Sim, mas...
Parciamente aquiescente. Condicionamente afirmativo.
A relativização do absoluto parece-me correlacionada com a diminuição da humildade face à ignorância desta sociedade de informação. Sabe-se um pouco de tudo e muito de nada. Consequência imediata é uma coisa chamada opinião. E a opinião parece rainha no meio desta incerteza quântica.
Todos temos alguma coisa a dizer quando confrontados com o absoluto:
- A dialética existencialista da obra denota uma clara noção do bem e do mal.
- Sim, mas isso é devido ao contexto emocional do autor.
Nesta caminhada, da opinião passamos para a frivolidade:
- Gosto muito deste quadro de Picasso.
- Sim, mas preferia em verde, porque dá melhor com os cortinados da sala.
Quando juntamos a opinião e a frivolidade obtém-se uma coisa chamada PC (Politicamente Correcto) que não é mais do que uma atitude apática e avessa ao confronto, uma falsa crítica que castra todas as hipóteses da discussão no caminho da síntese.
O preto e o branco já não existem. Mas para compensar temos um lindo mundo em escalas de cinzento.
Sim, mas...
1 comentário:
Caro Bissolvon, excelente companheiro de tertúlia, apesar de tardio este postal merece um comentário: eu bem desconfiava da ortografia criativa que elimina o duplo éle com o mesmo à vontade com que expõe a forma cúbica de perna torcida, metida para dentro! Dá vontade de corrigir, de endireitar aquela provocação, mas afinal está bem assim, os elos não fazem falta, aquilo está certo na mesma e o objectivo foi conseguido - prender o leitor ao argumento. Que é desfiado em prosa agradável, com muita ligeireza, até à conclusão.
Parabéns pelo postal, exista ou não alguma animosidade contra determinados sinais ortográficos.
Um abraço.
Enviar um comentário