BONS EXEMPLOS, BONS LIVROS
Estou a acabar de ler a biografia do Padre Pedro Arrupe, SJ, escrita pelo Padre Pedro Miguel Lamet, SJ. Um calhamaço de 2003, das edições Tenacitas (também SJ), muito bem escrito. Mas o que ressalta é a dinâmica da Igreja Católica, a sua presença permanente na história do Homem, onde quer que ele esteja, quem quer que ele seja.
A biografia é a de um Padre Jesuíta, com formação em medicina, que às tantas, entusiasmado com o exemplo de São Francisco Xavier, deixou crescer em si o desejo de ser missionário no Japão de entre as duas últimas guerras mundiais. Acabou por lhe ser dada essa oportunidade e vivia a poucos kilómetros de Hiroshima quando deflagrou a bomba atómica. A experiência foi indelével, como facilmente aceitamos.
É, depois, a biografia de um quadro de uma grande ordem religiosa, que culmina na biografia de um Padre Geral da Companhia de Jesus. A partir deste ponto, o biógrafo é obrigado a contar a interacção complexa do Padre Pedro Arrupe com o Papa e com a Cúria Romana, visto que ela passa a representar uma parte importante da vida do biografado.
Percebe-se que o autor, Sacerdote, luta para não faltar à caridade dentro da Igreja, quando relata os contextos em que o seu admirado e amado Padre Geral se vê obrigado a abdicar das suas perspectivas para obedecer ao Papa. Tudo isto são bons exemplos, desde o respeito do autor pela sua própria condição sacerdotal, a que atribui um papel para lá do mero autor literário, até à obediência do Padre Geral, num contexto em que muitas eram as forças centrífugas (é o que se depreende do livro).
Mas há mais – há um caminho da Igreja que orientou a enorme dinâmica da Companhia de Jesus, transformando-a numa nova dinâmica. Uma Orientação inexaurível, que se manifestou em parte no exercício da Autoridade (aqui no sentido etimológico do termo) do Papa. O autor relata o exercício gradual desta autoridade, até ao ponto em que se pode dizer que o Papa deu, em pessoa, uma ordem directa ao Padre Geral da Companhia de Jesus, um sénior, que a acatou, não sem que tenha chorado ao recebê-la e ao acatá-la.
Tudo isto é a vida da Igreja, num patamar muito para cima do meu, mas em que reconheço o Bem, na defesa de princípios em que verdadeiramente se acredita, na liberdade individual bem intencionada e na dinâmica de grupos que cria, mas balizadas pela inserção na Igreja e submetidas, como disciplina que valoriza a liberdade, à sua Autoridade. Temos de fazer com que os bons exemplos, mesmo se longínquos, não fiquem Fora de Estrutura.
A biografia é a de um Padre Jesuíta, com formação em medicina, que às tantas, entusiasmado com o exemplo de São Francisco Xavier, deixou crescer em si o desejo de ser missionário no Japão de entre as duas últimas guerras mundiais. Acabou por lhe ser dada essa oportunidade e vivia a poucos kilómetros de Hiroshima quando deflagrou a bomba atómica. A experiência foi indelével, como facilmente aceitamos.
É, depois, a biografia de um quadro de uma grande ordem religiosa, que culmina na biografia de um Padre Geral da Companhia de Jesus. A partir deste ponto, o biógrafo é obrigado a contar a interacção complexa do Padre Pedro Arrupe com o Papa e com a Cúria Romana, visto que ela passa a representar uma parte importante da vida do biografado.
Percebe-se que o autor, Sacerdote, luta para não faltar à caridade dentro da Igreja, quando relata os contextos em que o seu admirado e amado Padre Geral se vê obrigado a abdicar das suas perspectivas para obedecer ao Papa. Tudo isto são bons exemplos, desde o respeito do autor pela sua própria condição sacerdotal, a que atribui um papel para lá do mero autor literário, até à obediência do Padre Geral, num contexto em que muitas eram as forças centrífugas (é o que se depreende do livro).
Mas há mais – há um caminho da Igreja que orientou a enorme dinâmica da Companhia de Jesus, transformando-a numa nova dinâmica. Uma Orientação inexaurível, que se manifestou em parte no exercício da Autoridade (aqui no sentido etimológico do termo) do Papa. O autor relata o exercício gradual desta autoridade, até ao ponto em que se pode dizer que o Papa deu, em pessoa, uma ordem directa ao Padre Geral da Companhia de Jesus, um sénior, que a acatou, não sem que tenha chorado ao recebê-la e ao acatá-la.
Tudo isto é a vida da Igreja, num patamar muito para cima do meu, mas em que reconheço o Bem, na defesa de princípios em que verdadeiramente se acredita, na liberdade individual bem intencionada e na dinâmica de grupos que cria, mas balizadas pela inserção na Igreja e submetidas, como disciplina que valoriza a liberdade, à sua Autoridade. Temos de fazer com que os bons exemplos, mesmo se longínquos, não fiquem Fora de Estrutura.
1 comentário:
Caro João Manuel Carvalho,
Pois eu acabei de ler o livro na semana passada.
A minha mulher esteve na apresentação do livro feita pelo autor, o Padre Pedro Miguel Lamet, SJ, no Colégio de S. João de Brito. Eu comecei a ler, e não consegui interromper.
É de facto um calhamaço mas lê-se com gosto, e nele se pode constatar como estava à frente do seu tempo. Concordo em absoluto com o texto que escreveu. Ao chegarmos aos 50 anos (tenho 54, sou casado e tenho dois rapazes), livros como este abrem-nos os olhos para aquela que é de facto a realidade nua e crua, donde estivemos (como eu) afastados pela intensidade e pressão das nossas vidas profissionais.
Um abraço.
Jose Luis Canelhas
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