segunda-feira, 23 de abril de 2007

Ateísmo Militante






O que hoje trago ao vosso conhecimento não é uma boa notícia.
Diz-se emergente pela Europa um movimento ateísta que parece estar a robustecer-se, tanto intensa como extensamente.
Tomei conhecimento do facto pelo Jornal de Notícias de Quinta-Feira passada, dia 19 de Abril, no suplemento que esta publicação jornalística dá à estampa do “The Wall Street Journal”. Aí Andrew Higgins expõe a natureza do movimento, bem como a sua emergência e implantação no velho continente.
Ao que parece, segundo o autor, a justificação para o fenómeno assenta em dois pilares básicos.
O primeiro refere-se à pujança numérica dos seguidores de Maomé que, a seu modo, são responsáveis por um revigoramento do fenómeno religioso. Calcula-se que o seu número se estenda aos vinte milhões.

O segundo factor legitimador releva do anterior. Com efeito, a comunidade muçulmana é uma ameaça porque ao contrário das confissões religiosas clássicas – Catolicismo, Protestantismo e Ortodoxia – “…é cada vez mais numerosa, mais palavrosa e, em muitos casos, mais religiosa”.
Em reacção a esta investida do Islão, os ateístas do novo milénio já não se ficam apenas pela produção literária e, portanto, pela mera discussão teórica das ideias. De facto, a mudança a registar é o abandono da velha “Carta sobre a Tolerância” de John Locke, substituindo-a por um activismo transformador. Nas palavras do chamado “alto sacerdote do activismo militante”, Michel Onfray, este afirma que “já não podemos tolerar a neutralidade e a benevolência” (Tratado de Ateologia). E continua, dizendo “…estar para breve uma mudança, e que é tempo de surgir uma nova ordem”.
Este “novo” ateísmo é, de facto, belicoso e está apostado em disputar a identidade da Europa – do zelo milenar da fé passaríamos ao zelo da descrença em Deus.
As metástases da patologia atravessam o continente. O artigo refere não apenas a França, mas também a Inglaterra, a Alemanha e a Itália. Neste último caso, é reportada uma imagem de um ateu atravessando a Praça de S. Pedro no Vaticano empunhando um cartaz onde se lê: “NO GOD – Ateísmo é libertá”. Curiosa é a divulgação no referido cartaz de um site ateu - http://www.nogod.it/ – (Divulgo o site na esperança que um Hacker católico não deixe de realizar o seu dever).
Ainda a propósito de Itália é referido o caso de um ateu que recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos reclamando a culpa da Igreja Católica por fraude. É que a “bendita” criatura afirma que Jesus nunca existiu.
Num estudo realizado recentemente pela União Europeia, relativo aos valores mais representativos da Europa, a religião ocupava o último lugar, atrás dos direitos humanos, da democracia, da paz, da liberdade individual, etc.
O recuo da religião na Europa e, porventura, no mundo já não basta. É necessário passar ao seu extermínio. Não se anunciam tempos promissores para a fé. Mas, para nós cristãos católicos, não é tempo de injustificado desânimo. É tempo de contar armas. Exige-se afirmação da nossa esperança, oração intensa e frequência assídua dos sacramentos. As provações prometem ser muitas. Que S. Paulo, o apóstolo dos gentios, cuja conversão Caravaggio tão bem representou, interceda por nós.

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia. É a 1ª vez que comento neste blog.
A propósito do texto do PL, parece-me exagerado o medo de uma futura "guerra" entre ateus e religiosos. Ainda por cima justificada como uma resposta ao crescimento do islamismo. Que ridículo! Aconselho-o a não perder tanto tempo com a leitura da imprensa e utilizá-lo de uma forma mais generosa e eficaz na resolução dos problemas reais do nosso dia a dia (p.ex. um trabalho com população carenciada, esses sim, sem tempo para grandes intelectualices e elistismos).
Saudações fraternas em Cristo,único que nos pode julgar e que sabe o quanto amor e caridade realmente pomos em prática.

MRC disse...

Concordo em absoluto com o ter do seu post. Aliás, é muito difícil para mim não concordar com praticamente tudo o que consta deste blog.
Gostei particularmente do último parágrafo porque nestes tempos mais difíceis não podemos deixar que a força nos saía toda só pela boca, mas que temos que usar este novo contexto para uma maiora auto-exigência e para uma tomada de decisão mais "resolvida" no combate aos nossos maiores defeitos. Esse é o 1º passo para combater esta situação, o do auto-combate. Sobretudo, numa sociedade cada vez mais pragmática, não basta só dar a boa doutrina, há que praticá-la. Embora, às vezes, seja mais fácil pregar do que dar exemplo...
Parabéns pelo vosso blog!!!

PL disse...

Caros amigos, boa noite. Agradeço as observações ao meu texto. Lembro sempre a propósito do estar na vida a condição preciosa da sentinela. Os legisladores mudam rapidamente a vida das pessoas com normas apostas sobre códices jurídicos. Mas os homens das ideias fazem-no no longo curso, um pouco como o amadurecimento do vinho na pipa. E com esses é preciso um combate mais demorado. Quanto ao activismo, recordo que é a Graça e o Espírito que inspiram à acção caritativa. Se esse for o caso lá estarei, mas no segredo.O cristão está onde o Espírito manda que esteja.
Fraternalmente.