terça-feira, 17 de abril de 2007

Nandinha

Espero que esta te vá encontrar com saúde.
Tenho sofrido tanto, tanto, que nem sequer consigo enamorar-me doutro assunto que não de mim, da minha carreira e futuro, nacional e internacional. As minhas sentidas desculpas (acredita, estou a ser sincero) por não ir ao teu encontro, Nandinha!
Certamente terás visto a campanha odiosa que me movem. E tu, meu mais que tudo (afora a minha carreira, prestigio, ambições, manipulações, falcatruas, disparates, dislates, etc), estás comigo. Sim, porque vejo no silêncio das tuas crónicas a respeito dos meus estudos (que os fiz!!! Seis anos e meio e média de 14!!!Upa, upa!) não uma omissão, não uma falta de ética ou idoneidade, não duplicidade de critério. Porque tu, Nandinha, a intrépida que não se cansa a denunciar a hipocrisia da sociedade portuguesa face à mentira do aborto, tu que denunciaste a dona Lúcia como embusteira, tu tens consciência, e és dona do teu corpo, e ninguém pode obrigar uma mulher como tu contra a sua consciência, e eu sei reconhecer no teu silêncio a consciência de estares diante de um segredo de estado. Eu sei, aliás, que no teu estado estás por tudo: desde que eu, o teu pri-pri (pri-meiro-ministro de-pri-mente) esteja contigo…
Mas escrevo-te, Amor da minha vida (acredita, estou a ser sincero- afora a minha carreira, o prestigio, as ambições, as manipulações, as falcatruas, os disparates e os dislates, etc), para jurar que, a ti, eu nunca te menti. Nunca, nunca. Bem, menti-te um bocadinho quando disse que era engenheiro mas também não era isso que era importante na nossa relação: havia o amor, a poesia, a fantasia, a ficção, a aberração de não ser importante a verdade do nosso amor! De resto, eu, como ninguém, fiz exame oral numa destas 4ªfeiras à noite: milhões de portugueses a verem e a aprovarem-me com distinção. Porque uma carreira como a minha, ou um amor progressista como o nosso, já não têm nada que ver com a verdade.
Prontus (também não fiz exame de português elementar, portanto não sei bem se é assim que se escreve prontus): uma última confidência! Essa de ser engenheiro sem estudos veio-me à ideia ao ver o Pátio das Cantigas. Se alguém tem a culpa é o Vasco Santana. Ele também enganou as tias mas depois levou-as a passear ao jardim zoológico. Eu também gosto muito de passear. Um destes dias vamos a Itália, que é a terra do nosso idolatrado Pinóquio!

O teu

J. Só/

1 comentário:

Anónimo disse...

ehheheheh
está linda esta carta.