sábado, 24 de novembro de 2007

Alentejo

Porque a Sofia faz 40 anos.
E porque o Alentejo é a sua terra.

Portalegre
nome saudade de Portugal.

Marvão
milhafre da liberdade
sempre vizinha
dos excessos do vento.
Grito lançado para o lado do mar.

Castelo de Vide
escala,
proporção,
delicadeza.
Portugal a explicar o seu jeito.

Crato, Flor da Rosa
lugar da consumação do amor entre um povo e uma terra.
Robustez queridíssima da alma nossa.

Campo Maior, Ouguela,
estandartes da arte de vencer gigantes.

Elvas
daqui não passa
quem não se inclina
ao forte da Graça!

Vila Viçosa
condestável da honra.
Empreender no lance da reconquista imaculada
da liberdade,
inegociável.

Estremoz
tão apurada na arte de bem receber
que, solene,
à própria Rainha Santa
abriu a porta que dava
sob o paraíso.

Évora Monte
abraçada à paisagem com o nó manuelino de um amor fatal.
Gávea donde os olhos se balançam, de um ao outro lado do horizonte,
pasmados de contentes.
E quem assim cismou assim se encantou.

Arraiolos
título de Nuno,
que só se comprazia com o mais honrado.
Atalaia dos caminhos que cruzam a liberdade do reino

Évora
Eva reencontra-se com a sua beleza de sempre noiva:
convento do Paraíso, do Espinheiro.
Scala Coeli.
A Sé.
A pátria antiga vinha a ti fazer cortesias.
Tua a arte daqueles que
assim como beijavam assim construiam.

Montemor-o-Novo
aqui soube o Rei, e a sua corte,
da nova do regresso da aventura do Gama.
Daqui partiu descalço, e só,
João,
levando cozida no coração a Boa-Nova,
que um dia havia de desdobrar,
vestindo tantos
com a ventura púrpura da misericórdia.

Alcácer do Sal
garbosa colina, graciosa muralha,
alta honra de igrejas, capelas, conventos
como se fora uma iluminura da nova Jerusalém.

Monsaraz
caravela serrana, tesouro de ourivesaria manuelina.
Barroca?
Engenho artístico de um povo pobre.

Moura
porta do Carmo.
O calor insuportável suplica a brisa
que tarda,
e que tarde,
já sem ânsias,
virá.

Stº Aleixo da Restauração
colina elevada tanto acima da covardia
quantos os heróis, sem nome,
alistados para te defender,
para morrer.

Serpa
no fim de Portugal
galhardia,
reconquista,
aristocracia,
sofrido canto genuíno da planície,
da distância.

Noudar
aqui se desfraldou a bandeira
livre,
destemida,
e só.

Mértola
último segredo do Alentejo a escorrer para sul,
como as aves,
como o rio,
como as barcas,
com as gentes perfumadas
na gravidade e beleza
ali aportada.

Alentejo,
roteiro franco,
resumo largo do saber viver nobre.

Alentejo,
gratidão face a Ti,
além tudo.

3 comentários:

João Távora disse...

Parabéns à Sofia!!!

PL disse...

Porque o Alentejo é a imensa gratidão da planície dourada face Àquele que a mantém, aqui fica também a nossa gratidão àqueles que ali nasceram, àqueles que ali trabalharam, continuam a trabalhar e que com o seu trabalho e dedicação permitem que possamos continuar a dar graças por toda a Beleza… e ainda àqueles que, com sabedoria, sabem descortinar (e escrever) a força silenciosa que habita tão plácidas paisagens.

Edu disse...

Parabéns Sofia! Que o Senhor esteja sempre contigo.