A má educação
Parece-me de quase total ineficácia a catequização da moral cívica oficial, pregada pelo regime no ensino escolar. Sei por experiência própria os resultados práticos das “lavagens de cérebro” efectuadas aos miúdos, massacrados desde a creche pelos bons princípios do amor à natureza, do amor à reciclagem e à solidariedade universal - bem mais bombástica e fácil do que a mesquinha e concreta “caridade” (palavra maldita) doméstica.
Sempre me pareceram deprimentes aquelas festas das escolas dos nossos miúdos (tenho em casa quatro saudáveis exemplares) em que as criancinhas, sob o olhar nervoso e cúmplice do pedagogo, ao ritmo duma dança étnica qualquer, apontam os ensaiados dedinhos aos progenitores babados, acusando-os pelo racismo ou a fome existentes no mundo... Ou no Natal aqueles bem intencionados presépios vivos, em materiais reciclados, ao som dum hino à “solidariedade”, em karaoke, contra a injustiça global. Incrédulo, ouvi os meus miúdos, chegados à 2ª classe, declamarem durante meses a "roda dos alimentos", também pintada a lápis de cera numa enorme cartolina. Isto até à próxima indigestão de chocolates ou gomas. Quanto ao seu amor à natureza, estamos conversados: sempre que nos distraímos, os higiénicos rotineiros “duches” dos miúdos dão para encher uma piscina municipal. Mais; há infindáveis anos que todos os dias de todos as semanas lembramos os adoráveis petizes para desligar as luzes que se acendem magicamente por onde passam. Quanto à propalada solidariedade é o que se sabe: basta observar atentamente a miudagem à pêra no recreio, a fanarem os cromos uns dos outros ou a gozarem até à náusea o mais fragilizado colega. Lá em casa, se não houver uma “ortopédica” voz de comando, bem vejo como funciona esse solidário cívismo principalmente se isso implicar o sacrifício dum interesse pessoal. Até a nossa mais pequenita, na hora de pôr a loiça na máquina, já aprendeu a refugiar-se “aflita” na casa de banho. Os irmãos, que não gostam de passar por otários, rapidamente reclamam, e lá se vai a preciosa harmonia no lar.
A batalha da “educação” trava-se principalmente em casa, e depende, além das referências do meio, da persistência e do exemplo categórico dos pais. Na escola, de onde Deus foi definitivamente banido, ensina-se o Mundo de acordo com a cartilha do regime. Na política, o que é importante é a ilusão de que vamos mudá-lo, amestrá-lo, mesmo que saibamos como desde sempre esse Mundo teima manter-se imutavelmente desconcertante, à imagem dos seus protagonistas.
Sempre me pareceram deprimentes aquelas festas das escolas dos nossos miúdos (tenho em casa quatro saudáveis exemplares) em que as criancinhas, sob o olhar nervoso e cúmplice do pedagogo, ao ritmo duma dança étnica qualquer, apontam os ensaiados dedinhos aos progenitores babados, acusando-os pelo racismo ou a fome existentes no mundo... Ou no Natal aqueles bem intencionados presépios vivos, em materiais reciclados, ao som dum hino à “solidariedade”, em karaoke, contra a injustiça global. Incrédulo, ouvi os meus miúdos, chegados à 2ª classe, declamarem durante meses a "roda dos alimentos", também pintada a lápis de cera numa enorme cartolina. Isto até à próxima indigestão de chocolates ou gomas. Quanto ao seu amor à natureza, estamos conversados: sempre que nos distraímos, os higiénicos rotineiros “duches” dos miúdos dão para encher uma piscina municipal. Mais; há infindáveis anos que todos os dias de todos as semanas lembramos os adoráveis petizes para desligar as luzes que se acendem magicamente por onde passam. Quanto à propalada solidariedade é o que se sabe: basta observar atentamente a miudagem à pêra no recreio, a fanarem os cromos uns dos outros ou a gozarem até à náusea o mais fragilizado colega. Lá em casa, se não houver uma “ortopédica” voz de comando, bem vejo como funciona esse solidário cívismo principalmente se isso implicar o sacrifício dum interesse pessoal. Até a nossa mais pequenita, na hora de pôr a loiça na máquina, já aprendeu a refugiar-se “aflita” na casa de banho. Os irmãos, que não gostam de passar por otários, rapidamente reclamam, e lá se vai a preciosa harmonia no lar.
A batalha da “educação” trava-se principalmente em casa, e depende, além das referências do meio, da persistência e do exemplo categórico dos pais. Na escola, de onde Deus foi definitivamente banido, ensina-se o Mundo de acordo com a cartilha do regime. Na política, o que é importante é a ilusão de que vamos mudá-lo, amestrá-lo, mesmo que saibamos como desde sempre esse Mundo teima manter-se imutavelmente desconcertante, à imagem dos seus protagonistas.
É fácil arguir contra a violência ou injustiça, queimar automóveis e partir as montras na rua em prol da harmonia no mundo. Difícil, difícil, é olharmo-nos com humildade cristã para melhorarmos o pouco que seja em nós mesmos - a única fórmula para benignamente influenciarmos o nosso pequeno meio. Organicamente. Mas essa tarefa, tão anónima quanto imensa, quase sempre esbarra com o nosso orgulho e interesse imediato. Para nos revolucionarmos “por dentro” quase sempre somos demasiadamente comodistas e dificilmente encontramos uma motivação peremptória. E cristalizamo-nos a um passo da verdadeira redenção, e a verberar contra os outros, contra o Mundo tão injusto, num acto de desesperada catarse.
2 comentários:
No ano passado, na creche do meu filho, também me deparei com este receio (que cada vez mais se torna em realidade): por ocasião do Natal, pediram aos pais que escrevessem uma frase/pequeno texto sobre o Natal, qualquer coisa como "O Natal é...". Foi com tristeza que constatei que eu (e a minha esposa) fui o único a escrever sobre Jesus, afinal de contas, d'Ele veio o Natal! Muito se escreve sobre a árvore de natal e todos se esquecem da Árvore da Vida. Muito se escreve sobre as luzinhas de natal e todos se esquecem da Luz do mundo. Este ano já estou a ver que vai ser a mesma coisa... e eu vou remando contra a maré, e cada vez são menos os que remam comigo...
Caro Joâo Távora
Nada melhor do que começar o dia a ler este postal simples e cristalino, que toca na base da educação, aquela que está à distância da nossa compreensão, da nossa acção, dos gestos diários. É fácil falar sobre a fome no mundo, sobre as injustiças sociais em terras distantes e ao mesmo tempo conviver com essas realidades sem dar por isso! Ridículos esses episódios que conta vindos de uma sociedade dos apetites satisfeitos!
Um abraço.
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