sábado, 8 de dezembro de 2007



"Ó noite tu não tinhas tido necessidade de ir pedir licença a Pilatos.
É por isso que eu te amo e te saúdo.
E entre todas eu te glorifico e entre todas tu me glorificas
e tu me dás honra e glória;
porque tu consegues algumas vezes aquilo que há de mais difícil no mundo,
a desistência do Homem
o abandono do Homem entre as minhas mãos.
Conheço bem o Homem. Fui eu que o fiz.
Ainda se lhe pode pedir muito.
(…) com a minha graça, eu sei apanhá-lo a jeito. Pode-se-lhe pedir muito coração, muita caridade, muito sacrifício.
(…) mas o que não se lhe pode pedir, é um pouco de esperança.
Um pouco de entrega, um pouco de abandono nas minhas mãos.
Um pouco de desistência. Está sempre tenso.
Ora tu, minha filha noite, consegues algumas vezes, obténs algumas vezes isso
do Homem rebelde.
Que consinta, esse tal senhor, que se renda um pouco a mim.
Que distenda um pouco os seus pobres membros cansados num leito de repouso.
Que distenda um pouco sobre um leito de repouso o seu coração dorido.
Que a sua cabeça sobretudo deixe de andar.
E ele julga que é do trabalho, que a cabeça lhe anda assim”.

(Pórtico do Mistério da Segunda Virtude, Charles Péguy)

A vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Advogada nossa, Mãe imaculada, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei!

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