quinta-feira, 5 de abril de 2007

A CARNE

Do torso da madeira vê-se a carne. Espetos assados roídos de sal.É depois do meio-dia e antes da noite que chegam as vísceras. São rodelas, bolhas de sangue, caroços vermelhos, tingidas de mal. A carne, ás três horas da tarde, uiva. As pontas e feridas do mal são as lanças, as flechas, as brasas das vísceras.O homem e a carne do animal são as vísceras. Linhas de sangue vivas, fétidas, onde brilho o escopro. O mal é o homem. Animal cadente, prostado na horizontal.Animal rasteiro a lamber o pus. O prego solta-se. Penetra na carne. No eixo da expiação.
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Sexta - feira Santa

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