quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Alexandre Sokurov

Primeiro conheci-o através de Pai e Filho, um filme cuja rodagem passou por Lisboa. Mais recentemente, vi também Mãe e Filho, outro filme dedicado por Sokurov ao mesmo ciclo das relações essenciais. Porque é isso que ele tenta e alcança na sua obra. Com particular intensidade e génio, capta em imagens de imensa atenção e beleza o mistério e dignidade das pessoas. Sem a linearidade de personagens, sem a demagogia do sensual, sem a redução do humano ao psicológico, eis que nos é feita a dádiva de um cinema intensamente humano, porque intensamente dramático e invocativo. Da palavra e presença de um Outro.
Finalmente, a razão de ser deste post: um pequeno texto que me chegou ás mãos com as suas opiniões sobre esta pátria. Luminosas.

"É um país espantoso, talvez o mais misterioso da Europa. Em Portugal há uma qualidade que me impressiona muito, a tristeza. Muitos portugueses foram pessoas geniais. Portugal será dos países onde há mais génios que não são conhecidos. São pessoas tristes que vivem para si, uma qualidade de experiência pessoal que os diferencia dos demais. E um carácter nacional inacreditável. Digo isto por intuição e não porque me baseie em algum conhecimento particular. Vocês têm uma grande quantidade de energia escondida. (...) É muito fácil encontrar portugueses numa multidão de europeus, do mesmo modo que numa multidão de asiáticos é muito fácil descobrir onde estão os japoneses. (...) Quanto mais Portugal se juntar ao espaço europeu maior será a tragédia da cultura portuguesa, ela estará cada vez mais próxima de um estado de choque, porque precisa de dar azo aos seus sentimentos para se desenvolver. É muito complexo. As misturas são muito complexas. (...) As formas artísticas populares são muito complexas. Mas elas existem, estão lá. Por exemplo, se os espanhóis (falo de espanhóis porque estão aqui perto) vos impusessem a sua forma de vida, as suas imagens, a sua cultura, seria um caos. Em termos fincanceiros e económicos, a união europeia terá muitas vantagens, mas em termos culturais a ideia inspira-me muita desconfiança e alarme, acho que é uma tragédia".

27 comentários:

Anónimo disse...

Não há diferença entre as palavras do Pe. Pedro, apoiadas em Sokurov, e o Velho do Restelo.

Realizaram-se os dois com Salazar, no que a Portugal diz respeito. Agora sentem-se mortos... e querem enterrar os outros no mesmo túmulo!

Não foi com gente desta que "demos novos mundos ao Mundo".

Anónimo disse...

Tal como o PP costuma dizer: o pecado gera tristeza. Na minha opinião, por Portugal não ser aquilo a que é chamado, vivemos na sociedade que vivemos e de muito nos queixamos e, pelo andar da carruagem, de muito nos iremos queixar nos próximos tempos...
Contudo, ainda resta a certeza: Spe salvi!

Anónimo disse...

E a que é que Portugal é chamado?

A serem vexas. a mandar em nome de Cristo?!

Vexas do Fora de Estrutura, que nem sequer sabem comportar-se em sociedade, querem arvorar-se em porta-vozes de Deus?

Tenham santa paciência!

JSM disse...

O anónimo, penso que seja o mesmo, não percebeu a intervenção do Velho do Restelo! Provávelmente por reduzir o percurso histórico lusíada ao exílio republicano! Talvez laico, talvez socialista! E que inclui o salazarismo. Explico: no Restelo, na partida para a Índia, o velho aconselhava que desístissemos da empresa, apresentando como alternativa ficarmos na Europa, onde seremos sempre periféricos. O Velho do Restelo privilegiava a segurança, e quando muito que fossemos combater 'o ismaelita cavaleiro' aqui ao pé, não no Iraque ou Afeganistão, ao serviço de interesses duvidosos. Em suma o Velho do Restelo é anónimo e não percebe que a cultura de que fala Sokurov, é uma construção de gerações, ininterrupta, sabe a sal e atlântico, conquista independência, não a perde, retira-nos da periferia onde seremos sempre dependentes, enfim, não soa a castelhano, nem recebe instruções de Bruxelas. E também não é orgulhosamente só, porque é solidária com os povos que precisam e que em nós confiaram e confiam. Claro que não é provinciana, tão pouco egoísta, não adora estar no 'clube dos ricos', não confunde desenvolvimento com crescimento. Ou seja, o negócio português não pode reduzir-se ao número e à estatística! Alonguei-me, (but) para este desentendedor meia palavra não basta.

Anónimo disse...

Já sabemos que vc explica tudo!

Também já sabemos que jsm é sumamente parvo!

Anónimo disse...

E nunca percebe nada...

Anónimo disse...

Mas não se preocupe, os seus companheiros de blog, quasi todos, não são melhores...

Anónimo disse...

E se quer saber, eu sou o 3º anónimo destes comentários.

Muito (des)prazer!

Anónimo disse...

E em minha opinião, Jsm é burro.

Anónimo disse...

E estúpido.

Anónimo disse...

Obviamente, JSM é ignorante.

Para confirmá-lo basta ler o blog Fora de Estrutura...

Anónimo disse...

E está dado o espectáculo!

Passemos adiante.

Unknown disse...

Publicar insultos como anónimo é no mínimo cobarde. Já agora, se não gosta do blogue e dos seus autores porque não vai infestar outras paragens.
Passe bem!

Anónimo disse...

Quando o jsm disser quem é talvez deixe de haver anónimos.

Quanto aos insultos, o Luís com toda a certeza não conhece este blog. Leia-o e depois falamos.

Anónimo disse...

Estes infelizes não perceberam nada outra vez! Podem ser anónimos, não devem é insultar se não se identificarem. Porque assim nõ são anónimos, são cobardes.
Com um desenho talvez lá cheguem. Talvez.

Anónimo disse...

Então identifique-se o jsm!

E essa senhora dos desenhos, deve ser imensamente estúpida.

Não se pode perceber tudo minha cara. Por que é que não vai cozer batatas?

Anónimo disse...

Fui ver para trás e, naturalmente, o insulto de cima dirige-se à Rita L. M.

JSM disse...

Mas eu já fui identificado! Sou sumamente parvo, burro, estúpido, ignorante, explico sempre tudo e não percebo nada. Com este curriculum... só falta a fotografia tipo passe! Ou outros sinais particulares que possam interessar a um agente de uma policia internacional de defesa do estado podem ser obtidos através de interrogatório competente.
Sem mais subscrevo-me atentamente.

Anónimo disse...

Esses atributo são comuns a muitos autores do Fora de Estrutura, pelo menos!

JSM disse...

Hoje acordei bem disposto e até compreendo a agitação que se produz no rebanho quando o Pastor toma a palavra. Por isso, vou recentrar o tema, entretanto esquecido: Alexandre Sokurov.
"No cinema sou um homem acidental. Quando acabei a escolaridade obrigatória não sonhava em absoluto com o cinema. Nem sequer o apreciava muito. E mesmo hoje não penso que seja a arte fundamental, essa é a Literatura...". Excerto de uma longa e interessante entrevista concedida pelo famoso cineasta russo, em 2005, a Alexandre Nunes Oliveira. Pode ser lida no blog - 11 de Julho.blogspot.com, se não me enganei no endereço.
Bom dia.

JSM disse...

Rectifico o endereço: '11dejulho.blogspot.com'

Carlos Leal disse...

JSM: não ligue ás torpezas dos 'no name boys'. Você é um senhor. Eles são uns rapazolas suburbanos pouco urbanos. Não discutem ideias: 'postam' o que lhes vai na alma - vulgaridades.
Por isso, depois de cada polémica, vemos crescer os fãs da classe, da graça e da inteligência de JSM...

Anónimo disse...

Pe Pedro

Obrigada
pela partilha do belíssimo texto de quem "vê" o mundo,
a Criação,
com o olhar do coração...
com a pureza,
(ou pelo menos o desejo dela)
no olhar.
Daquela forma que é a mais difícil de ser compreendida exactamente por ser a mais simples,
a límpida,
a da procura da Verdade.

ana

Rita LM disse...

Um esclarecimento ao(s) anónimo(s):

Posso ser imensamente estúpida, posso não ter percebido tudo, e o que mais vos apetecer.

Mas quanto à perspicaz dedução sobre "senhora dos desenhos", não ponham os neurónios a funcionar muito porque o resultado não é o melhor.

Até porque os meus comentários não são anónimos. Gosto que quem me insulta saiba a quem o está a fazer.

Mais um esclarecimento - cozo muitas batatas, para além de muitas outras coisas. Se calhar é mesmo isso que vos faz falta.

Anónimo disse...

Obrigado pelo esclarecimento, Rita LM.

Fica então o insulto em avanço, para a próxima asneira que vier escrever no blog. Como há-de compreender falta-me o tempo para acompanhar o seu ritmo.

Votos de frequente produção.

Anónimo disse...

Oh Carlos Leal,

Ou muito me engano ou esta porcaria já não tem leitores nenhuns!

Já só vejo o mesmo grupinho enquistado de sempre!

Anónimo disse...

Apesar dos comentários, avassaladores e sem resposta de anónimos, ainda há quem tenha esperança em Portugal.
M.Lobo