segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O povo

Ontem foi Madrid, hoje foi Roma. Eles estão ali no lugar onde sempre estiveram. Antes foram os pais, os avós, a família, a terra e a história. Não é gente nova, não inventam nada, têm apenas o dom de estar no lugar da pertença e da sabedoria. E reconhecer que a atitude perante a existência, do âmago da vida, é participar no coração dos actos que são os nossos. Existem coisas que são nossas, que são de nós: a terra onde nascemos, os pais que amamos, a família onde crescemos, os filhos que vimos nascer, as orações que aprendemos, o mar onde mergulhámos, a memória onde atámos o nosso ser. Estas coisas são nossas, de nós todos, de toda a gente. São o sinal daquilo que fazemos, os elementos dos quais somos parte. Quando os vemos em Madrid ou na praça de S. Pedro sabemos que o nosso lugar é ali. Que fazemos parte desta família, que a nossa casa é esta. Que este é o nosso sangue, que o sangue dos nossos filhos escorre nessas veias. Que ali se constrói o mundo pelo qual trabalhamos e queremos ter. A grande luta do nosso tempo é estar ali. Do lugar dos que procuram, da busca. O mais difícil não é o caminho, o caminhar para a frente, é o caminhar de frente. Com a face desvelada e o coração dócil. Lembro-me de uma canção que ouvia aos meus filhos quando eram pequeninos: " Come sei bella Italia cosí senza giorni di pioggia".

3 comentários:

Pe Pedro disse...

• Bravo Gito! Segue um contributo de um autor russo do século XIX.
Povo é uma realidade viva. “O povo não imita, como o publico: conserva a própria personalidade, apropria-se do que pede emprestado e faz seu o que vem do exterior. Muitas vezes, quando o público vai ao baile o povo lê um livro; quando o público dança o povo reza...O publico tem 150 anos; os anos do povo não se contam. O público passa o povo é eterno. O público tem o mundo, o povo a aldeia. O público e o povo tem os seus epítetos. Entre nós, o publico chama-se famoso e o povo ortodoxo.”
Aksakov

JSM disse...

Gostei!
Mas porque se reuniu o povo, tão súbitamente? Que ameaça o fez sair à rua? Que censura quer retirar a Cruz do espaço público? E quem impediu o Papa de se expressar? Resumindo: quem quer calar a Igreja?
Serão os monárquicos?!

Notas básicas (I): Em termos de chefia de estado só existem dois regimes sobre a Terra: monarquia e republica. E no Ocidente, o regime republicano, qualquer que ele seja, reclama sempre para si, os valores triunfantes da revolução francesa. Portanto, só se engana quem gosta de ser enganado, ou em alternativa, quem não consegue libertar-se dos seus complexos de inferioridade, que incluem a inveja.
(II) - Os partidos socialistas (onde se incluem os sociais democratas, excepto os portugueses, mas isso é outra história!), são republicanos, e apenas por uma questão táctica nâo levantaram ainda a questão do regime, nos respectivos países. Refiro-me ao PSOE do Zapatero e ao Partido Trabalhista do Blair/Brown.

Anónimo disse...

Obrigado Gito, por este texto cheio de Esperança. Também gostei muito do seu texto sobre a encíclica SPE SALVI do nosso querido Papa Bento XVI , fui logo a correr lê-la, deram -nos no Natal.
Viva a Esperança em Cristo Nosso Senhor e na Sua, nossa casa que é a Igreja.É mesmo como s.Paulo diz numa das suas cartas - "A realidade é o corpo de Cristo."
Um abraço,

Joana