quarta-feira, 4 de abril de 2007

O COMEÇO

E, depois, o pão rasgou por dentro. Penetrou, imolado, nas fendas da terra, feixes de lama, na boçalidade.Entrou em todo o lado, nos lugares esconços, onde habita o erro, a renúncia e a crápula. A alma, aquilo que eu sou, estava lá. Junto ao pão. Inacessível, casulo fechado, esgotado. Á espera do remendo, do golpe e do truque. Esperei por outra coisa.Que o pão não levede, não penetre. Que o gesto seja uma silhueta, um esgar. Que a noite roube o lugar pardo que não deixa ver. Mas o pão rasga. Por dentro um trovão. A dor, a palavra e o trigo pendem. Do pão consagrado.
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Quinta - feira Santa

1 comentário:

Anónimo disse...

LINDO!...
BENDITO SEJA DEUS POR ESTE ESPAÇO, ONDE ELE SE REVELA!

ABRAÇO