quinta-feira, 19 de abril de 2007

A Rusga...

A rusga efectuada esta noite à sede do PNR e outros locais conotados com a chamada "extrema direita", fez-me remontar ao passado, àquele tempo em que volta não volta, lá entrava a polícia de rompante pelas sedes da (na altura) oposição. Lembram-se (os mais velhos)? Já se sabia como era: nas vésperas de algum acontecimento mais "provocatório", arrebanhavam-se os cabecilhas das ditas organizações, garantindo assim o insucesso do mesmo. E também na altura, eram sempre encontradas muitas armas e muitos panfletos subversivos. E também nessa altura faziam-se muitos presos e relatórios a informar a população de que aquela gente não passava de uma grande malandragem.

Então, após mais de 30 anos de "liberdade" e "democracia", o que é que mudou? Pelos vistos, nada! Ou, mais rigorosamente, mudaram apenas as moscas.

Na minha humilde opinião, não considero que este acontecimento seja grave por si só. Agora, tal como nesse tempo distante, ter-se-á muito provavelmente apanhado algum malandro, algum possível terrorista ou, no mínimo, gente mais violenta que convém manter sossegada. Estou convicto portanto que agora, tal como no passado, contas feitas, terá sido tomada a melhor medida.

O que é grave então?

O grave é apercebermo-nos que existem dois pesos e duas medidas. É apercebermo-nos que existem os "Nós" e os "Eles". É apercebermo-nos que, quem é de esquerda, faça o que fizer, está sempre safo.

O que é grave é que membros activos das FP-25 tenham sido branqueados pelo regime.

O que é grave é conhecer-se a história terrorista da esquerda neste país e nesta europa e "ninguém" parecer preocupar-se com o facto de a termos no poder. O que é grave é ter-se branqueado essa mesma história.

O que é grave, é os regimes ocidentais fecharem os olhos às ferozes ditaduras que existem por esse mundo fora, todas de esquerda. É chamarem ditador ao Alberto João enquanto louvam o Sr. Fidel Castro.

O que é mais grave ainda, é que aqueles que pensam diferente tenham de viver amordaçados.


É por reacção contra a ditadura que o povo se radicaliza. Foi assim no passado com recurso à extrema esquerda. É assim agora com recurso à chamada "extrema direita".

A culpa, essa, será sempre do(s) ditador(es). Não se venham depois queixar!

9 comentários:

Anónimo disse...

muito bem!

Anónimo disse...

MAC,
parece-me que há no seu artigo alguma confusão!

A.Z. disse...

Confusão?!Onde?
Bravo MAC!

MAC disse...

Obrigado caros anónimo e AZ.

Caro Fernando, obrigado por aparecer. Quer desenvolver o seu raciocínio?

MRC disse...

Parabéns pelo post. Concordo em absoluto.

Anónimo disse...

Mac,


«A rusga efectuada esta noite à sede do PNR e outros locais conotados
com a chamada "extrema direita", fez-me remontar ao passado, àquele
tempo em que volta não volta, lá entrava a polícia de rompante pelas
sedes da (na altura) oposição. Lembram-se (os mais velhos)? Já se
sabia como era: nas vésperas de algum acontecimento mais
"provocatório", arrebanhavam-se os cabecilhas das ditas organizações,
garantindo assim o insucesso do mesmo. E também na altura, eram sempre
encontradas muitas armas e muitos panfletos subversivos. E também
nessa altura faziam-se muitos presos e relatórios a informar a
população de que aquela gente não passava de uma grande malandragem.»


tais rusgas foram efectuadas por existência de fortes indícios de apelos à violência, racismo e xenofobia, conjugados com ameaças veladas e explícitas (blogosfera, foruns Internet). a sua razão de ser ficou demonstrada com a apreensão de armamento ilegal e material de propaganda da mesma índole. se são ou não de extrema-direita é circunstancial.

quanto aos idos de '70 recordo-lhe que tanto foram invadidas e vandalizadas sedes do CDS como do MRPP (do sr. Barroso) e até do PC, por ex.; se por acção ou influência da polícia ou não, a verdade é que o ambiente era reciprocamente doentio.


«Então, após mais de 30 anos de "liberdade" e "democracia", o que é que
mudou? Pelos vistos, nada! Ou, mais rigorosamente, mudaram apenas as
moscas.»


mudou tudo. existe liberdade de expressão, bem enquadrada pela lei e pela constituição. vivemos num estado de Direito estabilizado, que não nos envergonha face a qualquer outro.

«O grave é apercebermo-nos que existem dois pesos e duas medidas. É
apercebermo-nos que existem os "Nós" e os "Eles". É apercebermo-nos
que, quem é de esquerda, faça o que fizer, está sempre safo.»


é objectivamente falso. a tensão angustiante esquerda-direita já só existe na sua cabeça.

«O que é grave é que membros activos das FP-25 tenham sido branqueados
pelo regime.

O que é grave é conhecer-se a história terrorista da esquerda neste
país e nesta europa e "ninguém" parecer preocupar-se com o facto de a
termos no poder. O que é grave é ter-se branqueado essa mesma história.»


muitas pessoas ligadas às FP-25 foram a julgamento. o mesmo já não se pode dizer de certos bombistas de extrema-direita e dos autores morais e materiais de casos como o do padre Max.
autorias morais são sempre difíceis de provar, convenhamos - o Otelo ainda hoje pode ser visto a dar passeios, pacífica e humildemente - sem acrimónia, no Azeitão. e olhe que eu próprio apertei a mão ao marechal Spínola em ocasião particular, no início dos anos 80. o que ele disse ou o que eu respondi, já não me lembro, nem tem grande importância, nunca me pareceu que ele dissesse coisa com coisa. autorias morais são sempre difíceis de provar, mas lá que inspirou muita gente, inspirou (não quero insinuar nada!).

se é certo que houve saneamentos políticos a seguir ao 25 do A, concretamente na comunicação social e mais dois ou três srs. professores, no essencial a sociedade portuguesa foi deixada como estava. os juízes mantiveram-se todos, a hierarquia militar é hoje maioritariamente de direita e conservadora, a Igreja não foi incomodada.
de resto toda a gente que quis voltou nos anos 80 - o mesmo se pode dizer quanto à vida económica do país. o sr. José Hermano Saraiva continua a dar aulas de história na RTP, com toda a tranquilidade. (q. e. d.)



de qualquer maneira, o sr. Eanes pôs o país no trilho certo com o 25 do N. ao que Álvaro Cunhal não respondeu, provavelmente por saber que não teria apoio dos militares nem do grosso da população - felizmente!.

a constituição está bem desde 86 pelo menos - se bem que não concorde com a existência de preâmbulos e introduções nos textos constitucionais.


«O que é grave, é os regimes ocidentais fecharem os olhos às ferozes
ditaduras que existem por esse mundo fora, todas de esquerda. É
chamarem ditador ao Alberto João enquanto louvam o Sr. Fidel Castro.

O que é mais grave ainda, é que aqueles que pensam diferente tenham de
viver amordaçados.»


é objectivamente falso. vide EUA, RU, por vezes Espanha, etc. - cf. pela direita ditaduras do Chile, do Brasil, regimes do Panamá, Nicarágua, México, etc.

quanto ao sr. Jardim, a expressão é metafórica. refere-se à sociedade clientelar que décadas de governo e poder de resto muito dificilmente não deixariam de suscitar. só quem nunca foi à Madeira ignora isto!

ninguém consegue impedir ninguém de falar: cf. por ex. caso "sr. engenheiro".


«É por reacção contra a ditadura que o povo se radicaliza. Foi assim no
passado com recurso à extrema esquerda. É assim agora com recurso à
chamada "extrema direita".

A culpa, essa, será sempre do(s) ditador(es). Não se venham depois
queixar!»


única parte moderadamente lúcida do artigo! mas, em concreto, mal aplicada (actualmente).


saudações,

(do seu) fernando.

MAC disse...

Caro Fernando, agora é que me deixou confuso:

Eu nem sequer condenei a referida rusga.
Quando refere os idos 70 deve querer referir-se aos 74 em diante senão a afirmação não faz sentido.
Quando refere as FP, mencionou o nome certo; já agora podia ter referido quem foi que o protegeu.
A tensão esquerda direita está permanentemente a ser alimentada pela esquerda, mas só quando alguém de direita menciona esse facto é que se lembram que essa tensão já só existe em mentes como a minha... estranho!...
As "ditaduras de direita" que refere já não existem. Porquê continuarem a atacá-las ainda hoje, em vez de se virarem para as actuais (todas de esquerda, repito)?
Clientelismo na Madeira... e no resto do país/mundo (e.g. Cuba), vai tudo bem?
A Igreja não foi (é) incomodada? Onde é que vive?!...

Mas vamos ao que realmente interessa. Democracia e ditadura não têm necessariamente de ter por definição apenas as que convêm ao actual regime. Repare que nas democracias da antiguidade, que a nossa europa tanto se orgulha de ter recebido como herança, era normal crucificarem-se pessoas, incluindo judeus... Da mesma forma, uma ditadura hoje não tem obrigatoriamente de se reger por padrões napoleónicos, nazis ou comunistas. Pode ser "mais suave" e não deixar de ser por isso uma ditadura. E é aí que estamos! Mas voltarei a este assunto em artigos futuros.

Já agora, não quererá identificar-se melhor? Era mais honesto e simpático.

Anónimo disse...

mac,

se é um manifesto que quer, terá, possivelmente em breve, um! se quiser um detalhado e urgente, sabe perfeitamente onde me encontrar! (estou à sua disposição).

sobre quem ataca quem, remeto apenas para os seus artigos neste blog.

de resto, mantenho o que disse.

fernando

Anónimo disse...

oops...

esqueci-me da sua penúltima palavra:
"honesto"...

se é de desonesto que me está a querer qualificar, vai por bom caminho vai!

mais uma vez, sabe onde me encontrar se quiser tirar dúvidas.

cumprimentos cordiais,

fernando