O Douro e os outros dias
Caramba!!! Hoje o dia está tão bonito!
O ar, os cheiros, as cores, uma certa temperatura com que o sol nos acaricia!
Estes dias fazem-nos lembrar outros tantos, igualmente venturosos, em que semelhantes (ou díspares – que importa!), raios, cheiros, ares e cores nos entram pela alma adentro, como amigos que nos visitam…
… Quando os rapazes hoje transportavam às costas os cestos de roupa, no seu trajecto vindimeiro de a irem buscar ladeira acima, veio-me à memória, como tantas vezes vem, uns certos dias do Julho anterior em que nos foi dado o Douro pelas mãos de Deus, do seu servo e amigo Padre Pedro, e de um outro servo que não sabia bem que o era – Miguel Torga:
“Covas do Doiro, 11 de Setembro de 1981 – Diferentes em tudo, até no ofício, um ao serviço de Deus e o outro ao serviço dos homens [não sabias tu que não se pode servir Um sem servir os outros, nem verdadeiramente servir os outros, sem que se sirva o Um!], nunca o julguei capaz de semelhante comunhão. Vinha a seu lado num deslumbramento mudo, docemente embalado no carro, que parecia um pião tonto a rodopiar pelas encostas enjeiradas reflectidas no espelho sinuoso do rio. Mas às tantas não resisti. Num ímpeto de confissão, murmurei:
– Só tenho pena de morrer por causa desta paisagem…
E ele, como num eco:
– Também eu…”
Miguel Torga,
in Diário – XIII volume, Gráfica de Coimbra, 1983.
Muito grata, Pe Pedro, por nos ter dado o Douro como o sente!
E por este sulco de saudade que nos ficou no coração!
2 comentários:
Torga escreveu textos lindos. E amava a sua terra. Cumprimentos.
Bonitas, a alus�o e a lembran�a do Douro que j� uma ou duas vezes percorri guiado pelo mesmo entusiasmo e sabedoria E no Douro, Torga � incontorn�vel!
Parab�ns pelo postal!
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