar, pois é para o coração que Jesus nos fala e assim nos redime. É pela nossa felicidade que um silêncio interior se torna urgente.
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